Brasília (DF) – Informações ainda não oficiais indicam que o deputado federal André Vargas (PT-PR) — investigado por seu envolvimento com o doleiro Alberto Youssef em negócios suspeitos no Ministério da Saúde — , que ocupa a vice-presidência da Câmara, deverá se licenciar do cargo na Casa. O afastamento será discutido nesta segunda-feira (7) . Mas no fim de semana deputados federais aliados do governo conversaram com o presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), para encontrarem a solução adequada.
As informações estão na edição desta segunda-feira (7) no O Globo.
O que desencadeou a reação foram as notícias de que Vargas e Youssef, preso no último dia 17 na Operação Lava-Jato da Polícia Federal, trocaram mensagens comprometedoras negociando contratos suspeitos. Numa delas, o doleiro diz a Vagas que os negócios suspeitos iriam garantir a “independência financeira” dos dois. Em outra, o doleiro diz que precisa de ajuda para resolver problemas financeiros, e o deputado afirma: “Vou atuar”.
Houve, ainda, mais mensagens reveladas ontem pela revista “Veja” mostrando que Vargas chegou até a fazer uma cobrança de dinheiro ao doleiro. O petista reclama com Youssef que “consultores” não estavam recebendo o pagamento devido. E o doleiro responde: “Calma, vai ser pago. Falei para você que iria cuidar disso”. O vice-presidente da Câmara se mostra impaciente: “Consultores que trabalham com ele há meses não receberam”. Youssef acalma o parceiro: “Deixa que já vai receber”.
Em conversas reservadas, temendo o efeito das denúncias em ano eleitoral, petistas tentam isolar a ação de Vargas, para mostrar que, se houve alguma irregularidade nos negócios com o Ministério da Saúde, não foi cometida com o aval do partido. O assunto ainda está sendo debatido nos bastidores, mas há entre os deputados da bancada do PT um consenso: Vargas terá que se explicar diante do teor das mensagens com o doleiro. Além disso, dizem petistas, não haverá, no partido, complacência com qualquer erro, diferentemente do que aconteceu com os condenados do mensalão.
Na semana passada, depois da denúncia da divulgação de que ele usou o jatinho do doleiro para viajar de férias com a família para João Pessoa, Vargas primeiro se manifestou por nota e, na quarta- feira, foi à tribuna da Câmara pedir desculpas aos colegas. Ao falar, no entanto, acabou mudando a versão inicial que tinha dado ao jornal “Folha de S.Paulo”, sobre o pagamento dos custos, o que já gerou reação da oposição, que anunciou representação contra ele no Conselho de Ética da Casa.
No fim de semana, a pressão aumentou depois que as mensagens trocadas entre Vargas e o doleiro foram divulgadas pela revista “Veja” e pela TV Globo. No domingo (6), os líderes dos três partidos da oposição — PSDB, DEM e PPS — defenderam o afastamento de Vargas da vice-presidência da Câmara até que a Casa possa concluir as investigações sobre o envolvimento dele com o doleiro.