Brasília (DF) – As delações premiadas negociadas no âmbito da Operação Lava Jato trazem à luz a cada dia novas irregularidades. Desta vez, um acordo para a delação de 11 executivos da Andrade Gutierrez, segunda maior empreiteira do país, revelou que a empresa pagou despesas com fornecedores da campanha eleitoral de Dilma Rousseff em 2010. O pagamento, ilícito, foi realizado por meio de um contrato fictício de prestação de serviço.
De acordo com reportagem publicada nesta terça-feira (01/03) pelo jornal Folha de S. Paulo, essa é a primeira citação direta de irregularidade apurada pela Lava Jato que envolve uma campanha de Dilma Rousseff.
Segundo fontes que obtiveram acesso aos detalhes do acordo de delação no Ministério Público Federal, o fornecedor conhecido era a agência de comunicação Pepper, que trabalhou para a campanha da petista em 2010. Delatores declararam que o pagamento teria sido feito a pedido direto de um dos coordenadores da campanha.
Para que o pagamento parecesse regular em sua contabilidade, a Andrade Gutierrez teria inclusive produzido um contrato fictício com a Pepper. O valor superaria os R$ 5 milhões.
Em 2010, a empreiteira fez três doações oficiais ao comitê de campanha de Dilma, entre agosto e outubro, totalizando R$ 5,1 milhões. A campanha de Dilma, no entanto, declarou gastos de R$ 6,4 milhões especificamente com a agência Pepper. Para ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), esse tipo de triangulação representa caixa dois.
Além de informações sobre a campanha de 2010, a delação premiada dos executivos da Andrade Gutierrez inclui revelações sobre irregularidades cometidas nas obras da usina nuclear de Angra 3, da hidrelétrica de Belo Monte, na Petrobras e em três estádios da Copa do Mundo de 2014.