Brasília (DF) – Enquanto a crise econômica e social penaliza a cada dia mais os brasileiros, o rombo nos cofres públicos chega a níveis inimagináveis. De acordo com reportagem publicada nesta quarta-feira (21/10) pelo jornal O Estado de S. Paulo, o déficit das contas públicas em 2015 pode chegar até os R$ 70 bilhões.
Segundo integrantes da área econômica do governo, o rombo de R$ 70 bilhões pode se concretizar caso a gestão opte por quitar todas as dívidas causadas pelas chamadas “pedaladas fiscais”, que foram atrasos nos pagamentos de subsídios feitos pelo Tesouro, assumidos temporariamente por bancos públicos.
O artifício foi usado para melhorar o resultado das contas de 2014. Vale lembrar que o Tribunal de Contas da União rejeitou por unanimidade as contas do governo federal referentes ao ano passado, por conta das mesmas manobras contábeis.
Para o deputado federal Eduardo Barbosa (PSDB-MG), o governo toma as decisões erradas ao propor o aumento de impostos e decidir por cortes de recursos em programas sociais para tentar remediar os rombos no Orçamento. “Precisamos ter um Orçamento mais justo, principalmente para aquilo que é de incumbência exclusiva do Estado, que são as políticas sociais, na área da educação, da saúde, da assistência social”, disse.
O tucano avalia que a política de cortes do governo Dilma não foi pensada com cautela. “Não basta a recessão que a população está passando, o achatamento do salário, o nível inflacionário, e ainda a população mais necessitada poderá ter ameaçadas aquelas políticas de incumbência do Estado. Acho que isso não foi visto com cautela”, afirmou.
“Isso para mim é incoerência com o discurso, da presidente da República e do PT, que sempre disse que está ao lado da população mais pobre. Mas quem depende de política pública é justamente o mais pobre. Não é a classe média-alta, o rico que tem o seu plano de saúde, o seu cheque especial, que tem um amigo que pode emprestar recursos para ele. O pobre precisa lá da prefeitura, do município, que os serviços estejam acontecendo, que o medicamento chegue”, acrescentou o deputado.
Reforma ministerial
Eduardo Barbosa destacou que uma alternativa para os cortes em importantes programas sociais seria a realização de uma reforma ministerial mais ampla, e o prometido corte de três mil cargos comissionados, do qual o governo voltou atrás.
“A própria reforma ministerial no meu entendimento foi tímida, não teve aquela amplitude que se apregoava antes. São os cargos comissionados que realmente pesam, e que você tem um reflexo imediato de racionalidade nos gastos públicos, mas isso não aconteceu até para o governo poder continuar com poder de barganha, de sustentação dentro do Congresso Nacional”, considerou.
O tucano também defendeu o corte de gastos dentro da própria estrutura da Presidência da República, e lembrou que atualmente as despesas de Dilma Rousseff são maiores que as da rainha Elizabeth II, do Reino Unido. “Isso é outro deboche na cara do brasileiro. Ela está chamando todos a participar, dizendo que o Estado precisa de todos nesse momento para fazer o ajuste necessário para o crescimento a partir de 2016. Eu começo na minha casa, então ela tem que dar o exemplo. Chega de dois pesos e duas medidas. As pessoas querem ver atitudes concretas”, completou.