Figura simbólica do PT, o senador Walter Pinheiro deixou o partido após 33 anos de filiação. Entre as motivações que o levaram a tomar essa decisão, estão as discordâncias frequentes com a sigla e a falta de diálogo com o governo da presidente Dilma Rousseff.
Em entrevista concedida para o jornal Valor Econômico, publicada nesta segunda-feira (4), o ex-petista disse que cogita deixar a política ao final de seu mandato e que, se o processo de impeachment da presidente chegar ao Senado, certamente ela será afastada. Pinheiro faz uma série de críticas à sua antiga legenda, sem poupar ataques à condução do governo na economia, na relação com o Congresso, e admitindo que Dilma deve ser afastada por decisão do Congresso Nacional.
Pinheiro revelou que, no período em que Fernando Henrique Cardoso (FHC) esteve na Presidência da República, o PT tentou “encaixar” mais de 50 pedidos de impeachment contra o tucano. A alegação era de que ele havia cometido uma série de erros na economia, ao contrário do que o partido argumenta no atual cenário, com o discurso de que o processo que tramita na Câmara contra a petista é “golpe”.
O senador considera que a situação da economia brasileira é justamente o principal agravante para a presidente em relação ao processo de impedimento. Pinheiro disse que desde 2014 o programa que o governo executa é diferente daquele anunciado na eleição de outubro do mesmo ano. Ele afirmou que tentou, durante o ano de 2015, fazer uma correção de rumos, mas que o governo “não ouve ninguém”.
O ex-petista também afirmou que os senadores tentaram o tempo todo alertar o governo dos erros que estavam sendo cometidos, sem sucesso. “O governo ouviu, achou bonitinho e engavetou. Não serviu para nada”, lamentou.
Questionado sobre a reforma do ICMS e sobre a recriação do CPMF, Pinheiro falou que em um cenário de crise sem precedentes, queda na arrecadação, fundos de participação de estados e municípios [FPM e FPE] despencando, IPI em queda, aprovar a CPMF hoje é “tirar o oxigênio de quem conseguiu ficar de pé”.
O senador ressaltou que o cenário referente ao impeachment da presidente Dilma “piorou consideravelmente”. Ele afirma que o julgamento da Câmara é político e que a situação política e econômica levou a um processo externo de crítica ao governo.
Interrogado sobre como será o processo quando ele chegar ao Senado, Pinheiro disse que será “extremamente árido”. Ele explicou que o quorum necessário para a Casa aceitar o processo, o que já afasta a presidente, é o de maioria simples entre os 81 senadores. Para ele, a facilidade da abertura é muito grande. “Haverá uma pressão enorme sobre o Senado para resolver logo o processo e permitir o pleno funcionamento do novo governo, que já estará de forma interina”, disse.
*Do PSDB Nacional
———————
Assessoria de Comunicação
Diretório Regional – PSDB/DF
(61) 3340-4145