Tiago Oliveira
No governo Dilma Rousseff, falta tudo, menos emoção. A cada dia, revela-se uma nova faceta do esquema criminoso que tomou conta do país nos últimos anos. Resta cada vez mais evidente que a presidente da República está envolvida até o último fio de cabelo na tentativa de obstruir o trabalho da Justiça, de comprar o silêncio de testemunhas e de driblar as investigações que estão passando o Brasil a limpo.
Ontem vieram a público gravações em que o ministro da Educação lança-se a campo para tentar convencer o senador Delcídio do Amaral a não colaborar com as investigações desenvolvidas no âmbito da Operação Lava Jato. Aloizio Mercadante faz relembrar, em cores vívidas, suas tresloucadas investidas anteriores, quando, em 2006, comandou uma operação para forjar documentos para tentar incriminar líderes do PSDB, no lendário “escândalo dos aloprados”.
De novo, sobressai o uso do poder do Estado posto a serviço de uma causa partidária. Neste caso, impedir que as apurações do Ministério Público chegassem à presidente da República, bem como avançassem sobre o ex-presidente Lula e sobre o PT. As tentativas de interferência no andamento da Justiça por parte dos petistas são recorrentes.
Político mais próximo de Dilma, Mercadante tentou comprar o silêncio de Delcídio assim como anteriormente ela e José Eduardo Cardozo já haviam articulado a nomeação de um ministro para o STJ para tentar salvar empreiteiros da prisão.
Da mesma maneira, a presidente da República envolve-se agora na escalação de Lula para o ministério a fim de livrá-lo do risco de ir para o xadrez por decisão de Sergio Moro. O ex-presidente, por sua vez, também já se lançara diretamente em articulações para silenciar Nestor Cerveró e Marcos Valério.
A pergunta que fica é: em que tais iniciativas atendem o interesse do país? O que ganha a população com as atitudes do governo e do PT? A resposta para as duas questões é a mesma: nada.
São todas atitudes com único objetivo: brecar o avanço da Justiça e a ameaça de punição. A presidente, seu tutor e seu partido estão ensimesmados em buscar apenas de salvar suas peles. A dos brasileiros, eles já condenaram ao braseiro da crise, do desalento e da desilusão.
Para que não restem dúvidas, vale reproduzir declaração dada ontem por Delcídio, logo após virem a público as gravações que mostram Mercadante agindo para sabotar as investigações: “Fui escalado, como líder do governo, pela Dilma e pelo Lula para barrar a Lava Jato”, afirmou a’O Globo.
De tudo isso, resulta claríssimo que há carradas de razão para que a Procuradoria-Geral da República abra investigação sobre a participação da presidente da República nos esquemas criminosos. Há rios de argumentos para que Dilma Rousseff responda por mais estes crimes de responsabilidade, em afronta à probidade administrativa. Há mais um caminhão de motivos para os brasileiros quererem se ver livres dela, de Lula e do PT.
Brasília (DF) – O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, reagiu à divulgação de uma conversa telefônica entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula Silva e a presidente Dilma Rousseff, em que fica claro que a petista agiu para tentar evitar a prisão de Lula. Na gravação, autorizada pela Justiça, Dilma diz que encaminharia a Lula o “termo de posse” de ministro, que deveria ser usado apenas “em caso de necessidade”. Lula foi nomeado nesta quarta-feira (16) para o cargo de ministro-chefe da Casa Civil.
“É a falência definitiva de um governo que ultrapassou todos os limites éticos e morais para defender os seus aliados. A presidente Dilma não tem mais condições de governar o Brasil”, declarou o presidente nacional do PSDB.
Brasília (DF) – Suspenso o sigilo da investigação da Polícia Federal sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após a sua nomeação como ministro da Casa Civil, vem à tona uma conversa telefônica entre Lula e a presidente Dilma Rousseff em que ela diz que encaminharia a ele o “termo de posse” de ministro, que deveria ser usado apenas “em caso de necessidade”. A gravação, autorizada pela Justiça, mostra que Dilma agiu para tentar evitar a prisão de Lula.
Segundo reportagem publicada nesta quarta-feira (16/03) pelo jornal O Estado de S. Paulo, a conversa foi incluída pelo juiz federal Sergio Moro no inquérito da Operação Lava Jato em Curitiba, e deverá ser encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF), agora que o ex-presidente Lula goza de foro privilegiado.
Os investigadores da Lava Jato interpretaram o diálogo como uma tentativa de evitar uma eventual prisão de Lula, já que, se houvesse um mandado, Lula poderia mostrar o termo de posse como ministro e, em tese, se livrar da prisão.
O juiz Sergio Moro registrou ainda que em alguns dos diálogos obtidos pela Justiça, pode-se detectar a intenção de influenciar autoridades do Ministério Público e do Judiciário em favor do ex-presidente Lula.
“Observo que, em alguns diálogos, fala-se, aparentemente, em tentar influenciar ou obter auxílio de autoridades do Ministério Público ou da Magistratura em favor do ex-Presidente”, afirmou o juiz federal.
Leia abaixo a conversa entre Lula e Dilma. O áudio pode ser ouvido na íntegra AQUI.
DILMA: Alô.
LULA: Alô.
DILMA: LULA, deixa eu te falar uma coisa.
LULA: Fala querida. “Ahn”
DILMA: Seguinte, eu tô mandando o “BESSIAS” junto com o PAPEL pra gente ter ele, e só usa em caso
de necessidade, que é o TERMO DE POSSE, tá?!
LULA: “Uhum”. Tá bom, tá bom.
DILMA: Só isso, você espera aí que ele tá indo aí.
LULA: Tá bom, eu tô aqui, eu fico aguardando.
DILMA: Tá?!
LULA: Tá bom.
DILMA: Tchau
LULA: Tchau, querida.
O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), afirmou nesta quarta-feira (16) que a nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a Casa Civil do governo Dilma Rousseff representa o fim do mandato da petista na Presidência da República.
Para Aécio, a indicação também significa uma clara tentativa de interferência nas investigações da Operação Lava Jato, uma vez que o ex-presidente passa a ter foro privilegiado e deixa de ser julgado pelo juiz Sérgio Moro na primeira instância da Justiça Federal – que coordena as investigações sobre o esquema de corrupção na Petrobras.
“Sob todos os aspectos é absolutamente condenável a nomeação do ex-presidente Lula para a Casa Civil. Do ponto de vista da presidente, é a abdicação definitiva de seu mandato”, afirmou. “Do ponto de vista da economia, pode representar uma tentação irresistível ao populismo e irresponsabilidade fiscal que nos trouxeram a esse calvário que vivemos hoje. E do ponto de vista político, passará sempre certeza de ser uma tentativa de interferir de forma direta na Operação Lava Jato e nas investigações do Ministério Público de São Paulo”, completou Aécio.
Ao defender o impeachment de Dilma Rousseff, o presidente nacional do PSDB também afirmou que “não há mais governo” no Brasil após a indicação de Lula.
“De tudo isso resta uma constatação: no Brasil não há mais governo. E por maiores que sejam os malabarismos que se façam, enquanto a presidente da República estiver no cargo, não há possibilidade de um novo recomeço para o país. Continuaremos firmes no apoio ao impeachment e na expectativa de que o TSE cumpra seu papel.”
O deputado federal Max Filho foi eleito nesta quarta-feira (16) primeiro vice-presidente da comissão especial da Câmara encarregada de analisar o Projeto de Lei 4.567/2016, que autoriza a Petrobras a abrir mão da exploração de poços de petróleo que não seja de seu interesse. O deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA) ficou com a relatoria do projeto.
“Nosso interesse maior é promover um amplo debate sobre o tema, que para nós, brasileiros, é muito caro”, disse Max Filho. Para ele, a comissão deve deixar de lado as paixões e adotar “a solução que seja a melhor para o País”.
O projeto em discussão altera a Lei 12.351, de 2010, que obriga a Petrobras a participar da exploração de todos os campos do pré-sal com um mínimo de 30% dos investimentos. A exigência dificulta a exploração das reservas brasileiras de petróleo, pois impõe à Petrobras um volume de investimentos muito acima da capacidade da empresa. Com a queda da cotação do petróleo no mercado internacional somada aos problemas causados pela Operação Lava Jato, a situação ficou ainda mais complicada.
Pelo projeto 4.567, a Petrobras continuará com a preferência na exploração do pré-sal, mas não será mais obrigada a participar de todos os projetos. A empresa poderá concentrar investimentos nos poços de maior interesse, liberando os demais para exploração de outras empresas.
O vice-líder do PSDB no senado, Ricardo Ferraço, criticou duramente nesta quarta-feira (16) a nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para chefia da Casa Civil. Ferraço afirma que é necessário respaldar o juiz Sérgio Moro e que a nomeação de Lula é uma afronta às manifestações do último domingo, a maior da história do Brasil.
“A nomeação do ex-presidente Lula para a chefia da Casa Civil é uma estratégia descarada de blindá-lo com foro privilegiado, de intimidar a Operação Lava Jato e o juiz Sérgio Moro e de segurar o impeachment. Mas também é uma afronta às manifestações populares do último domingo. Com essa atitude, nunca antes vista na história do país, o governo da presidente acaba antes da metade do mandato e ela se transforma em mera peça decorativa. A meu ver, a hora é de fortalecer a Lava Jato e respaldar o juiz Moro. É o fim da picada!!! Estão reduzindo nosso país ao ridículo.”
Dilma Rousseff – incrível! – foi rápida no gatilho. Apressou-se em dar respostas aos maiores protestos da história brasileira, apenas um dia depois das gigantescas manifestações. Todas erradas, porém. À clara dificuldade de articulação política e verbal da presidente da República junta-se também sua deficiência cognitiva. Ela oferece aos brasileiros tudo o que eles não estão pedindo. Pior que isso, dá-lhes tudo o que eles mais rejeitam.
A petista acelerou ontem o ingresso de Luiz Inácio Lula da Silva no governo, o que deve ser confirmado hoje. Ao ex-presidente está reservado o Ministério da Papuda. Onde ele ficará sediado – se na Secretaria de Governo, na Casa Civil ou no Itamaraty – é algo de somenos importância. O que interessa, antes de tudo, é livrar o líder petista do risco de uma prisão imediata. Trata-se de uma pronta resposta. Em forma de escárnio.
Junto do ingresso de Lula na equipe, Dilma acena com a possibilidade de dar-lhe carta branca para mexer na economia. Para pior. Pelo que noticiam os jornais, o ex-presidente só aceita voltar para Brasília se tiver passe livre para comandar uma guinada na política econômica, redirecionando-a sem pejo para a vereda que desembocou na maior recessão da história brasileira. O pacote inclui autorização para torrar um terço das reservas do país em dólar. É uma viagem de trem-fantasma.
O retorno de Lula ao governo na condição de ministro da Papuda é carregado de simbolismos. O primeiro é o de que, agindo assim, Dilma simplesmente vira as costas para a imensa maioria dos brasileiros, que foram às ruas no domingo demonstrando seu repúdio a ela, ao ex-presidente e a seu partido, maiores responsáveis pelo oceano de lama em que o país está atolado.
Na verdade, Dilma declara guerra aos manifestantes – ou seja, ao grosso da população – e deixa claro que agora efetivamente governa para a minoria petista. Nada muito surpreendente para um governo que acredita, nas palavras de seu ministro-chefe da Casa Civil, que mais de 5 milhões de brasileiros lotaram as ruas do país de norte a sul no maior ato político da nossa história porque foram convocados por uma rede que vende quibes e esfirras.
Em segundo lugar, demonstra, cabalmente, o desdém que o PT nutre pelas instituições, pelo trabalho da Justiça, pelas ações de combate à corrupção – troça, de resto, presente em quase todas as respostas dadas por Lula no depoimento à Polícia Federal prestado no último dia 4. Tornar o ex-presidente ministro da Papuda para blindá-lo da prisão é a maior confissão de culpa que poderia haver. De quebra, Dilma poderá ter de responder por obstrução da justiça. Eles se merecem.
Em terceiro, a ascensão de Lula é a contraface imediata da queda de Dilma. Na prática, o PT antecipou-se ao impeachment e destituiu a presidente. Novamente, resposta errada ao clamor das ruas, por ser apenas uma tentativa de deixar tudo como está para ver como é que fica. Provavelmente, infrutífera, porque manter a atual situação, com a pitada extra de ter o famigerado Lula no comando, é tudo que o Brasil demonstrou que não aceita mais.
Por fim, ao promover Lula à condição de ministro da Papuda a ainda presidente rasga de vez qualquer compromisso com a retomada do crescimento da economia, com a agenda mínima de reformas que ela tímida e insatisfatoriamente esboçara. O novo gabinete é a maior garantia de que o Brasil vai acelerar sua viagem ao fundo do poço – que, com o PT, nunca chega.
Lula acha que virando ministro irá se precaver de ser preso. Acha, ainda, que, se sua estratégia falhar e ele vier a ser encarcerado com autorização do STF, se transformará em herói, no primeiro passo para voltar a ser presidente da República. Está redondamente enganado. Se a justiça for feita e o petista for comandar seu ministério na Papuda, ele simplesmente terá se tornado presidiário, e libertado o Brasil. Esta é a resposta que os brasileiros esperam e não as que Dilma, atordoada, lhes oferece.