“O fundo do poço ainda não chegou”, declarou o ex-economista chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Roberto Luiz Troster, ao lembrar que a perspectiva de recuperação econômica só virá em 2017. Especialistas já falam em depressão econômica o que não se via no Brasil desde 1930, conforme matéria publicada hoje (3) no jornal Correio Braziliense.
O drama da crise econômica revela um quadro sinistro, onde a inflação se mantém acima de 10%, as contas públicas estão em frangalhos, as empresas demitindo em massa, os investimentos caindo e famílias sendo obrigadas a reduzir gastos. Fora isso, vivemos uma crise política como nunca antes visto.
Troster explica que a literatura econômica internacional define como recessão dois ou três trimestres seguidos de queda do PIB. E um quadro de depressão, a retração se dá por dois ou mais anos e o Brasil já está há 18 meses (ou seis trimestres) no negativo. Segundo o economista, se nada for feito a depressão é o destino certo para economia brasileira.
Para a professora da Escola de Negócios da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e também economista Margarida Gutierrez, a depressão é caracterizada por uma queda profunda e intensa do nível de atividade econômica, com longa duração. Margarida lembrou que a Grécia passou por esse isso entre 2008 e 2013 e ainda não conseguiu se recuperar. Ela ressalta que um país em recessão consegue se recuperar em um ou dois anos, mas, quando o assunto é depressão somente reformas profundas conseguem dar vida à economia. “Infelizmente, estamos no caminho da depressão. Ainda não chegamos lá, mas avançamos rapidamente, sobretudo por causa da falta de um ajuste fiscal”, destaca.
As previsões apontam para queda de até 4% do PIB neste ano, de pelo menos 3% em 2016 e de 0,3% em 2017. O pior, destacaram os economistas, é que, mesmo com a retração generalizada de todos os setores da economia, a inflação não dará trégua, a ponto de o Banco Central ser obrigado a elevar a taxa básica de juros, e a dívida bruta caminhará para 80% do PIB até 2018. Nesse contexto, o país perderá o grau de investimentos de mais duas agências de classificação de risco — a Moody’s e a Fitch —, o que provocará fuga de recursos do país, elevando as cotações do dólar.
De acordo com o economista do Boa Vista SCPC Flávio Calife, 2015 foi “um ano perdido” e 2016 não será diferente. Para ele o cenário econômico adverso dificulta o rendimento das empresas que encontram dificuldades de gerar caixa porque ninguém está comprando.
Os números de pedidos de falência bateram um recorde histórico de de janeiro a novembro deste ano. Levantamento do Boa Vista SCPC registra alta de 17,8% em relação ao mesmo período de 2014. Já o Indicador Serasa Experian aponta crescimento de 7,9% nos 11 meses deste ano. Esse número é o mais alto desde 2005, quando começou a valer a Lei da Falência.