Brasília (DF) – A busca desenfreada de votos para tentar barrar o processo de impeachment na Câmara fez com que o governo da presidente Dilma Rousseff montasse um balcão de negócios para redistribuir cargos na Esplanada dos Ministérios. A negociação pode movimentar até R$ 38 bilhões em recursos do Orçamento deste ano, dos quais R$ 6,2 bilhões são para investimentos, de acordo com reportagem do jornal O Estado de S. Paulo desta segunda-feira (11).
Segundo a publicação, a estratégia do governo é fidelizar apoios ou ao menos garantir abstenções de partidos médios e pequenos, como PP, PROS, PDT e PTN.
Para o deputado federal Nilson Leitão (PSDB-MT), o método utilizado pela gestão petista reflete o “desespero” do partido às vésperas da votação do afastamento da petista pelo plenário da Câmara, que deve ocorrer no próximo domingo (17). “Neste momento de agonia, mais do que nunca, o PT está entregando tudo que não é de propriedade deles para não perder o cargo. Eles usam de forma criminosa e exacerbada a máquina pública, o patrimônio público. É lamentável”, afirmou.
As mudanças no segundo escalão devem ser intensificadas até o dia 15 de abril. Na minirreforma, o governo tem atuado para limar ou retirar dos cargos aliados de Michel Temer e do ex-ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves, único dos sete ministros da legenda que respeitou a decisão da direção partidária de entregar imediatamente os cargos que ocupavam no governo federal.
Nilson Leitão chamou atenção ainda para a movimentação de valores altos a custo da manutenção de Dilma no poder. “É criminoso o que está acontecendo, mas o mandato da presidente não vai durar mais de 20, 30 dias. A Câmara vai aprovar o impeachment e o Senado irá acatar a decisão. Felizmente, com Dilma afastada, toda essa bagunça, esse lixo será corrigido e consertado”, reiterou.
A publicação ressalta ainda que a oposição protesta contra essas nomeações do segundo escalão, o chamado “balcão de negócios”. No fim de março, os senadores Ricardo Ferraço (PSDB-ES) e José Medeiros (PSD-MT) pediram à Procuradoria-Geral da República (PGR) a investigação de Dilma e do ministro Jaques Wagner por oferecerem cargos em troca de votos.