Mais de vinte dias após o fim das eleições, a presidente Dilma Rousseff ainda mantém em operação os cacoetes da candidata disposta a “fazer o diabo” para garantir a reeleição. Questionada pela imprensa sobre as prisões realizadas pela Polícia Federal na sétima fase da Operação Lava Jato, sugestivamente batizada de Juízo Final, a petista insistiu na tática de afastar de si qualquer responsabilidade sobre o mar de lama no qual foi transformada a Petrobras. Para tucanos, no entanto, Dilma está, sim, envolvida no lamaçal de corrupção e fraude que inundou a maior estatal do país.
“Ela comandou a Petrobras, por meio do Conselho da empresa, e foi ministra de Minas e Energia. É possível até que ela não soubesse de tudo, mas não pode dizer que não sabia de nada”, disse o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), ao jornal “O Globo” desta segunda-feira (17). Integrante do PSDB na CPMI da Petrobras, o deputado Izalci (DF) criticou a deturpada autopromoção que a presidente fez sobre os desdobramentos da Lava Jato. “É muita hipocrisia dela dizer que foi a primeira ação de corrupção investigada no país”, reprovou.
Em seu perfil no Facebook, o parlamentar lembrou que os ex-diretores da companhia presos pela Polícia Federal, Paulo Roberto Costa (Abastecimento) e Renato Duque (Serviços), renunciaram aos cargos que ocupavam com elogios “pelos relevantes serviços prestados no desempenho de suas funções”. “Não foram demitidos pela presidente Dilma, que adora dizer que não admite malfeitos”, enfatizou. “Saíram da empresa com louros e entraram no camburão da Polícia Federal com algemas. Difícil acreditar que nos governos Lula e Dilma ninguém viu ou sabia de nada.”
Cinismo e hipocrisia – Titular do PSDB na CPI Mista da Petrobras, o deputado Carlos Sampaio (SP), destacou o valor histórico das prisões realizadas na sexta-feira e o papel desempenhado pelas instituições para banir corruptos e corruptores. “É muito triste vermos um governo corrupto afundando nossa principal empresa pública, num escândalo sem precedentes, mas não nos resta outro caminho para passar este país a limpo”, acrescentou.
Izalci também recordou a operação orquestrada pelo Palácio do Planalto para impedir as investigações do Congresso sobre as falcatruas na estatal. “O governo fez de tudo para que não houvesse apuração. Em todos os momentos, os líderes do governo tacharam a CPI mista como uma ação eleitoreira.”
Encerrada a campanha eleitoral e sem contar com novo argumento capaz de paralisar as investigações no colegiado, a base governista resolveu esvaziar as reuniões e descumprir normas regimentais do Congresso. “Quando atingimos o quórum na semana passada, o líder do PT no Senado (Humberto Costa-PE) esteve na CPI mista e quase implorou para o presidente (senador Vital do Rêgo – PMDB/PE) suspender a reunião porque sabia que nós iríamos aprovar todos os requerimentos”, lembrou Izalci.
CPI Mista nesta terça – Para a próxima reunião da comissão, agendada para as 14h30 desta terça-feira (18), a ordem na oposição é pressionar pela aprovação de requerimentos de convocação de alguns envolvidos no esquema de desvio de dinheiro montado na estatal. Entre eles, o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e o ex-diretor de Serviços da estatal Renato Duque, preso na sexta-feira pela Polícia Federal. Estarão em pauta 408 requerimentos entre convocações, convites e pedidos de informação.
“Nós já sabíamos que os dois tiveram papel fundamental na organização criminosa que se instalou na Petrobras”, destacou Izalci, que reiterou a disposição do PSDB para apurar todos os malfeitos. “Não temos medo nenhum de fiscalizar o que quer que seja e ouvir quem quer que seja.”
(Reportagem: Luciana Bezerra/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo) Site do PSDB na Câmara