Brasília – O procurador da República Deltan Dallagnol, do Ministério Público Federal do Paraná, reafirmou, nesta quarta-feira (25), que a corrupção no Brasil é “sistêmica”. Em duas palestras na Fundação Getulio Vargas (FGV), no Rio de Janeiro, o coordenador da força-tarefa da Lava Jato aproveitou ainda para criticar o desmembramento das investigações da operação e o uso excessivo do foro privilegiado no país.
As palestras tinham como objetivo discutir a campanha do Ministério Público Federal (MPF) pela aprovação de projeto de lei (PL) popular para implementar dez medidas contra corrupção. Durante o evento, segundo matéria publicada no jornal O Estado de S.Paulo desta quinta-feira (26), o procurador afirmou que “a corrupção no Brasil não é Petrobrás, é sistêmica” e “não é ônus de um partido ou de um governo. A corrupção vem de longa data”.
Ao defender a implementação do pacote de dez medidas contra crimes de ‘colarinho branco’, Dallagnol criticou ainda a inoperância dos poderes Executivo e Legislativo para mudar leis e regras que tornem o combate à corrupção mais efetivo. Para exemplificar, o procurador citou as propostas de fechar a Controladoria Geral da União (CGU) e o projeto de repatriação de recursos do exterior – ambos defendidos pela base do governo Dilma e rejeitados pelos parlamentares do PSDB no Congresso Nacional.
Segundo ainda a reportagem, Dallagnol disse que a Lava Jato não mudará o Brasil, apesar da expectativa em torno de cada nova fase da operação, ressaltando que o desmembramento das investigações difunde as informações sobre o caso perante à opinião pública e diminui a pressão. Até o momento, já houve dois desmembramentos na Lava Jato, uma em São Paulo (referente a suspeitas no Ministério do Planejamento) e outra no Rio (que apura suspeitas de pagamento de propina nas obras da usina nuclear Angra 3).