Crise econômica, política, social e agora na saúde pública brasileira. O ministro da Saúde, Marcelo Castro, admitiu, nesta quarta-feira (9), falha no combate ao mosquito Aedes aegypti. O inseto é transmissor da dengue, chicungunha e do zika vírus – este último associado a casos de microcefalia e Guillain-Barré, principalmente, no Nordeste do país.
De acordo com matéria do jornal O Estado de S.Paulo desta quinta-feira (10), o ministro disse que o Brasil “contemporizou” o combate ao mosquito Aedes aegypti “ao longo dos anos”. Durante encontro com integrantes do Grupo de Líderes Empresariais (Lide), em São Paulo, Castro declarou que faltou, de diferentes entes federativos, a iniciativa de fazer campanhas também fora de períodos de surtos.
Para o deputado federal Vitor Lippi (PSDB-SP), que também é médico, o sistema público de saúde nunca esteve tão desacreditado, além de ter comprometido gravemente as finanças dos municípios que acabam tendo que socorrer a omissão do governo federal no financiamento do sistema hospitalar de alta complexidade. “Ao mesmo tempo que demonstra esta falta de compromisso com as ações de controle de zoonoses do Brasil, estamos com a mais grave crise de financiamento do setor de saúde em todos os extremos, é a maior crise do SUS desde a sua criação. Estamos tendo uma deterioração rápida do sistema, do número de vagas hospitalares, dos atendimentos de alta complexidade, as filas de cirurgia e de tratamento de câncer estão cada vez maiores, foi ampliada a desassistência”, criticou o parlamentar, ressaltando que é lamentável que o povo brasileiro esteja pagando a conta de um governo que mostra incompetência e despreparo na gestão de um serviço tão importante para o país.
Distribuição de repelentes
Após o fracasso admitido pelo governo Dilma nas políticas públicas de prevenção e com o aumento de casos de microcefalia associada ao zika – já são 1.761 registros de nascimentos de bebês com má-formação e 19 mortes em 422 cidades de 14 estados neste ano –, o ministro Marcelo Castro anunciou que serão distribuídos repelentes para gestantes para ajudar a prevenir picadas do mosquito. Segundo ele, a produção para oferta no Sistema Único de Saúde (SUS) será de responsabilidade do Laboratório Químico Farmacêutico do Exército.
Essa parceria com o Exército ainda não foi confirmada. Em nota, o Comando Militar do Leste, ao qual o laboratório é subordinado, disse que “não há previsão de fabricação ou distribuição de repelente do Exército Brasileiro para o Sistema Único de Saúde”.
São Paulo
Na contramão do governo federal que vem tomando apenas medidas paleativas com distribuição de repelentes, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), colocou como prioridade o combate ao mosquito Aedes aegypti. A estratégia de combater os criadouros em São Paulo será reforçada com a renovação por mais seis meses do contrato de 460 funcionários da Superintendência do Centro de Controle de Endemias (Sucen) para que junto à população possa enfrentar essa situação que coloca em risco todos os estados brasileiros.
O vínculo com o Estado tinha sido encerrado no início deste mês, mas a Secretaria Estadual da Saúde já recebeu parecer favorável da Controladoria-Geral do Estado (CGE), permitindo a renovação. “Serão os mesmos funcionários. Nós conseguimos parecer dando uma excepcionalidade em razão da questão da dengue”, afirmou Alckmin.