A despeito das inúmeras denúncias de irregularidades registradas nas eleições parlamentares na Venezuela, neste domingo (6), a oposição conquistou o maior número de cadeiras da Assembleia Nacional do país, o que equilibra as forças políticas de uma nação governada pelas forças chavistas há 16 anos.
Na tentativa de reverter a derrota, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, chegou a determinar a prorrogação do horário de votação até as 20h30, embora o processo eleitoral estivesse previsto para acabar as 18h. Também provocou protestos da oposição venezuelana a cobertura da TV estatal que, ao longo do dia, fez campanha em favor dos candidatos chavistas, contrariando a lei que proíbe propaganda após o término da campanha. O atual presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, chegou ao ponto de pedir votos ao vivo para o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), segundo matéria publicada hoje (7) pelo jornal Folha de São Paulo.
O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, comentou a vitória da oposição venezuelana nas redes sociais: “O resultado das eleições na Venezuela deve ser compreendido como uma vitória da própria democracia naquele país. Mesmo numa disputa marcada pela desigualdade de condições e pela truculência de um governo pouco afeito ao contraditório, prevaleceu o sentimento de mudança, encarnado pela maioria dos venezuelanos. Inicia-se agora uma nova etapa que deve continuar a ser acompanhada por toda a comunidade internacional, na busca do resgate da plena democracia, com amplo respeito às liberdades e aos direitos humanos. Parabéns e boa sorte aos irmãos venezuelanos!”, escreveu Aécio Neves em seu perfil no Facebook.
Presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Aloysio Nunes (PSDB-SP), lembra que o governo fez de tudo para sufocar a voz da oposição. “Toda a campanha eleitoral da Venezuela foi marcada pela gerencia absurda e ilegal do governo Maduro. Isso ocorreu desde o começo e não só no dia de ontem, mas apesar disso, prevaleceu a vontade do povo que não suporta mais o governo bolivariano”, ressaltou.
No meio das votações da tarde de ontem, a presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, Tibisay Lucena, anunciou a revogação das credenciais dadas a vários dos observadores internacionais convocados pela oposição para acompanhar as eleições legislativas no país. A justificativa foi que algumas declarações iriam contra o clima de tranquilidade necessário para o fim das votações. Entre os observadores que tiveram suas credencias cassadas estão o ex-presidente da Bolívia Jorge Quiroga, o ex-presidente colombiano Andrés Pastrana, ex-presidente do Uruguai Luís Alberto Lacalle, entre outros.
Aloysio afirmou que a vitória da oposição na Venezuela foi uma excelente notícia para todos os democratas da América Latina. Ele crê que há uma onda a favor da redemocratização e pela normatização da economia na região. O senador destaca, ainda, que o Brasil tem melhores condições de enfrentar a crise do que a Venezuela. “O Brasil tem uma estrutura constitucional mais sólida, nós conseguimos superar a ditadura, temos um sistema judiciário que funciona com independência e uma impressa livre. As condições democráticas do Brasil são muito mais propícias à solução política das crises que nosso vizinho”, conclui. Para o senador a solução política para nossa crise se dá dentro da Constituição que é o impeachment.
O resultado deste domingo pode ser interpretado como rejeição em massa a um governo que é responsabilizado pela degradação da economia e das condições de vida do país. A Venezuela sofre recessão, desabastecimento generalizado e índices de violência de um pais em plena guerra.