Brasília (DF) – O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou, em entrevista à Folha de S. Paulo desta quinta-feira (26), que a presidente Dilma Rousseff está presa “numa armadilha” e não tem muito por onde escapar. O tucano comentou, entre outros assuntos, a relação de Dilma com o ministro Joaquim Levy, a corrupção na Petrobras e as dificuldades econômicas e políticas vividas pelo país.
Para FHC, a petista tornou-se “refém” do ministro da Fazenda, Joaquim Levy. “Ela não tem o que fazer. (…) Não pode demitir. É refém dele. Poder até pode, mas o que acontece depois? Então, ela está presa, não tem por muito onde escapar”, ressaltou.
Questionado sobre o principal motivo para a insatisfação popular com o governo, o ex-presidente foi enfático: “É a somatória [de fatores]”.
“O que dá sustentação é a economia – que está só começando –, mas é indiscutível que a corrupção pesou. O movimento foi de repulsa. Em 2013 [as jornadas de junho], os alvos eram dispersos. Agora tudo se concentrou simbolicamente no anti-Dilma”, completou.
Ainda sobre a rejeição da população, segundo ele, “a rua está pedindo para passar a limpo”. “Não adianta responder como a Dilma tentou, dizendo que ‘nunca ninguém combateu tanto a corrupção como o nosso governo’ – e ainda botou o ‘nosso’, coitada. Ninguém acredita”, destacou.
Em relação à suposta falta de condução política, o tucano disse que “o problema é econômico, mas a solução é política”. “Os economistas, quanto mais tecnocratas, mais querem que a racionalidade impere. Não pode. A racionalidade econômica pura esmaga tudo. O problema é econômico, a solução é política. E não vejo uma coalizão”, reiterou.
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