É fato consolidado: o Brasil passa por uma das suas piores crises, tanto na área econômica como política. Os números não são atrativos e as projeções para os próximos meses não trazem boas perspectivas. Mas, este é o momento para olhar além do cenário desenhado. Afinal, não adianta chorar pelo que já aconteceu. É preciso reagir para mudar o que ainda está por vir.
Para isso, é temos que enxergar este momento como uma janela de oportunidades. É hora de parar, pensar e encontrar soluções criativas que coloquem municípios, estados e o país em outro patamar econômico, num futuro que se espera esteja próximo. Não é reinventar a roda, mas ter ousadia e audácia para vencer a crise.
Se olharmos para fora, é possível encontrar diversos lugares, que ao invés de dramatizar o momento econômico difícil no qual se encontravam, foram para a ação e geraram soluções. Um exemplo histórico vem dos EUA, que com série de programas implementados entre 1933 e 1937, o conhecido New Deal, conseguiram se recuperar da Grande Depressão, fortalecer a economia e recolocar o país em seu patamar de liderança.
Na história recente também não nos faltam modelos inspiradores. O governo de Israel está investindo em startups para ser referência mundial em inovação e tecnologia. A Irlanda reduziu salários dos funcionários públicos, restringiu benefícios sociais e aumentou o imposto sobre valor agregado, assim como Portugal. A França, que evitou a austeridade fiscal, ajustes e reformas, ativou a economia com medidas simples como a abertura de comércios nos domingos e feriados.
No Brasil, precisamos aumentar nossa capacidade de reação e reconhecer que vivemos além das nossas possibilidades. É necessário regressar ao nível básico para que os problemas, que já são estruturais, não se tornem ainda mais graves. Para recomeçar, nada melhor do que resgatar a ética no trato da coisa pública. É partindo de princípios morais básicos que conseguiremos compartilhar oportunidades e promover, por exemplo, a tão necessária reinserção da classe média na economia do país.
São essas famílias que puxam o consumo. É dando espaço para elas que passa a nossa “revolução” econômica. Caminhos nós temos. Fim de privilégios, igualdade de oportunidades, educação de qualidade que será revertida em produtividade, estimulação ao empreendedorismo. Precisamos, sem demora, é transformar a crise em soluções.
Nerleo Caus de Souza