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“Hora da verdade”, por Aécio Neves

aecio-neves-foto-george-gianni-300x200Publicado na Folha de S. Paulo – 07/12/15

A primeira reação do governo federal à abertura do processo de impeachment da presidente da República passou ao largo da questão central que, querendo ou não o Palácio do Planalto, terá que ser necessariamente discutida. A presidente Dilma Rousseff cometeu crime de responsabilidade?

Seguindo a cartilha do marketing esmerado que conhecemos desde a campanha eleitoral, a presidente se apresenta à luta pela manutenção do seu mandato chamando para o campo do enfrentamento político o presidente da Câmara dos Deputados. Tenta transformar um debate nacional em uma questão pessoal, “Não tenho contas no exterior”, “não ocultei meus bens”, diz, como se as acusações que pesam sobre ela tivessem alguma relação com essas questões. Para confundir a população, a presidente Dilma se defende do que não é acusada, ignorando solenemente cada uma das graves acusações que recaem hoje sobre ela e seu governo.

Mantendo coerência com sua campanha eleitoral, não faltou espaço na leitura da sua manifestação de “indignação” para algumas mentiras, entre elas a de que “não aceitaria barganhas”.

Dilma Rousseff perdeu as condições de tirar o Brasil da instabilidade política e econômica, diz Aécio

img_1089O senador Aécio Neves, presidente nacional do PSDB, afirmou, nesta sexta-feira (04/12), que a presidente Dilma Rousseff perdeu a capacidade de recolocar o Brasil no caminho da estabilidade política e da recuperação da confiança dos brasileiros e dos investidores econômicos.

Em entrevista à imprensa em Juiz de Fora (MG), onde comandou um encontro regional do partido com lideranças da Zona da Mata mineira, o senador afirmou que a presidente é a responsável pelos erros do governo que levaram o Brasil à atual e mais grave crise social e econômica dos últimos trinta anos.

“O Brasil vive um processo de instabilidade enorme. A nossa percepção é de que a presidente da República perdeu as condições de nos conduzir para um momento de maior estabilidade, de retomada dos investimentos e, portanto, de melhoria da vida das pessoas com a recuperação do emprego”, afirmou o senador Aécio Neves, ao chegar à cidade de Juiz de Fora (MG).

Aécio Neves falou também sobre o processo de impeachment que a presidente da República terá que responder frente ao Congresso por ter autorizado manobras fiscais consideradas ilegais pelos ministros do Tribunal de Contas da União (TCU).

“Temos de fazer agora é superar este Fla-Flu entre a presidente da República e o presidente da Câmara dos Deputados e discutir de forma clara: houve crime? A presidente cometeu crime de responsabilidade? Se cometeu, ela tem de responder por isso. Se não estaremos criando um salvo-conduto no país, onde seria permitido aos presidentes da República ou aos detentores dos cargos mais altos, para se reeleger ou para se manter no poder, cometer crimes”, disse Aécio.

Crise Social

O senador afirmou que a crise social gerada pelos erros e pelo descontrole do governo Dilma atinge hoje milhões de brasileiros, principalmente os mais pobres.

Ele destacou que as famílias que puderam alcançar melhores condições de vida nos últimos anos, em razão do controle da inflação e da estabilidade econômica conquistadas no governo do PSDB, hoje estão de volta à pobreza, com o agravante de que enfrentam um cenário muito pior da recessão econômica, da inflação fora de controle e do desemprego elevado.

“A grande verdade é que aqueles que tiveram, no período do governo do PT, alguma ascensão social em razão de várias medidas – e a principal delas foi a estabilidade alcançada no governo anterior – retornaram para a condição anterior, só que num cenário muito pior, com inflação, com desemprego, com juros na estratosfera e sem perspectiva de retomada do crescimento. O meu sentimento pessoal, como presidente nacional do PSDB, é que o governo do PT acabou. Esse é o lado bom da história”, afirmou Aécio Neves.

Saídas para a economia

Aécio avaliou que o afastamento da presidente Dilma, se aprovado pelo Congresso durante o processo de impeachment, trará de volta a confiança ao ambiente econômico no país, o que é fundamental para que o país volte a crescer e a gerar empregos.

“O que percebo é que os investidores, tanto internacionais quanto nacionais, têm se manifestado desde o início do segundo mandato da presidente Dilma com enormes reservas em relação ao Brasil. A equação na qual o PT nos mergulhou é a mais perversa que já vivemos na nossa história contemporânea. O Brasil, entre os 20 países mais desenvolvidos do mundo, será o que terá o pior crescimento. Nós apenas estamos à frente da Ucrânia que está em guerra civil”, afirmou Aécio Neves.

 

Pesquisas apontam que capixabas apoiam o impeachment de Dilma

dilmaimpeachmentEm um levantamento realizado pelo Instituto FlexConsult nos municípios da Grande Vitória e em mais outras 15 cidades do Espírito Santo, cerca de 82% dos entrevistados apontaram a atuação da presidente Dilma Rousseff como ruim ou péssima. Já em relação ao processo de impeachment, aceita na última quarta-feira (2/11) pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, 66,5% dos capixabas apoiam a retirada da presidente do cargo.

A pesquisa também mostrou que para os entrevistados, Aécio Neves é quem possui maior condição de tirar o país da crise econômica e social em que ele se encontra. Além disso, no mês de novembro, 74% deles consideraram o desempenho do Governo Federal como ruim ou péssimo.

Segundo o cientista político Fernando Pignaton, em matéria para a Folha Vitória, essa rejeição pode ser explicada pelas expectativas que o governo criou, já que, atualmente, a maioria da população se mostra desconfiada após promessas do Governo que não foram cumpridas. Para ele, a máquina pública foi usada na eleição para manipular uma situação econômica que era artificial.

Com informações do portal Folha Vitória

“O povo x Dilma Vana Rousseff”, análise do ITV

Brasília- DF 02-12-2015 Foto Lula Marques/Agência PT Presidenta Dilma durante pronunciamento.

É ridiculamente enganoso querer transformar o processo de impeachment movido contra Dilma Rousseff em um confronto entre ela e Eduardo Cunha. Não são duas pessoas físicas que estão se digladiando. O que há são acusações e suspeitas reais de que a presidente da República cometeu crimes de responsabilidade no exercício do cargo. É isto o que está em jogo, é a isto que a petista terá de responder.

O presidente da Câmara apenas cumpriu o papel institucional que a Constituição lhe reserva e deu início ao trâmite. Agora, caberá a colegiados – primeiro a comissão especial, depois os plenários da Câmara e do Senado – decidir sobre o mérito da ação movida por três juristas, segundo a qual Dilma feriu a norma orçamentária, atropelou a lei fiscal e fez vista grossa perante a corrupção.

São milhões os brasileiros que comungam da opinião de que Dilma não tem condições de continuar na presidência do país. E não apenas por sua evidente inaptidão para o cargo. A prática dos crimes é flagrante e reiterada. A omissão diante da roubalheira vem de longa data, e a acompanha desde o primeiro cargo que ocupou no governo federal.

Ontem, nas suas primeiras tentativas de desmerecer a ação, o governo saiu derrotado. Para começar, a própria presidente distorceu a história, ao negar que havia barganhado com Cunha até a véspera do acolhimento do impeachment. Em seguida, o STF reforçou o respaldo ao mérito do pedido de afastamento, ao negar provimento a ações da base governista. E, para completar, o governo ainda foi pego num monte de mentiras.

Até as palmeiras da Praça dos Três Poderes sabem que o Palácio do Planalto negociou intensamente com o presidente da Câmara para demovê-lo de acolher o processo de impeachment. Tanto havia a barganha que, só depois que os petistas no Conselho de Ética resolveram tomar outro rumo e condenar Cunha, o desfecho irrompeu.

No STF, dois pedidos movidos por parlamentares da base governista não foram acolhidos, em mais uma evidência de que não há reparo jurídico ao mérito do pedido de afastamento aceito na quarta-feira. Além disso, Michel Temer negou declaração de Jaques Wagner, porta-voz de Dilma, de que não veria “nenhum lastro” para o pedido de impeachment.

A saraivada de distorção da realidade não estaria completa sem a participação de Lula. Em declaração feita no Rio, o petista tentou atribuir ao processo de impeachment e às ações da oposição a responsabilidade pelo Brasil estar em pandarecos. De tão contraditório, acabou admitindo que o governo de sua pupila transformou o país num “trem descarrilhado”.

O fato incontestável é que dois de cada três brasileiros são favoráveis ao impeachment e querem a saída de Dilma Rousseff do cargo. Se quer batalhar pelo seu mandato, é contra estes brasileiros que a presidente deve se debater. A presidente não tem apenas o cidadão Eduardo Cunha contra si. Tem milhões de pessoas que, democraticamente, querem vê-la pelas costas, num processo ao qual o presidente da Câmara somente deu acolhimento.

 

Preço da gasolina pode passar de R$ 4 na Grande Vitória em 2016

gasolinasobeDiferentemente do que ser deseja na virada de ano, a máxima do “muito dinheiro no bolso” está longe de acontecer em 2016, pelo menos para quem se locomove de carro na Grande Vitória. O preço da gasolina poderá aumentar em mais de 15% nas bombas de todo o Estado e alcançar o valor – na região metropolitana da capital capixaba – de R$ 4,17.

Isso porque o Governo tem na manga, caso a volta da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CMPF) não seja aprovada, um aumento da Cide, tributo que incide diretamente sobre o valor do preço dos combustíveis repassados ao consumidor.

De acordo com simulações realizadas pelo Ministério da Fazenda, para alcançar um acréscimo de R$ 12 bilhões aos cofres públicos, a contribuição deverá passar de R$ 0,10 para R$ 0,50 por litro de combustível, o geraria um aumento de 16,2% no preço cobrado pelos postos – no caso dos estabelecimentos da Grande Vitória, custa em média R$ 3,59.

Fonte: Portal Folha Vitória

Decisão sobre impeachment não muda posição do PSDB pelo afastamento de Cunha, diz líder

carlos-sampaio-foto-agencia-camaraEm entrevista coletiva, nesta quinta-feira (3), o líder do PSDB na Câmara, deputado Carlos Sampaio (SP), afirmou que o partido mantém sua posição favorável ao afastamento do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Um dia após o anúncio do andamento do processo de impeachment contra Dilma por Cunha, o tucano disse que a oposição vai se articular para que a presidência e a relatoria da comissão especial que analisará o assunto sejam ocupadas por parlamentares isentos e capazes de conduzir o processo. O colegiado terá 65 integrantes, sendo seis do PSDB. A eleição dos membros ocorrerá em sessão extraordinária da Câmara marcada para a noite de segunda-feira (7)

“O PSDB não transige nos termos em que se refere à ética e respeita seus integrantes no Conselho de Ética. Eles têm autonomia e isenção para agirem de acordo com suas consciências de magistrados. A possibilidade do PSDB interferir nesse processo é zero. Quem analisa as provas são os integrantes do Conselho”, assegurou Sampaio.

De acordo com o tucano, não há a possibilidade de o partido impor uma posição aos deputados Betinho Gomes (PE) e Nelson Marchezan (RS), titulares do parido no Conselho. Segundo ele, a posição do partido é a mesma e os tucanos querem que haja apuração das irregularidades das quais o parlamentar é acusado. “Não mudaríamos de posição em razão da decretação do impeachment. Isso não advém de uma atitude dele, mas sim dos crimes praticados pela presidente Dilma e de pareceres de renomados juristas do país”, afirmou.

Porém, Sampaio ressaltou que até o momento os fatos narrados leva a entender que Cunha não apresentou uma defesa plausível diante das acusações a ele imputadas. Apesar disso, lembra que Cunha ainda tem um prazo para se defender e apresentar provas e reforça: “Ali [no Conselho de Ética] cada deputado é um magistrado e são eles quem fará o julgamento. No demais, o PSDB continua mantendo a mesma posição. Vamos continuar não participando de reuniões do colégio de lideres e continuar obstruindo as votações”.

Imparcialidade na comissão

O líder tucano avisou que os partidos de oposição não permitirão conchavos na comissão especial que vai analisar o pedido de impeachment. “A nossa articulação é no sentido de que o presidente e o relator tenham respeitabilidade e isenção para conduzir o processo. Portanto não deve ser o conchavo político que deve imperar, mas sim a seriedade”, avisou. Os partidos tem até as 14h de segunda para indicar os integrantes.

Barganhas

Sampaio afirmou ainda que acredita nas declarações feitas por Cunha nesta quinta-feira sobe uma obscura tentativa de negociação ocorrida na quarta-feira para tentar impedir a ebertura do processo contra a petista. O presidente da Câmara disse que Dilma Rousseff “mentiu à sociedade” ao afirmar, em pronunciamento em rede nacional, que seu governo não participa de “barganhas” com o Congresso. O peemedebista disse que pela manhã o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, intermediou uma negociação entre Dilma e o deputado André Moura (PSC-SE), relator da Reforma Tributária na Câmara.

O intuito da barganha era garantir a Moura, aliado de Cunha, os votos dos petistas no Conselho de Ética a favor de Cunha e contra a continuidade do processo que pede sua cassação. Em troca, os deputados teriam que aprovar a volta da CPMF.

“O Brasil sabe que o governo do PT sempre barganhou com o Congresso, foi assim com o mensalão, quando comprava votos de parlamentares, foi assim com o petrolão, quando trocava por emendas e doações oficiais o dinheiro de propina. Também barganhou quando trocou ministérios e quando quis negociar a cassação de Cunha com impeachment de Dilma. Então isso é natural. Faz parte da natureza e do estilo do governo Dilma essa barganha nefasta. É óbvio que eles deviam conversar, por meio de interlocutores sobre essa barganha. Penso eu que nesse sentido, o presidente da Câmara não mentiu, destacou Sampaio.

Do PSDB na Câmara

 

“O nome da crise é Dilma, o sobrenome Rousseff”, por Aloysio Nunes Ferreira

aloysio_interna54Generaliza-se na sociedade a constatação de que o Brasil perdeu o rumo e de que faltam à presidente Dilma Rousseff o tirocínio, a habilidade e o discernimento necessários para desfazer os inúmeros nós que estrangulam a vida política, econômica e administrativa do País.

O cenário econômico brasileiro é preocupante, em particular porque, diante da crise que se agrava, o governo não consegue sair do estado de abulia em que há muitos meses se encontra, mostrando-se incapacitado para reverter o processo recessivo em que fomos empurrados pela incompetência e a incúria de nossos próprios gestores.Na América do Sul, apenas um país se encontra em situação mais desastrosa do que a nossa: a Venezuela bolivarianista, cujo Produto Interno Bruto deve cair 10% este ano.

Assim como a Venezuela, logramos a “façanha” de unir queda da atividade econômica com aumento de inflação. As sequelas dessa malévola conjunção são bem conhecidas: maior desemprego, desindustrialização e mais sofrimento para todos, em particular para as pessoas de menor renda.

Com desempenho econômico tão pífio, o Brasil compartilha com a Rússia (que está enfrentando um amplo bloqueio econômico) o lugar de lanterninha entre os BRICS. Os outros três países do grupo – China, Índia e África do Sul – apresentarão crescimento positivo.

O declínio da atividade econômica, somado à desvalorização do real, vai trazer uma notícia muito negativa para o Brasil no final do ano, quando o Banco Mundial publicar a nova lista das principais economias do mundo: vamos cair da 7ª para a 13ª posição. Vários países vão nos ultrapassar nesse ranking: Itália, Canadá, Índia, Coréia do Sul, Espanha e, possivelmente, também a Austrália.

A notícia ontem divulgada, de que o PIB brasileiro caiu 1,7% no terceiro trimestre deste ano, deve ser lida sob a perspectiva correta. Essa foi a queda que se observou em relação ao trimestre anterior. Mas quando se compara ao terceiro trimestre de 2014 – que é a comparação adequada – nosso PIB caiu impressionantes 4,5%.

As notícias e comentários hoje publicados nos principais jornais do mundo, demonstram o quanto nossos parceiros internacionais estão preocupados com a decomposição da situação econômica do País. Jornais importantes lembram de que se trata do pior resultado apresentado pelo Brasil desde a grande recessão dos anos 1930.

A essas más notícias somam-se outras, inúmeras, sobre novas ramificações dos esquemas de corrupção investigados pela Polícia Federal e pela Justiça, cuja atuação transmite o sinal positivo de que nem todas as instituições no País entraram em colapso. A oposição, no Senado Federal, deixou clara sua posição no processo de manutenção da prisão do Líder do Governo.

Como o Governo até agora não logrou apresentar uma proposta aceitável para acertar as contas públicas, é sério o risco de que na próxima rodada de avaliação – a ocorrer muito em breve -, as agências de classificação de risco decidam rebaixar o status creditício do Brasil. A Fitch, que em outubro foi a única instituição que ainda nos deixou no “grau de investimento”, deve agora nos jogar para a vala comum do “grau especulativo”.

Em suma, é hora de as pessoas responsáveis deste País começarem a refletir sobre como assegurar a governança do Brasil. A perspectiva do impeachment da Presidente da República deve ser tomada a sério, pois a nossa crise tem um nome: Dilma. E sobrenome, Rousseff.

* Aloysio Nunes Ferreira é senador (PSDB-SP) e preside a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado Federal. O artigo foi publicado no Diário do Poder.

 

“O impeachment, democraticamente”, análise do ITV

Brasília- DF 02-12-2015 Foto Lula Marques/Agência PT Presidenta Dilma durante pronunciamento.

Teve início ontem o andamento do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Depois de acolhido, tramitará pela Câmara e posteriormente pelo Senado, com a manifestação dos representantes do povo brasileiro no Legislativo. Tudo como manda a Constituição, dentro da mais legítima norma, conforme as regras do mais saudável Estado democrático de direito.

O governo e a presidente irão insistir em dizer que são vítimas de retaliação, revanche, vingança ou chantagem pessoal. É a versão que lhes cabe tentar propagar, depois que falharam as tentativas patrocinadas pelo Planalto e pelo PT de barganhar um acordo com Eduardo Cunha.

O pemedebista foi apenas o instrumento do processo de impeachment. Cumpriu o papel institucional que a Constituição reserva ao presidente da Câmara nestes casos. Seu gesto foi protocolar, cabível a quem exerce o cargo que Cunha ocupa desde fevereiro passado. Sua decisão é apenas a prerrogativa inicial de um processo longo e complexo, sempre dentro dos ritos democráticos.

A decisão que poderá resultar no afastamento de Dilma será tomada de forma colegiada, sob a responsabilidade inicial de 513 deputados e, num passo posterior, de mais 81 senadores. Democraticamente. Caberá, portanto, aos representantes de todos os brasileiros, legitimamente eleitos, julgar se a presidente da República tem ou não condições de continuar no cargo.

À presidente agora cabe defender-se das consistentes acusações que constam do pedido protocolado em outubro por Hélio Bicudo, Miguel Reale Jr. e Janaina Paschoal. Em suma: a suspeita de práticas reiteradas de crimes de responsabilidade, ao desrespeitar normas orçamentárias e preceitos fiscais, o que até já ensejou a reprovação de suas contas relativas a 2014 por parte do TCU, e ao omitir-se diante da roubalheira na Petrobras.

A prática de editar decretos autorizando novos gastos (créditos orçamentários) mesmo quando a realidade já era de rombo nas contas públicas repetiu-se neste ano. Também continuaram as pedaladas fiscais – o uso ilegal de dinheiro de bancos públicos para cobrir gastos do governo – e não se dissiparam as suspeitas de negligência da presidente em relação aos casos de corrupção desbaratados quase diariamente pela Operação Lava Jato.

Neste último aspecto, o da leniência em relação aos desmandos na Petrobras, a situação de Dilma hoje é ainda pior que em outubro, quando o pedido dos juristas pelo impeachment foi protocolado. Na semana passada, veio a público a manifestação de Nestor Cerveró, ex-diretor da estatal, de que a petista “sabia de tudo” sobre a ruinosa compra da refinaria de Pasadena. A operação rendeu prejuízo de mais de R$ 3 bilhões à empresa.

O governo vai continuar negando e vai dizer que não são razões suficientes para afastar uma presidente da República. Mas é bom que fique claro que tais atitudes – sejam os desequilíbrios nas contas, a desorganização administrativa ou a omissão diante da roubalheira – estão na raiz da depressão em que o país foi mergulhado por Dilma, Lula e o PT.

A instauração do rito de impeachment é importante por tirar o país do impasse e vencer a catatonia à qual a presidente e seu partido levaram o Brasil. Chegando a que resultado for, a investigação será fundamental para pôr fim à balbúrdia formada por crise econômica, desgoverno, corrupção, carestia e desequilíbrio fiscal que nos assola.

Em seu pronunciamento de ontem, Dilma se disse “indignada” com a abertura do processo na Câmara. Indignados estão os brasileiros, por se verem vítimas de um engodo. A petista pode até não ter roubado, mas, segundo indica a Operação Lava Jato, não deteve a roubalheira. Com sua inaptidão para governar, não está à altura do cargo para o qual foi eleita e reeleita. Não dispõe de condições mínimas para continuar no comando do país.

Ninguém está acima da lei. Crimes têm que ser punidos, ainda mais quando também crescem as suspeitas de que dinheiro da corrupção financiou as campanhas presidenciais do PT, conforme denunciado pela oposição e investigado pela Justiça Eleitoral. Que se cumpram os ritos, que a presidente exerça seu direito de defesa e que a lei prevaleça, em honra à vontade soberana do povo brasileiro. Rigorosamente dentro do que prevê a Constituição. Democraticamente.

 

“Recebemos esta decisão com absoluta naturalidade”, afirma Aécio Neves sobre autorização do processo de impeachment de Dilma Rousseff

“O presidente da Câmara dos Deputados tomou uma decisão que lhe cabia. Uma decisão ancorada naquilo que prevê a Constituição. A peça produzida pelos juristas Miguel Reali e Hélio Bicudo é uma peça extremamente consistente. O que existe neste momento é um sentimento de todos nós da prudência para que este processo possa ter o seu trâmite adequado e que a própria presidente da República possa ter a oportunidade de apresentar as suas justificativas.

O que é importante que fique claro é que essa é uma previsão constitucional. E para nós da oposição, qualquer saída para este impasse em que a irresponsabilidade do governo do PT mergulhou o país, se dará dentro daquilo que a Constituição determina. Portanto, recebemos esta decisão do presidente da Câmara com absoluta naturalidade. A peça produzida justifica essa decisão. Os prazos regimentais deverão ser observados. O amplo direito de defesa também preservado, mas o que eu posso dizer que há um crescimento na sociedade brasileira e para iniciarmos um novo momento no Brasil de retomada da confiança, de retomada dos investimentos, do crescimento e do emprego, isso terá de ser feito sem o atual governo.

O que percebemos é que o atual governo veio perdendo ao longo do tempo pelas suas incoerências, pela sua irresponsabilidade, as condições mínimas de nos tirar desta crise. Portanto, com muita serenidade recebemos esta decisão. Ela está dentro daquilo que prevê a Constituição e, obviamente, caberá agora, em primeiro lugar, à Câmara dos Deputados discutir e debater a matéria”, afirmou o senador Aécio Neves, presidente nacional do PSDB, sobre a decisão do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, de acatar o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, protocolado pelos partidos de oposição em outubro passado e elaborado pelos juristas Hélio Bicudo, um dos fundadores do PT, pelo ex-ministro da Justiça Miguel Reale Júnior e pela advogada Janaína Conceição Paschoal.

Investidores internacionais reagem a pedido de impeachment: ações do BB e da Petrobras sobem em NY

slide-bolsaO acolhimento do pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, feito pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, na noite de ontem (2),  agradou investidores internacionais. O anúncio fez com que as ações das empresas brasileiras negociadas na Bolsa de Nova York registrassem alta nos últimos minutos do pregão. Os papeis da Petrobras, que registravam alta tímida, de 0,84%, às 18h40m em apenas vinte minutos fecharam com valorização de 4,43% , valendo US$ 4,95. O Bando do Brasil também fechou em alta de 1,67%.

Já os papéis do Itaú Unibanco em Wall Street, que caíam 3,08%, fecharam em alta de 0,91%, valendo US$ 7,20. No caso do Bradesco, os papéis caíam 0,74% e encerraram com valorização de 2,80%, a US$ 5,51, de acordo com matéria publicada hoje (3) no jornal O Globo.

Especialistas da área econômica acreditam que o acolhimento do pedido de impeachment poderá diminuir o clima de incerteza e paralisia dos investimentos que tem atrapalhado a evolução da economia do país.

No entanto, a atitude de Eduardo Cunha poderá dificultar a aprovação das medidas relativas ao ajuste fiscal no Congresso, fazendo com que as agências de classificação de risco rebaixem a nota de crédito do país.

O economista-sênior do Standard Chartered Bank de Nova York, Italo Lombardi, acredita que em um primeiro momento o mercado reagirá com certa euforia, mas que isso tende a ser temporário, pois, o processo de impeachment é complexo. “Os investidores internacionais não vão gostar da notícia, uma vez que tomará muita energia de um Congresso que deveria estar focado na aprovação de um ajuste fiscal”, prevê Italo.

Já para o ex-presidente do Banco Central (BC), Carlos Langoni o impeachment é mais um risco  e a solução para a crise econômica é pacificar o cenário político atual.