A energia eólica vem tendo papel fundamental na crise dos reservatórios hidrelétricos do Nordeste nos últimos meses, mas perdeu fôlego no início deste ano. Dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apontam que, na primeira metade de janeiro, a produção média dos parques eólicos conectados ao sistema nacional na região caiu 39,4% em relação ao mesmo período do ano passado.
Segundo matéria do jornal Valor Econômico desta segunda-feira (18), com a falta de água nos lagos das usinas e a capacidade de intercâmbio energético entre as regiões no limite, o ONS tem acionado as térmicas a óleo combustível e diesel, com custo superior a R$ 600 por megawatt-hora (MWh) para suprir o Nordeste. Especialistas estimam que o custo extra que deverá ser cobrado em janeiro em encargos para o consumidor será em torno de R$ 1 bilhão – o efeito médio aos consumidores deve ser de R$ 20 por MWh.
Conforme o ONS, no acumulado de 2015 até novembro, a produção eólica cresceu quase 200% em relação ao mesmo período anterior. No entanto, as eólicas ganharam muita importância a partir do segundo semestre de 2015, quando o governo Dilma decidiu desligar as termelétricas com custo de operação mais caro – mesmo em um período de escassez de chuvas no Nordeste, que foi agravado pela ocorrência do fenômeno “El Niño”.
Além disso, a matéria informa que era de conhecimento do Comitê de Monitoramento do Sistema Elétrico (CMSE) a restrição no intercâmbio energético entre as regiões, evidenciado pela diferença do preço à vista de energia no Nordeste (R$ 309,92/MWh) e no restante do país – R$ 30,25/MWh, o piso regulatório. Uma fonte do setor ouvida pelo jornal ressalta que “o quadro já estava desenhado desde novembro do ano passado, porque não fazia sentido as térmicas a óleo combustível e diesel estarem desligadas, quando o nível da hidrelétrica de Sobradinho (BA) estava próximo de zero”.