Brasília (DF) – Os casos de microcefalia no Brasil subiram de 3.530 para 3.893, um aumento de 10% em uma semana, segundo dados do Ministério da Saúde divulgados nesta quarta-feira (21). Os registros ocorreram em 764 municípios, em 20 Estados e no Distrito Federal. Para o vice-presidente de Pesquisa e Laboratórios de Referência da Fiocruz, Rodrigo Stabeli, os números ainda devem crescer. “Chegaremos a 16 mil casos neste ano”, estimou.
De acordo com Stebeli, a epidemia de zika vírus é um dos mais graves problemas de saúde pública já enfrentados pelo país. “A evolução epidemiológica de problemas relacionados à infecção é muito mais rápida do que em outras doenças, como HIV e tuberculose. Estamos assistindo à chegada de uma geração de bebês que necessitam de cuidados intensos para sua melhor qualidade de vida. Será necessária assistência para essas crianças, fora o impacto para a família”, explicou.
Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo desta quinta-feira (21) destacou que, desde o final de outubro, foram confirmados 224 casos da doença relacionados ao zika vírus e 282 foram descartados.
O número de registros de microcefalia, que era considerada rara no Brasil até meados do ano passado, explodiu em agosto, meses depois de uma epidemia de zika vírus no Nordeste. Exames feitos em bebês e fetos com a má-formação reforçaram a tese de pesquisadores de que o aumento de casos é causado pela transmissão vertical – da mãe para o bebê, na gestação.
Segundo a publicação, o caso mais recente ocorreu em Minas Gerais, com um bebê que nasceu com microcefalia. Análises feitas da medula espinal identificaram a presença do zika vírus. Boletim divulgado ontem (20) relatou ainda 49 mortes por má-formação congênita. Desse total, cinco estavam relacionados com o zika.
Preocupação
A Região Sudeste, onde o vírus começou a circular há pouco tempo e, por isso, torna as pessoas mais suscetíveis, é uma das grandes preocupações das autoridades sanitárias. Para o diretor de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch, é preciso continuar o trabalho de redução na infestação do mosquito.
“O Nordeste já enfrentou uma epidemia no verão passado. Não temos os números, mas há uma estimativa de que parte da população esteja imunizada. O mesmo não acontece no Sudeste”, disse.