
Mais um 20 de Novembro – Dia da Consciência Negra e novamente nos vemos diante de constatações inquestionáveis em meio a muitas perguntas sem respostas.A sociedade brasileira viveu nos últimos meses um período de intensa mobilização,onde a Eleição Presidencial recebeu a atenção da grande maioria dos brasileiros.
O centro do debate foi a luta travada a mais de uma década entre o PSDB e o PT para definir, a partir da manifestação da vontade popular qual deles seria o autor do maior numero de benesses dedicados aos brasileiros e mais que isso, quem estaria qualificado a ampliá-las. Não vou aqui entrar no mérito de qual das partes teria a verdade consigo, e mesmo tendo minha posição pessoal, quero aqui convidar o leitor a ver para além deste embate eleitoral que, em tempos de Petrobrás, nos enchem de incertezas. Ou seriam certezas? O Brasil saído das urnas ao fim do ano de 2014 se mostra diferente no aspecto político, onde os brasileiros que votaram no sentido de mudar a condução do governo atual – aí incluídos os que de uma forma ou de outra não se manifestaram pela continuidade – são cerca de dois terços da população.
Entretanto, me causou estranheza o fato da questão racial ter ficado ausente durante praticamente todo o tempo que durou o debate eleitoral. Muitos números foram apresentados, muitas realidades foram ilustradas, mas em nenhum momento vimos nossos candidatos a presidentes voltarem a atenção para uma realidade que continua a incomodar principalmente aqueles que a sentem na pele: a Discriminação Racial e a Exclusão do Negro na Sociedade Brasileira.Tema pouco afeito ao debate no âmbito dos partidos políticos, o racismo presente no Brasil é visto sob os mais diversos “ângulos”, inclusive por aqueles que insistem em negar sua existência, como se não fosse no mínimo estranho um País com maioria da população sendo afrodescendente estar sub-representado nos principais setores de comando da sociedade, a começar por sua representação política.
Entendendo que a luta contra a discriminação racial está acima das diferenças partidárias, vejo que mesmo aqueles partidos que timidamente debatem o tema, não explicitaram compromissos objetivos com a mudança desse quadro excludente em relação aos negros.
Entendendo a democracia enquanto valor universal, fica difícil imaginar a mesma sema garantia da inclusão dos excluídos. Democracia sem igualdade não existe.Igualdade sem equidade não se constrói. Lutar contra a discriminação é lutar para a implementação de políticas de ações afirmativas.
Que venha o 20 de Novembro. Que venha o Dia da Consciência Negra. Que venha mas ações que efetivamente possam mudar o cenário brasileiro.
Ruy Marcos Gonçalves
Militante do Movimento Negro