O loteamento político da gestão dos fundos de pensão de estatais nos últimos 12 anos está por trás do rombo bilionário que ameaça os rendimentos de milhares de beneficiários pelas próximas décadas. É o que aponta matéria do jornal O Globo deste domingo (21). Entre os nomes que protagonizaram o déficit estão representantes do alto escalão do PT, como Luiz Gushiken (ex-ministro da gestão Lula, morto em 2013), Ricardo Berzoini (atual ministro da Secretaria de Governo) e o ex-tesoureiro do partido João Vaccari Neto.
Gestão de sindicalistas ligados ao PT direcionou investimentos da Petros (Petrobras), Postalis (Correios) e Funcef (Caixa) que causaram perdas de R$ 29,6 bilhões até agosto de 2015, e podem prejudicar 500 mil aposentados. A divulgação do próximo balanço está prevista para abril e deve fechar com perdas de R$ 44,4 bilhões – valor sete vezes maior que as perdas reconhecidas pela Petrobras com corrupção.
Pelas redes sociais, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, comentou a matéria do jornal O Globo que detalha o esquema do projeto de poder dos governos do PT: o aparelhamento dos fundos de pensão. “A reportagem mostra como o aparelhamento feito de forma irresponsável pelos governos do PT ameaça o futuro dos servidores das estatais. O que confirma e aumenta a nossa indignação com a voracidade desse projeto de poder que devorou conquistas e direitos dos trabalhadores. Apresentei projeto no Senado, que deverá ser votado nos próximos dias, que impedirá a politização dos fundos de pensão. Garantir e promover uma gestão profissional e transparente, não só dos fundos de pensão, é uma obrigação dos governos”, declarou.
Segundo o jornal, o pagamento dessa fatura será dividido ao meio entre associados da Petros, Funcef e Postalis e as estatais patrocinadoras – ou seja, pela sociedade, já que as empresas são controladas pelo Tesouro Nacional. No Ministério da Previdência e na CPI dos Fundos de Pensão na Câmara considera-se provável que os 500 mil sócios dos três fundos atravessem as próximas duas décadas com reduções nos rendimentos. No caso do Postalis, a queda pode chegar até 26%.
De acordo com O Globo, a maioria dos responsáveis pelos déficits das fundações públicas tem em comum a origem no ativismo sindical. Nos últimos 12 anos, os principais gestores dos fundos de Petrobras, Banco do Brasil, Caixa e Correios saíram das fileiras do Sindicato dos Bancários de São Paulo. “É uma característica dos governos Lula e Dilma, e as razões têm mais a ver com perspectivas de poder e negócios do que com ideologias. Os sindicalistas-gestores agem como força-tarefa alinhada ao governo. Compõem uma casta emergente na burocracia do PT. Agregam interesses pela capacidade de influir no acesso de grandes empresas ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), fonte principal de recursos subsidiados do BNDES. Onde não têm hegemonia, por efeito do loteamento administrativo, convivem em tensão permanente com indicados pelo PMDB e outros partidos, caso do Postalis”, descreve a reportagem.
Histórico
Segundo a série iniciada neste domingo pelo jornal o Globo sobre o aparelhamento dos Fundos de Pensão, foram os negócios nada ortodoxos entre fundos estatais e empresas privadas durante o governo Collor, em 1991, que levaram Luiz Gushiken, Ricardo Berzoini e Sérgio Rosa (estes últimos diretores do sindicato paulistano) a abrir o debate dentro do PT sobre o potencial político dos fundos de pensão. Até então, esses fundos eram considerados apenas como instrumentos governamentais de cooptação de sindicalistas.
Em 1992, a cúpula político-sindical do PT elegeu bancários para diretorias da Previ e da Funcef. O grupo avançou com a eleição de Berzoini à presidência do sindicato paulistano, com Sérgio Rosa e João Vaccari Neto na diretoria. Segundo o jornal, meses depois, o trio teve a ideia de entrar no ramo imobiliário com apoio financeiro dos fundos de previdência e criaram a cooperativa habitacional Bancoop – hoje alvo de inúmeros processos por suposto desvio de dinheiro para campanhas do PT e calote em mais de 2 mil clientes.
O Globo afirma ainda que na sede da CUT, Gushiken instalou um curso para formação de sindicalistas em Previdência Complementar. “No Brasil, o fundo de pensão como fonte de poder ou como potente agente de negociação nunca foi objeto de discussão nos sindicatos (…) Existe a possibilidade, não remota, de que este monumental volume de recursos, oriundos do sacrifício de milhões de trabalhadores, venha a se transformar num gigantesco pesadelo para estes mesmos trabalhadores”, dizia o texto na apostila do curso.
O grupo, conforme o jornal, testou o potencial de um fundo estatal na campanha presidencial de 2002. Adversários sindicais, como Magno de Mello e Valmir Camilo, relacionaram as aplicações da Previ com doações de empresas privadas para o ex-presidente Lula e 254 candidatos do PT em todo o país. Eleito, o petista deu à burocracia sindical 11 dos 33 ministérios e partilhou diretorias na Petrobras, Banco do Brasil, Caixa e Correios com PMDB e PTB, entre outros integrantes da “maior base parlamentar do Ocidente”, como definia o ministro da Casa Civil, José Dirceu.
Gushiken ficou com a Secretaria de Comunicação, Berzoini foi para o Ministério da Previdência; e Vaccari assumiu o sindicato em São Paulo. De acordo com O Globo, eles definiram com Lula o comando dos maiores fundos de pensão estatais a partir do núcleo do sindicalismo bancário. Com isso, Sérgio Rosa ganhou a presidência da Previ, Wagner Pinheiro ficou com a Petros e Guilherme Lacerda foi para a Funcef. Ao PMDB reservaram o menor, Postalis. Na Previdência, Berzoini fechou o circuito com a nomeação de um ex-conselheiro fiscal da Bancoop, Carlos Gabas, para a secretaria-executiva do ministério, que controla o órgão de fiscalização dos fundos de pensão, a Previc.
Confira a série de matérias:
http://oglobo.globo.com/brasil/aparelhamento-de-fundos-de-pensao-afeta-500-mil-aposentados-18717904
http://oglobo.globo.com/brasil/fundos-apostam-em-negocios-de-alto-risco-com-apoio-do-governo-18718014
*Do PSDB Nacional
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