PSDB – ES

Tiago Oliveira

Política capixaba

Luiz Paulo Vellozo Lucas

Enquanto na política nacional existem hoje claramente três principais projetos em disputa, com três candidaturas presidenciais consolidadas, o mesmo não se pode afirmar sobre o processo eleitoral aqui no estado. E isso tem a ver principalmente com as contradições internas do PT. Senão vejamos:
O governador Renato Casagrande, eleito com a bandeira da continuidade dos dois governos de Paulo Hartung, apoia-se numa base de sustentação ampla, com elementos de quase todo o espectro político, e, sendo assim, a neutralidade na disputa presidencial poderia parecer até um posicionamento natural. É claro que Eduardo Campos é o primeiro a vir a Vitória com direito a samba na Unidos da Piedade. O fato é que ninguém acredita mais em unanimidade. Nem o próprio Paulo Hartung!

O PT participa do governo Casagrande com o destaque e a responsabilidade política de principal aliado, liderado pelo vice-governador Givaldo Vieira. Os jornais noticiaram que no Rio de Janeiro e em Pernambuco os petistas discutem deixar o governo estadual imediatamente para cuidar dos seus candidatos a governador e do palanque da dona Dilma. Por que aqui ninguém fala disso?

O outro mistério é a posição do PT capixaba sobre uma eventual aliança com o PMDB do Senador Ricardo Ferraço e do ex-governador. Há poucas semanas a imprensa nacional especulou que o palanque da Dilma no estado seria capitaneado pelos dois maiores lideres do PMDB, ficando o PT com direito a vice. É obvio que esta opção não unifica o petismo capixaba. Essa aliança é execrada por uma ala importante do partido aqui no estado que já tornou pública, mais de uma vez, sua (péssima) opinião sobre aliança com Hartung e Ferraço.

Desculpem a imodéstia, mas quem ficou melhor colocado e mais coerente no processo foi o PSDB. Dando prioridade para a eleição proporcional os tucanos conseguiram montar uma chapa que pode eleger de 3 a 4 deputados estaduais e de 2 a 3 deputados federais até mesmo independente de coligação. Adversários em 2010, os tucanos mantiveram sempre boa relação com Casagrande sem contudo integrar equipe de governo ou compartilhar responsabilidade política por seus resultados. Em maio o PSDB filiou o então presidente do Bandes Guerino Balestrassi, que coordenava a Rede Sustentabilidade no estado, para ser pré candidato a governador e fazer o palanque de Aécio Neves no estado.

Comprometido com o projeto nacional do PSDB e profundamente identificado com a social democracia contemporânea, Guerino tem tudo para empolgar. Estando à frente de um PSDB renovado, com um discurso forte de qualidade na gestão, respaldado pelas duas administrações exitosas em Colatina, pela militância municipalista e atuação empresarial, Guerino consolidou sua pré – candidatura. Sem contar com a força da máquina, mas também sem o desgaste de quem está no poder, o discurso do tucano vai apelar para a necessidade da boa politica, para a responsabilidade de cada um, para a participação das pessoas, para a militância voluntária que constrói cidadania e se torna instrumento de transformação. O espirito rebelde e inconformista que levou muita gente a se encantar com a mensagem da Rede Sustentabilidade vai estar presente e ser percebido na caminhada de Guerino.

Não vai ser fácil para o PT defender e carregar a bandeira da continuidade e a reeleição de Dilma em terras capixabas. Casagrande, Ferraço e Hartung parecem muito pouco disponíveis para ajudar nessa tarefa inglória. Ainda menos do que em 2010 quando era bem mais simples.

O estado teve em Dilma Roussef a pior presidente da republica de sua história recente. Descontado o fracasso do seu governo no plano nacional, o Espirito Santo sofreu com o fim do Fundap, a mudança da lei do petróleo, o caos na infraestrutura logística e com o absoluto descaso político que pareceu para muitos ser uma vingança pela derrota nas urnas em 2010.

Acho que o resultado das eleições presidenciais em 2014 vai comprovar.

Bases para o crescimento

Aecio-Neves-Foto-George-Gianni-PSDB-61.jpgAécio Neves

Entre os muitos desafios a serem enfrentados para a retomada do nosso crescimento, um deles, o demográfico, tem sido pouco considerado como fator de grande impacto sobre a economia brasileira.

Passamos por um rápido processo de transição demográfica: o grupo etário de 15 a 59 anos, que cresceu a uma taxa de 1,6% ao ano na última década, passará a crescer 0,8% ao ano. Ou seja, teremos menor crescimento na oferta de mão de obra. Esse dado, aliado a uma taxa de desemprego que hoje está em 5,6% significa que não haverá uma massa grande de desempregados a ser incorporada ao processo produtivo, como ocorreu nos anos recentes.

A baixa taxa de poupança doméstica (16% do PIB), que tende a diminuir ainda mais com o envelhecimento de nossa população, representa um limite ao crescimento esperado da taxa de investimento. A única forma do país crescer mais rápido é promovendo a produtividade. Infelizmente, não há propostas eficazes para lidar com desafios como esses.

Na verdade, o governo acabou aprisionado na armadilha do curto prazo. Passou a intervir de forma excessiva na economia, conceder subsídios para empresas e setores escolhidos, se fechar para o resto do mundo e ainda modificou marcos regulatórios que precisavam apenas de ajustes.

A percepção de investidores estrangeiros é que o governo brasileiro não se preparou para as mudanças estruturais em curso aqui e no resto do mundo. Adicionalmente, aumentou a incerteza, ao combinar o excesso de intervenção na economia com uma atitude leniente no combate à inflação.

Ao final, estamos sem uma agenda para o crescimento.

No curto prazo, é preciso resgatar a matriz econômica que prevaleceu até recentemente: controle fiscal, taxa de câmbio flutuante e regime de metas de inflação com liberdade de atuação para o Banco Central. Essa agenda deve ser complementada por um esforço imediato de simplificação tributária, redução do número de impostos e estabilidade de regras para o investimento.

No longo prazo, como venho alertando, precisamos resgatar a agenda de reformas estruturais, que passa pela contenção do crescimento do gasto público, maior integração comercial, incentivos à inovação e à competitividade e redução gradual da carga tributária, além da educação como prioridade nacional. Vencer esses desafios depende de um novo sentido de liderança política, capaz de compartilhar com a população e com o Congresso as grandes tarefas que a economia globalizada impõe a países emergentes como o nosso.

Temos todos os ativos para crescer e mudar o atual patamar de desenvolvimento. Precisamos de projeto claro, planejamento rigoroso e mobilização em torno das grandes causas nacionais.

Artigo publicado no Jornal Folha de S.Paulo (14.10)

Declaração do presidente nacional do PSDB sobre a pesquisa Datafolha

“As pesquisas, neste momento, quando ainda não existem candidaturas definidas, devem ser sempre vistas com serenidade. Mas os numeros divulgados pelo Datafolha são extremamente positivos para o PSDB, porque confirmam que somos a principal alternativa no campo da oposição.

O governo é quem deve estar preocupado. Apesar da alta e permanente exposição da presidente nos veiculos de comunicação, e sendo uma candidata que tem o conhecimento de 100 por cento dos eleitores, foram as candidaturas alternativas ao governo que, proporcionalmente, mais cresceram”.

Senador Aécio Neves (MG)
Presidente nacional do PSDB

“Pesquisa mostra com clareza a competitividade no campo da oposição”

O presidente do PSDB-ES, deputado federal César Colnago, avaliou como positivo o resultado da pesquisa Datafolha, publicada ontem, sobre a intenção de votos para a Presidência da República, uma vez que mostrou o PSDB como principal alternativa de oposição.

Pela pesquisa, numa disputa contra Aécio Neves e Eduardo Campos, Dilma Rousseff teria 42% das intenções de votos. Aécio ficaria com 21% e Eduardo Campos, 15%.

“A pesquisa mostra com clareza a competitividade no campo da oposição e Aécio mostra-se muito competitivo. É experiente, preparado e tem estrutura para mostrar ao Brasil as melhores propostas e isso nos dá muita esperança. Além do histórico, o PSDB tem visão de futuro e com certeza teremos uma eleição bem competitiva no ano que vem”, afirmou.

Na análise do secretário-geral do PSDB-ES, Ruy Marcos Gonçalves, muito do desempenho governo Dilma se deve mais ao marketing do que de uma ação efetiva.

“O governo do PT se pauta muito mais no marketing. A realidade é que temos um cenário preocupante, principalmente na área econômica. E não tenho dúvida que o debate irá se intensificar mais e mais e teremos resultados bem diferentes nas pesquisas num futuro bem próximo”, opinou.

Seminário tucano na Serra e São Domingos do Norte

Com objetivo de encontrar com lideranças, militantes, novos filiados e pessoas que se identificam com o projeto do PSDB para discutir assuntos importantes para o Brasil e para o Estado, o PSDB dá continuidade aos encontros regionais.

Os seminários tiveram início em agosto e já foram realizados em diversos municípios do interior do Estado e agora também acontecerão pela Grande Vitória.

No próximo dia 18, será a vez do município da Serra sediar mais um encontro do seminário “PSDB Pensa o ES”. A reunião será às 18h30 horas, no Hotel Serra Grande, que fica no bairro Laranjeiras.

No sábado, dia 19, o encontro regional acontecerá em São Domingos do Norte, às 9 horas da manhã, na Câmara Municipal da cidade. A série de reuniões seguirá em diversos outros e as agendas ainda estão sendo definidas e serão divulgadas em breve.

Coordenados pelo presidente do PSDB-ES, deputado federal César Colnago, os encontros regionais do PSDB também contam com as presenças do vice-presidente do diretório estadual, Guerino Balestrassi, do ex-prefeito de Vitória, Luiz Paulo Vellozo Lucas, do secretário-geral do partido, Ruy Marcos Gonçalves, além de vereadores, presidentes dos diretórios municipais, prefeitos, vice-prefeitos, lideranças comunitárias, religiosas e muitas outras.

 

“Nosso papel é pensar numa nova política descentralizada”

 Passado o período de filiações, como o senhor analisa o novo quadro do partido com a chegada dos novos filiados?

Guerino Balestrassi: O partido tem um projeto claro, que passa pela formação de lideranças e, no ano que vem, a eleição de deputados estaduais e federais. O mês de setembro foi o momento de buscarmos aqueles que estavam fora do partido e tivemos êxito nessa busca. Hoje temos condições de disputarmos as com uma chapa completa de 15 pré-candidatos a deputado federal e cerca de 35 para estadual.

O PSDB-ES está realizando encontros regionais em diversos municípios do Estado e o senhor tem sido muito bem recebido. E muitas pessoas que não são do partido têm participado. Na sua opinião, qual é a importância desses seminários?

– O objetivo principal desses encontros é motivar as lideranças a participarem do processo político. Nesse contexto, fizemos a apresentação do projeto do PSDB com as pré-candidaturas nacional e estaduais e a filiação de muitas pessoas que se identificam com nossas propostas.

 

– Você tem falado muito em renovação da política e isso vai ao encontro do anseio de muitos brasileiros que clamam nas ruas por mudança. Qual o caminho para essa renovação?

– Percebe-se na sociedade uma desconstrução muito forte na política e um desânimo muito grande por parte dos militantes, nos mais diversos partidos, pelo esgotamento do modelo tradicional de fazer política com partidos engessados, mal estruturados e sem uma forma criativa e harmônica de se trabalhar pelas boas causas. Nosso papel é pensar numa nova política descentralizada e com uma ligação forte com a população. E isso começa a despertar a esperança, o sonho e o prazer de fazer política.

 

– Em outras ocasiões, algumas mensagens chegaram a despertar as esperanças da população, mas logo depois elas foram frustradas. Acredita que essa proposta de renovação é capaz de superar esse desânimo que o senhor se refere?

– As instituições públicas, privadas, partidos políticos e outras entidades gastam muita energia tentando ganhar estabilidade, mas não conseguem eliminar a insatisfação dos seus integrantes. O mais importante é justamente promover um ambiente de participação, debate, liberdade e democracia que mantenha as pessoas motivadas e, com isso, dando também um retorno eficaz á sociedade. Temos que lembrar que todos querem crescer, se desenvolver e ter luz própria e isso tem que ser definido como prioridade. Quando o objetivo central é a felicidade das pessoas, é possível sim renovar o sonho e a esperança.

 

Qual é a avaliação sobre a aliança formada por Marina Silva e o PSB?

– Essa composição com o PSB é muito parecida com o projeto do PT, a origem é a mesma. Não percebo esse projeto como uma vanguarda. Daí a importância de fortalecer um projeto que de fato propõe a alternância política, que é muito importante para o Brasil. Acredito que o PSDB está muito bem estruturado para fazer uma gestão enxuta e ágil para solucionar as grandes demandas do País.

 

Soco no fígado

Foi com alegria que encontrei Ricardo Noblat no último domingo, numa página de O Globo, analisando a boa nova da política. O Brasil precisa da inteligência dele neste instante fértil da nossa democracia. Mas vou fazer uma avaliação um pouco diferente da que ele fez.

A grande notícia que o fim de semana trouxe é que o PSDB não está mais sozinho na crítica e na luta para ajudar a construir a alternância.

O PSDB não é prejudicado quando dois ex-ministros, saídos da costela do atual grupo que ocupa o poder, contestam, se organizam e se lançam ao desafio, cada vez mais provável, de substituí-lo. Foi contra o baixo desempenho do atual governo que eles se posicionaram.

Jose-Anibal-Foto-George-Gianni-PSDB-Quem mais tem a perder com o arranjo Campos-Marina são aqueles cuja boca o cachimbo já entortou. São eles que se arrepiam com a ideia de transmitir o poder. Outro flanco consistente foi aberto. E ninguém, que eu saiba, se atreveu a menosprezar a força do novo grupo.

Parte do PT prefere acreditar que os navios não foram queimados, como se a determinação e o movimento de Marina pudessem ser desfeitos com um simples aceno de Lula a Eduardo. A metáfora do soco no fígado, atribuída ao ex-presidente, dá a dimensão exata do incômodo.

Os novos parceiros certamente vão se entender ao longo da caminhada. A aliança pode tornar-se incômoda, afinal, de agora em diante as pesquisas trarão sempre dois cenários: um com Eduardo, outro com Marina na cabeça de chapa. As pressões internas por um ou por outro devem ser administradas.

O PSDB, vale lembrar, também entra diferente em 2014. Mais arejado e jovem, mais coletivo, focado na qualidade da gestão e na oferta de serviços públicos decentes. Afinal, passou da hora de acabar com essa ideia de que “público” significa o que é ruim, abandonado e desperdiçado.

Quem realmente perdeu com a filiação de Marina Silva ao PSB foi Dilma Rousseff. O governo dela vai sendo desaprovado por segmentos cada vez mais numerosos e importantes da sociedade. Finalmente concordo com Lula em algo. Foi um soco no fígado.

Secretário estadual de Energia de SP. Artigo publicado no Blog do Noblat

Para Colnago, crescimento pífio é fruto da falta de competência do governo federal

Cesar-Colnago-Foto-George-Gianni-PSDBO Brasil deverá crescer apenas 2,5% em 2014, segundo expectativa do Fundo Monetário Internacional (FMI). Essa é a pior projeção entre os países emergentes, que devem se expandir, em média, 5%. Também ficará abaixo da média global: 2,9% neste ano e em 3,6% em 2014. Na avaliação do deputado César Colnago (ES), o crescimento pífio é fruto da falta de competência do governo federal para gerir a economia e realizar investimentos.

De acordo com César Colnago, o governo da presidente Dilma não fez o dever de casa, por isso o país não consegue deslanchar e apresenta crescimento sempre abaixo do esperado. “O que vimos foram intervenções desastrosas. Perdemos a capacidade de impulsionar a economia aumentando a competitividade. O baixo crescimento é fruto de quem não resolveu os problemas da infraestrutura, da logística, da burocracia. Esses fatores fizeram com que perdêssemos a capacidade de competir com os países em processo de desenvolvimento. Estamos ficando defasados em relação ao mundo”, ponderou.

Em junho, a previsão do FMI foi mais otimista. O fundo acreditava que a economia brasileira daria um salto de 3,2% em 2014. Para 2013, a entidade manteve a aposta de 2,5%.

Conforme destacou Colnago, o país enfrenta inúmeros gargalos. A infraestrutura deficiente é um deles. O governo federal tenta, há um ano, deslanchar o programa de concessões. Mas os investidores andam desconfiados devido ao forte intervencionismo na economia. Para o tucano, o relatório do FMI reforça a desconfiança dos empresários com o Brasil.

“É um diagnóstico claro de que os investidores estão abandonando o Brasil. O governo deveria atrair investimentos externos para melhorar nossa infraestrutura, que é fundamental para o crescimento. Anunciaram esse pacote de concessões há um ano e nada aconteceu a não ser embolar o jogo com muita insegurança jurídica e processos parando na justiça”, criticou.

Expansão abaixo da média

-> Entre os Brics, a Índia deverá ter um salto de 3,8% em 2013 e de 5,1% no ano que vem. Na China, a previsão baixou de 7,8% para 7,6% neste ano e de 7,7% para 7,3% em 2014. No caso da Rússia, o PIB avançará 1,5% em 2013 e 3% no ano que vem. O FMI estima ainda alta para a África do Sul de 2% neste ano e de 2,9% em 2014.

(Reportagem: Alessandra Galvão)

Economia brasileira em baixa

Pela segunda vez neste ano, o FMI (Fundo Monetário Internacional) prevê uma redução do crescimento econômico do Brasil que, segundo a estimativa, vai crescer menos da metade da média dos países emergentes, como China, Índia, Rússia, África do Sul e México.

O Fundo estima agora expansão de 2,5% para a economia brasileira em 2014, 0,7 ponto percentual menos que na previsão anterior, de julho. Na sua primeira projeção, em janeiro, a previsão de crescimento era de 4%.

No caso dos emergentes, a previsão é de alta de 5,1%, ante estimativa anterior de 5,5%.

Na avaliação do secretário-geral do PSDB-ES, Ruy Marcos Gonçalves, para que o País continuasse a usufruir das condições favoráveis do mercado internacional, era necessário que o governo do PT, ainda na gestão de Lula, tivesse adotado algumas medidas, o que não aconteceu.

“Ao contrário do que deveria acontecer, tendo em vista que quando o PT assumiu encontrou a casa arrumada, pudemos acompanhar que o andamento da política monetária que privilegiou o crescimento em detrimento do cumprimento da meta da inflação, mostrando por parte do governo Dilma uma tolerância com a inflação. Isso contribuiu para a perda de credibilidade da política econômica brasileira”, afirmou.

Se os prognósticos se confirmarem, o Brasil irá registrar em 2014, por três anos seguidos, o segundo pior desempenho entre todos os países sul-americanos.

“Diante desse quadro, as previsões são as piores. O Brasil, mesmo com toda a sua potencialidade, se vê refém de uma política econômica que o tem colocado entre os piores do mundo. No ano eleitoral, entendo que a sociedade precisa estar atenta ao debate, onde ficará claro que nada adianta o implemento de políticas assistencialistas se não houver capacidade de gerir adequadamente a economia”, concluiu o secretário-geral do PSDB-ES, Ruy marcos Gonçalves.

 

Entrevista coletiva do presidente nacional do PSDB, ​senador Aécio Neves (MG), em Nova York

Aecio-Neves-Foto-George-Gianni-PSDB-16-300x199-150x150.jpgSobre a palestra a investidores. 
Venho hoje a Nova York fazer uma conferência onde procuro retratar os desafios que o Brasil vive hoje e as etapas que precisamos superar para voltarmos a ser uma nação confiável, sobretudo para o investimento privado. Infelizmente, há 15 dias, assistimos a presidente da República ter que retornar a uma agenda de 10 anos atrás, quando falou também para investidores que o Brasil é um país que respeita contratos e que não intervém na economia, o que não encontra ressonância na realidade do Brasil de hoje. Infelizmente, nos transformamos em uma nação pouco confiável. Os pilares fundamentais da macroeconomia construídos no governo do PSDB, partido que presido, foram colocados em risco por uma má-condução da política econômica ao longo desses últimos anos, onde se privilegiou um crescimento apenas pelo consumo, a partir da oferta ampla de crédito, não percebendo que isso teria um limite. Ao mesmo tempo, o Estado agiu de forma extremamente intervencionista em setores como, por exemplo, de energia e de petróleo, o que afugenta os investidores.

É um momento delicado por qual passa o Brasil, farei esse diagnóstico, mas direi que o PSDB é um partido que tem compromisso com a garantia da estabilidade, tolerância zero com a inflação e, sobretudo, o fortalecimento daquilo que construímos lá atrás, com as agências reguladoras e os pilares macroeconômicos de metas de inflação, câmbio flutuante e superávit primário, que nos trouxeram até aqui. É um alerta que fica, mas uma palavra de confiança na nossa capacidade de encerramos esse ciclo de governo do PT e iniciarmos outro ciclo, onde ética e eficiência possam caminhar juntas.

Sobre a aliança entre Marina Silva e Eduardo Campos.
Cheguei já a dizer a alguns jornalistas do Brasil, é um fato surpreendente em um primeiro momento, mas traz vigor à oposição, porque estamos falando de dois nomes colocados, o do governador Eduardo Campos e o da ex-ministra Marina Silva, que vieram das costelas do PT. Ambos foram ministros do ex-presidente Lula e hoje atuam no campo oposicionista. Acho que é uma demonstração clara da fragilização desse modelo que está aí, que nos tem levado a um crescimento pífio ao longo dos últimos anos, com a inflação voltando a crescer, e, sobretudo, com a estagnação dos nossos indicadores sociais. O Pnad mostrou na última semana que voltamos a ter o crescimento do analfabetismo no Brasil, algo inimaginável. E acho que a presença tanto de Eduardo quanto de Marina no campo oposicionista deve ser saudada por nós como algo que prenuncia o fim desse ciclo de governo do PT para o bem do Brasil.

O PSDB tentou se aproximar da Marina?
Ela tomou uma decisão que respeitamos, até porque ela encontra ali afinidades maiores, com o PSB. Uma decisão tomada por ela que não demandou sequer articulação do próprio PSB, quando ela se encontrou com Eduardo, segundo ele próprio, ela já tinha tomado essa decisão.

Essa aliança tira votos do PSDB ou do PT?
O PSDB tem uma proposta de oposição ao que está aí. Qualquer força política que venha a militar no campo da oposição tem que ser saudada por nós, até porque o governo do PT e a própria presidente da República atuaram durante todo o tempo, primeiro, para impedir que a Marina fosse candidata apoiando um projeto que inviabilizava a criação de novos partidos, e depois, através do ex-presidente Lula, para cooptar o governador Eduardo Campos para impedir sua candidatura. Se ambos os nomes se colocam em condições de disputar contrariamente a vontade expressa do PT não posso achar isso ruim. Cabe ao PSDB ser claro nas suas propostas, mostrar que é possível sim retomar um ciclo de crescimento, controlar efetivamente a inflação, fazer o que fizemos. E quem tem capilaridade hoje, quem tem presença nos estados e um discurso claro de oposição é o PSDB. Dou as boas vindas a Eduardo e Marina, agora no front oposicionista, e acho que a campanha deixará de ter aquele maniqueísmo que sempre atendeu muito aos interesses do PT. Ou nós ou eles. Na verdade, o PT fez isso ao longo dos últimos anos querendo dividir o país em dois, os que apoiam o governo, que são brasileiros de verdade, e os que se opõem ao governo, que torcem contra, que não têm legitimidade para se dizer brasileiros. Algo absolutamente fora da realidade.

Com novos nomes na disputa haverá a possibilidade de falarmos mais de futuro do que de legado. E essa será uma eleição a ser decidida pensando no futuro. Quem tiver as melhores propostas, mais consistência para garantir a retomada do crescimento, o resgate de valores éticos que o PT também colocou boa parte a perder ao longo dos últimos anos. O campo está aberto, é uma campanha absolutamente aberta, e o fato consistente que se percebe em todas as avaliações que se faz é que mais de 60% da população não querem votar na atual presidente da República, mesmo tendo ela um conhecimento de 100%, uma mídia espontânea e paga pelos cofres públicos enorme todos os dias, e mesmo assim mais de 60%, em qualquer pesquisa que se faça, não querem votar na atual presidente. Existe aí, na minha modesta avaliação, um campo muito fértil para a construção de um projeto alternativo de oposição. O que é claro hoje é que, seja Eduardo ou Marina candidato, ambos venham atuar no campo oposicionista e, repito, deve ser saudado por nós como algo extremamente positivo a um ano da eleição.

Sobre definição do vice na candidatura do PSDB.
Não tenho que pensar nisso ainda. O grande desafio do PSDB é reconectar-se com setores da sociedade brasileira que já estiveram muito próximos de nós e que, de alguma forma, ao longo do tempo, e do próprio exercício do poder, se distanciaram do PSDB. O grande objetivo nesse momento é essa conexão direta com a sociedade. É isso que estamos fazendo no nosso espaço partidário, nos vários seminários que temos realizado por todo o Brasil, já tivemos no Nordeste, tivemos no Sul na última semana, vamos estar no Norte e em seguida no Centro-Oeste. Também com vários encontros, em especial em São Paulo, em algumas cidades da região Sudeste. Essa é a prioridade para esse ano. As alianças partidárias virão com alguma naturalidade a partir da capacidade que tivermos de sermos intérpretes desse sentimento da sociedade.

Acho que, antes, temos que pensar nesse fortalecimento do PSDB junto à sociedade brasileira, que está descrente, desanimada, desiludida com o governo do PT, para que, a partir daí, as alianças partidárias se formem. E a partir das alianças partidárias, vamos pensar em chapa que é algo para ser resolvido a partir de abril do ano que vem. Até porque a própria candidatura do PSDB terá de ser resolvida no ano que vem.

Então, é hora de trabalharmos, gastarmos sola de sapato por todo o Brasil. Falarmos também em fóruns internacionais porque os investidores que hoje se afastam do Brasil, haja vista aí os leilões vazios de concessões do setor rodoviário, o pouco interesse que o próprio pré-sal despertou nas principais companhias do mundo, isso tudo é reflexo da pouca confiabilidade no atual governo. Eu tenho que dizer que o maior partido de oposição tem uma agenda nova para o Brasil e uma agenda que compreende o setor privado como parceiro e não como inimigo. O governo atual se preocupa em enfrentar o setor privado. Passou dez anos demonizando as parcerias público-privadas, as concessões e as privatizações, como se fossem quase um crime de lesa-pátria.

Agora, quase que desesperadamente, no último ano de governo, busca segurar-se apenas nas concessões como única alavanca, único instrumento para que o crescimento não seja menor ainda do que já vai ser. Neste ano, vamos crescer apenas mais que a Venezuela na América do Sul. Ano passado, crescemos apenas mais que o Paraguai. O período da presidente Dilma, além de em nenhum dos quatro anos, inclusive no último, o centro da meta ser alcançado do ponto de vista do controle da inflação, vamos crescer em média um terço do que cresce os nossos vizinhos na América do Sul. É algo inimaginável e não dá para terceirizar mais esta responsabilidade. Além das reformas que não foram implantadas, da aposta do crescimento apenas no consumo e do afastamento dos investidores privados em razão da intervenção absurda, permanente e cada vez maior do governo em setores da economia que não gera segurança ao investidor.

A agenda do PSDB, ao contrário, é a agenda da estabilidade, do crescimento, da responsabilidade fiscal, sem maquiagem de números como vem fazendo o PT. Então, é esta agenda que vai nos permitir chegar ao segundo turno e, espero eu, vencer as eleições.

Isso vai acalmar os investidores? 
Não tenho essa esperança, mas quero deixar claro que existe uma força política hoje. A maior força política de oposição no Brasil, com seus aliados que estão se preparando para esse embate para resgatar aqueles pilares fundamentais da macroeconomia, aos quais me referi, e gerar, novamente, segurança a quem invista no Brasil. Obviamente tenho certeza que eles aguardarão o desfecho eleitoral. Mas é o meu papel, aceitando o convite, falar que as coisas vão mal, mas podem ser corrigidas porque as instituições, no Brasil, são sólidas.

Mostramos durante toda essa travessia a solidez no nosso sistema judiciário, na imprensa livre, que precisa ser e continuar sendo livre, apesar sempre de uma ação velada do atual governo para cercear a ação de setores da imprensa. Temos um Congresso Nacional que, a meu ver, funciona, hoje, precariamente, mas ele é legítimo, porque ele é eleito diretamente pela população em um sistema extremamente avançado do ponto de vista do processo eleitoral.

Então temos o básico. Temos instituições sólidas e elas é que nos permitirão a retomada de um ciclo, espero eu, duradouro de crescimento e de credibilidade, porque o ambiente em que sou recebido aqui é de pouco crédito em relação ao Brasil e ao que faz o atual governo. Esse é o recall que recebo de alguns empresários com os quais conversei de ontem até aqui.