Quando voltei para Vitória, em 1992, o desfile das escolas de samba tinha acabado. Foi fácil descobrir que maus sambistas e maus políticos tinham desmoralizado o carnaval com escolas e ligas de fachada, feitas para capturar patrocínios e subsídios embolsados por espertalhões.
Minha promessa de campanha para Prefeito de Vitória, em 1996, de voltar com o carnaval de escolas de samba foi recebida com muita descrença. Estava certo que a cultura popular do samba estava viva nas comunidades da grande Vitória e que precisávamos desenvolver um novo modelo de apoio que premiasse as escolas com vida cultural e atividades comunitárias ao longo do ano, formasse novos sambistas e dificultasse ao máximo a ação dos aproveitadores.
Durante três anos, a Prefeitura de Vitoria patrocinou as escolas de samba remanescentes em Vitória para fazer, uma semana antes do carnaval, um desfile não competitivo, sem cobrança de ingressos e sem carros alegóricos na Av. Jerônimo Monteiro. Trouxemos instrutores do Rio para fazer oficinas nas comunidades e pagamos cachês diretamente às escolas, sem reconhecer nenhuma das três ligas existentes. O entusiasmo voltou com tudo, e com segurança pudemos seguir em frente.
No carnaval de 2001, o Sambão do Povo foi reinaugurado recebendo um desfile competitivo, com carros alegóricos, camarotes e júri. Claudia Cabral, nossa secretária de cultura, concluía assim sua grande missão que era liderar a refundação do nosso carnaval, entregando à recém – criada Liga (LIESES) o comando das atividades do mundo do samba capixaba. Daí pra frente o sucesso só aumentou a cada ano. Já são 16 anos!
O carnaval das escolas de samba é âncora do turismo, gera emprego e renda, cultura popular e entretenimento. É um exemplo do enorme potencial que a economia criativa possui no mundo contemporâneo. Em São Paulo, o teatro gera mais empregos do que a industria automobilística.
Precisamos criar um segundo grau profissionalizante em arte e cultura na região metropolitana para impulsionar a economia criativa. Poderíamos fazer inicialmente três especialidades: Teatro e dança; música e artes plásticas, utilizando instituições e espaços já existentes como a FAFI – a Escola de Música do ES – e a Casa Porto das Artes Plásticas, onde era a antiga Capitania dos Portos. Já tivemos no passado uma experiência exitosa na FAFI, com uma escola de teatro e dança que formava 200 profissionais por ano e era administrada através de uma OS-“organização social”.
A entrada em funcionamento do Teatro Gloria, comprado e reformado pelo SESC, e a conclusão do Cais das Artes pelo governo do estado na Enseada do Suá vão turbinar a vida cultural e a economia criativa no Espírito Santo. Cultura é riqueza de verdade !