ITV – As primeiras 100 noites do segundo mandato de Dilma Rousseff
Em curto espaço de tempo foram integralmente abandonadas as promessas de uma campanha eleitoral
APRESENTAÇÃO
Os primeiros 100 dias do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff são, certamente, momento único na história recente do país. Constituem-se num período no qual, em curto espaço de tempo, foram integralmente abandonadas as promessas de uma campanha eleitoral; jogadas fora bandeiras históricas de um partido político e abertamente desrespeitados os compromissos firmados pela candidata com a população. Marcados por uma crise a cada dia, transformaram-se num prato cheio para estudiosos.
É consenso que o que aconteceu nestes 100 dias configura o maior estelionato eleitoral já registrado na democracia brasileira. Mas ocorreu algo maior: a credibilidade do grupo político que ocupa o poder há mais de 12 anos foi definitivamente perdida. Plantou-se a mentira e colheram-se as crises política e econômica e a desconfiança ampla, geral e quase irrestrita da população. É de estarrecer.
A promessa de controle de inflação se transformou nas maiores taxas mensais vistas nos últimos 20 anos, ou seja, desde que o PSDB, com o Plano Real, derrotara o dragão da carestia.
A promessa de que não haveria tarifaços se transformou em aumentos generalizados, como o dos combustíveis, por tanto tempo represados, e, principalmente, o da energia elétrica, que chegou a 36% no ano até agora.
Ajustes sempre negados se transformaram em altas generalizadas de impostos e corte de direitos trabalhistas, num vale-tudo para tentar fazer as contas públicas retornarem ao veio da normalidade do qual o primeiro governo Dilma as desvirtuou.
Aumentos de juros, antes sempre imputados a alguma perversão da oposição, se transformaram na rotina de cada nova reunião do Copom, abençoados pela presidente e por sua equipe econômica.
Para completar, o desemprego entrou em trajetória ascendente, ao mesmo tempo em que a renda das famílias passou a cair. É como se a presidente tivesse guardado um novo programa para implantar neste seu segundo mandato: o ‘Mais Maldades’.
Capítulo à parte merece a educação brasileira, que sofreu o mais brutal corte de verbas dentro do arrocho imposto ao Orçamento da União. Na pátria deseducadora, em poucos dias o lema adotado para o segundo mandato revelou-se mero slogan marqueteiro, vazio como todas as propagandas do PT.
Ao mesmo tempo, nesses 100 dias a economia brasileira simplesmente parou, os investimentos retraíram, a confiança de investidores e consumidores sumiu e os escândalos de corrupção, sobretudo na Petrobras e agora também na Eletrobrás, se multiplicaram.
O que não mudou foram as revelações quase diárias da participação ativa do PT na roubalheira: o partido da presidente continua a ser frequentemente citado pelos envolvidos na Operação Lava Jato como estuário dos recursos desviados das estatais, com destaque para as duas campanhas em que Dilma saiuse vitoriosa.
A sociedade já deu seu recado, ao rejeitar de forma veemente a maneira como a presidente conduz o país, seja com panelaços que repudiam as desculpas esfarrapadas proclamadas em cadeia de rádio e TV, seja indo para as ruas deixar clara a insatisfação que atinge 78% da população – de todas as classes sociais, em todas as regiões do país.
Em geral, um período de pouco mais de três meses não seria o suficiente para definir um governo cuja duração é de quatro anos. Mas no caso particular que estamos vivenciando, as cicatrizes desses 100 primeiros dias ficarão para sempre.
Este começo do segundo governo da petista é tão cheio de crises e de notícias ruins que nos faz lembrar tempos que acreditávamos que o país já havia deixado para trás. Tempos tão remotos que relatórios e documentos ainda eram escritos em máquinas de datilografar.
Infelizmente, estes tempos parecem estar voltando: os 100 primeiros dias de Dilma Rousseff, de tão tenebrosos, soaram como 100 longas noites.
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