PSDB – DF

Em entrevista ao CB.Poder, Abadia fala sobre democracia, representatividade e desafios das mulheres na política

A ex-governadora do Distrito Federal, ex-deputada Constituinte e ex-deputada distrital, Maria de Lourdes Abadia, foi a entrevistada desta segunda-feira (10/3), no programa CB.Poder, uma parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília. Na bancada, os jornalistas Ana Maria Campos e Carlos Alexandre Souza conduziram a conversa, abordando temas como a democracia no Brasil, representatividade, Fundo Constitucional do DF, educação e os desafios enfrentados pelas mulheres na política.

Durante a entrevista, Abadia enfatizou seu compromisso com a política como um instrumento essencial para o fortalecimento da democracia. “Eu vejo a política como o maior instrumento para o fortalecimento da democracia”, afirmou. Ela relembrou o respeito que existia no Congresso Nacional quando parlamentares de diferentes espectros ideológicos se uniam em prol do interesse nacional. “Quando se falava ‘é o Brasil, está em jogo a população brasileira, o cidadão’, havia uma integração. Uma comunhão. O que hoje não existe. Eu sinto muito por isso.”

A ex-governadora tucana também destacou a instabilidade política atual devido à falta de representatividade agregadora e mencionou a tentativa de reduzir os recursos do Fundo Constitucional do Distrito Federal por meio de um “jabuti” legislativo. “Como seria Brasília sem o Fundo Constitucional? Então, a gente corre riscos”, alertou.

Educação para formar uma sociedade mais respeitosa

Outro ponto central da entrevista foi a importância da educação na formação de cidadãos mais tolerantes e respeitosos. “O papel da educação é muito importante. Se hoje formos analisar, por exemplo, a questão ambiental, ela hoje é muito presente nas crianças e nos jovens. Por quê? Houve um momento em que se falou sobre ecologia e a necessidade de cuidar da natureza. Essas crianças que tiveram essa educação você sente que têm essa consciência ecológica”, explicou. Ela defendeu que a educação deve formar cidadãos comprometidos com valores como respeito, tolerância e igualdade de gênero. “Acho que tem que partir da educação a formação voltada para o respeito, tolerância, paciência, o respeito às mulheres.”

Machismo no mercado de trabalho e na política

Abadia também abordou o machismo persistente no mercado de trabalho e na política. “No Dia da Mulher, é tanta flor que aparece, é a ‘rainha do lar’. Mas a mulher continua ganhando menos do que os homens nos mesmos cargos, nas mesmas profissões. Trabalhando muito mais, com a responsabilidade ainda de ser mãe e ter que cuidar da casa”, criticou.

Ao lembrar sua experiência na Constituinte, destacou o tratamento machista que as parlamentares recebiam da imprensa e de colegas congressistas. “Na Constituinte, nós éramos 26. Na imprensa, o que procuravam? ‘Qual é o seu perfume?’ ‘Quem é a mais bonita?’ ‘Quem era a mais simpática?’ ‘Quem era a mais feia?’ ‘Quem era a que se vestia melhor?’. A pauta era completamente machista”, relembrou. “E nos próprios assuntos também. Por exemplo, na questão do aborto, os deputados diziam: ‘Essa questão do aborto vocês conversem aí com as mulheres’. Que história é essa? Há homens e mulheres na sociedade.”

Trajetória

Sobre sua trajetória, Abadia destacou seu compromisso com Brasília e com o país, aos quais muitas vezes emprestou seu olhar de assistente social. “Eu tenho amor por Brasília. Eu tenho amor e responsabilidade com o Brasil. Tenho meu nome na Constituição do país. Eu não vejo só Brasília. Vejo como a capital de todos os brasileiros. Me preocupo muito com programas sendo aprovados que descaracterizam Brasília como Patrimônio da Humanidade. Fico triste! As invasões em áreas de florestas, a poluição das nossas nascentes e rios. Eu sofro com isso.”

Além de sua carreira política, Abadia também se dedica a ações sociais. Voluntária na Casa do Candango, a ex-governadora luta pela retomada da tradicional Festa dos Estados, que financiava trabalhos beneficentes. “Hoje a Casa atende mais de 300 crianças carentes e a Casa São José, em Sobradinho, que é um espaço de acolhimento para idosos”, destacou.

A entrevista completa com Maria de Lourdes Abadia pode ser assistida na íntegra no canal do Correio Braziliense.

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