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Risco à estabilidade às vésperas dos 30 anos do Real

Em 1º de julho, o Plano Real, o mais longevo e bem-sucedido plano econômico de nossa História, completa 30 anos. Em seu curto período democrático, o Brasil nunca tinha experimentado tanto tempo de estabilidade econômica.

Não se trata de estabilidade pura e simples. O Real gerou a maior inclusão econômica da História do Brasil, ao acabar com a inflação que corroía a renda dos trabalhadores da noite para o dia. Sob esse aspecto, foi também o momento em que o país mais distribuiu riqueza, pois os ganhos inflacionários que eram absorvidos apenas pelos bancos e por outros agentes do mercado financeiro passaram a ficar diretamente com a população.

Em 1993, ao assumir o Ministério da Fazenda do governo Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso tomou para si a tarefa de acabar com a inflação e trazer estabilidade para o país. Reuniu um grupo de economistas brilhantes e, juntos, não tiveram medo de atacar as questões estruturais que levaram o Brasil ao abismo econômico. O presidente, o ministro e sua equipe, para que o Real se tornasse realidade, contaram com a inestimável colaboração do Congresso Nacional – apesar da oposição do PT, que fazia questão de que o plano não desse certo – e da população.

Mais Sobre Plano Real ‘O Brasil não aguentava mais o que estava acontecendo’, diz Ricupero 30 anos do Plano Real: da dentadura e do frango aos pequenos luxos, como creme de avelã e cervejas premium Ao eleger FH presidente da República ainda em 1994, os brasileiros puderam demonstrar sua confiança nos princípios econômicos embutidos no Plano Real. Os oito anos de governo FH deram ao país a certeza de que a estabilidade econômica e a responsabilidade fiscal seriam conquistas duradouras.

Neste trigésimo aniversário do Real, o Brasil depara com um sério problema que pode colocar em risco tudo o que foi conquistado nestas três décadas. As despesas do governo não param de crescer em ritmo mais acelerado que a receita. E ambos mais rápido que o PIB.

Desde o início da vigência do Real, as receitas e despesas do governo sempre cresceram acima do PIB. No entanto, até 2013, o crescimento do gasto era sempre inferior à alta da arrecadação. Isso ocorria para compensar as despesas financeiras com os juros da dívida pública.

O que se vê agora é um total descontrole que põe em risco a própria estabilidade econômica e a responsabilidade fiscal, que são legados do PSDB, mas são também, e acima de tudo, conquistas do povo brasileiro.

Quando a receita cresce mais que o PIB, significa que a carga tributária também cresce. É muito imposto nas costas dos brasileiros, especialmente do setor produtivo, aquele que movimenta a economia, que gera emprego e renda.

A motivação para a alta da carga tributária é justamente o crescente e descontrolado aumento da despesa do governo federal, incluindo a Previdência.

Novamente, o que o Brasil precisa é de um governo com coragem para mexer nas questões estruturais que, infelizmente, podem levar o país de volta ao abismo econômico.

O que estamos vendo, ao contrário, é uma ânsia sem tamanho pelo gasto. Não se faz, no governo federal, o que todo brasileiro sabe fazer: quando o dinheiro é curto, cortam-se despesas. Não há, no governo do PT, a menor vontade de realocar recursos, de cortar despesas e, muito menos, de mexer nas estruturas para o reequilíbrio das contas públicas. Sem vontade de cortar, o governo só pensa em aumentar a carga tributária cada vez mais.

Ainda temos a chance de reencontrar o caminho do equilíbrio e da prosperidade econômica. Para isso, é preciso retomar o espírito do Plano Real de fazer o que precisa ser feito, com competência, criatividade e desejo de um futuro melhor para cada brasileiro.

Marconi Perillo, presidente nacional do PSDB, foi governador de Goiás e senador.

 

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