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Plano de reestruturação da Petrobras é visto com desconfiança, afirma especialista

adriano-pires-foto-george-gianniBrasília (DF) – O anúncio do Conselho de Administração da Petrobras de um plano de reestruturação interna de governança da estatal foi visto com desconfiança por alguns especialistas, entre eles o economista e diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires. Os objetivos da empresa, além da redução de custos, seriam aumentar o controle sobre a gestão de cargos gerenciais, de forma a dificultar atos ilícitos, e tornar a Petrobras mais enxuta e flexível.

“Vemos muitos anúncios bonitos, mas o problema é a implementação. O mercado está horrível, e o governo não tem demonstrado muita coragem para agir”, disse. “A Petrobras do governo da presidente Dilma, que no começo do mandato destruiu a empresa, precisa ser reconstruída, e para isso é preciso tomar decisões amargas, que Dilma sempre se negou a tomar”, avaliou.

O diretor do CBIE citou três medidas fundamentais que a empresa precisa empregar para retomar o caminho do crescimento. A primeira delas é cortar investimentos, como forma de economizar e investir em ações futuras. “Eles já anunciaram cortes de 40%, depois de mais 20%, e agora cortaram mais 24%. Acho que vão ter que cortar ainda mais”, considerou.

“Outro remédio amargo é reduzir os custos. Ou seja, mandar gente embora. Agora, tem que ser uma mudança muito grande. A Petrobras é uma empresa que tem quase 90 mil concursados, e mais 300 mil funcionários. É uma empresa de 400 mil funcionários que teria que, no mínimo, reduzir esse número pela metade, ou quase isso”, afirmou.

Segundo reportagem publicada nesta quinta-feira (28/01) pelo jornal O Globo, a Petrobras pretende reduzir gastos salariais entre R$ 200 milhões e R$ 250 milhões por ano, o significa extinguir cerca de 30% dos cargos com funções gerenciais na empresa. Para Adriano Pires, a medida pode fazer com que o governo federal perca grande parte de seus apoiadores na estatal, já que “quem dá sustentação para ela são os sindicatos”.

Gestão temerária

Na avaliação do economista, o terceiro ponto fundamental para o sucesso da reestruturação da Petrobras seria a venda de ativos, o que a empresa não tem conseguido fazer com sucesso. Para se ter uma ideia, a estatal anunciou que pretendia vender cerca de US$ 15 bilhões em ativos entre 2015 e 2016. Em 2015, só vendeu US$ 700 milhões.

“O mercado está em crise, tanto para o vendedor quanto para o comprador. A empresa precisa vender, mas, com esse quadro de crise, o governo vai acabar entregando ativos valiosos por preços de fim de feira”, alertou Pires.

O diretor do CBIE também rechaçou a explicação dada pelo governo federal para tentar justificar a atual situação da Petrobras: a súbita queda nos preços do barril de petróleo. “A Petrobras está assim hoje não é porque o petróleo está barato. Isso é outra mentira contada pela gestão petista. Está mal por função da gestão incompetente e irresponsável de Dilma Rousseff em seu primeiro, e agora segundo, mandato”, destacou.

“O que explica a extraordinária dívida, que é um dos grandes problemas da empresa, não é o preço do barril barato. Essa dívida foi totalmente contraída antes, em função de uma gestão irresponsável e temerária que todos os dias está sendo noticiada pelos jornais, no escândalo de corrupção desvendado pela Lava Jato”, completou Adriano Pires.

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