Governo ignora aumento real e propõe salário mínimo de R$ 946 para 2017

O salário mínimo atual está longe do ideal para suprir as necessidades básicas das famílias brasileiras. E o reajuste proposto pelo governo federal para o ano que vem deve manter o padrão. O aumento no valor do salário, que pode passar de R$ 880 para R$ 946, não representa ganhos reais. Isso porque o reajuste teria como base apenas a inflação acumulada neste ano. Pela regra, a cada ano, o aumento do salário mínimo corresponde também à variação do Produto Interno Bruto do ano retrasado.A proposta, que compõe o texto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2017 prestes a ser encaminhado ao Congresso, incomoda parlamentares. O deputado federal Paulo Martins (PSDB-PR) ressalta que o valor não corresponde à realidade, e teme que a nova LDO acentue a crise econômica.

“É mais uma prova de que, em algum momento, a realidade cobra a conta, e ela sempre vem do trabalhador, até porque o governo não produz nada. Eles vão levar o país ao caos e ao desemprego absoluto com esse tipo de política.”

O tucano também estende a crítica às medidas provisórias publicadas em 2014 que dificultam o acesso do trabalhador a benefícios como o seguro-desemprego, auxílio-doença e abono salarial. Para o deputado, esse conjunto de medidas prejudica o trabalhador e prova que o governo vendeu ilusões aos brasileiros.

“O governo não fez o que deveria fazer. O grande benefício ao trabalhador seria flexibilizar as leis trabalhistas, mas eles não quiseram comprar essa pauta, não entenderam que seria necessário. Além disso, iludiram o trabalhador vendendo coisas como se fossem direitos que, na verdade, acabam prejudicando. Depois a conta sempre chega.”

De acordo com o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos, o salário mínimo ideal para sustentar uma família de quatro pessoas deveria ser de, pelo menos, R$ 3.736. O valor é 4,25 vezes o salário mínimo em vigor.