Sob protestos de deputados do PSDB, a CPI do BNDES rejeitou importantes requerimentos pautados na sessão desta quinta-feira (5). Os pedidos, que inclusive eram assinados pelos tucanos, pediam, entre outras coisas, as convocações do ex-ministro da Casa Civil Antonio Palocci e do empresário José Carlos Bumlai. A oposição pretendia ouvi-los para buscar elucidar transações financeiras atípicas identificadas pelo Coaf e que movimentaram milhões de reais.
Segundo relatório do órgão, Palocci, o ex-presidente Lula, e os ex-ministros Fernando Pimentel (atual governador de Minas) e Erenice Guerra estão entre as 103 pessoas suspeitas de realizarem transações bancárias com indícios de irregularidades. Além disso, o Coaf também detalhou as movimentações financeiras de 188 empresas ligadas a eles. De acordo com o conselho, as operações somam R$ 500 milhões, sendo R$ 300 milhões somente dos quatro petistas.
Além disso, O BNDES concedeu crédito de R$ 101,5 milhões a José Carlos Bumlai, amigo de Lula, contornado assim uma norma interna que o proíbe de conceder empréstimos a empresas cuja falência tenha sido requerida na Justiça.
Os deputados do PSDB acreditam que houve tráfico de influência e por isso refutaram a ação dos deputados governistas durante a deliberação dos requerimentos. “Hoje ficou evidenciado que há uma blindagem, uma tentativa de impedir a apuração. A tropa de choque do governo não permite a aprovação de nada. O sentimento é que se continuarmos assim, a CPI vai continuar patinando e não teremos resultado algum”, criticou o vice-presidente do colegiado, deputado Miguel Haddad (SP).
De acordo com o tucano, os governistas chegaram ao cúmulo de impedir até mesmo a aprovação de um requerimento de sua autoria que convidava um técnico do TCU para apresentar dados e informações. “Mas vamos continuar atuando, vamos tomar outras medidas e avaliaremos novos passos a serem seguidos”, avisou.
“Vergonhoso. O que vimos hoje foi o governo articulado para impedir as investigações, que inclusive são sobre fatos concretos. Uma delas é essa envolvendo o Palocci, que movimentou milhões e foi consultor de grupos empresariais. Mas o governo não quer esclarecer nada. Vieram aqui hoje com o objetivo de enterrar a CPI, pois temem o envolvimento do quarteto fantástico do PT (Palocci, Lula, Pimentel e Erenice) nessas irregularidades”, apontou o deputado Betinho Gomes (PE).
O deputado Caio Narcio (MG) garantiu que o PSDB busca apurar todos os fatos, mas se vê impedido pela ação de um grupo de parlamentares que atuam em favor de um governo corrupto e contra o Brasil. “O quarteto fantástico não foi convocado, assim como outras figuras importantes. O que assistimos é o início da morte da CPI e da esperança dos brasileiros em resolver o problema da corrupção no Brasil”, lamentou.
“Vivemos aqui hoje um momento triste da CPI. Os governistas querem dar o mesmo fim a essa CPI que deram à da Petrobras. Palocci está envolvido em todos os escândalos de corrupção desse país desde que o PT assumiu o governo. Se a CPI não o ouvir é melhor que encerre suas atividades”, criticou João Gualberto (BA), autor, junto com Antonio Carlos Mendes Thame (SP), de um dos pedidos de convocação do ex-ministro de Lula e Dilma.
Ataque direto
Assustada com os avanços da Oposição na CPI, a bancada governista na CPI partiu para o ataque. A tentativa do PT de envolver familiares do deputado Alexandre Baldy (GO) com a convocação de dirigentes de empresas foi amplamente criticada pelos integrantes da comissão de inquérito.
“Esse fato não vai me desmotivar e não vou abrir o cerco nas investigações. Muito pelo ao contrário, isso nos motiva a seguir em frente, pois se estamos incomodando o PT, é porque estamos no rumo certo. Defendo que todos sejam investigados, independente a quem esteja envolvido”, afirmou Baldy.
Do PSDB na Câmara