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“RDC: Ruim De Confiar”, análise do ITV

congresso-nacional-memoria-ebc-300x192O Senado pode votar hoje projeto de lei que estende o chamado Regime Diferenciado de Contratação a todas as obras públicas a serem feitas no país. Se aprovado, estará escancarada a porteira para um festival de tramoias. Tudo pago com o dinheiro do contribuinte. O pior é que nem o que promete o RDC entrega.

 O RDC foi criado no início de 2011 pelo governo petista para tentar evitar atrasos em obras da Copa do Mundo e das Olimpíadas de 2016. Inicialmente, sua aplicação limitava-se a empreendimentos relacionados aos dois eventos esportivos, àquela altura já flagrantemente atrasados – pergunta-se: algo mudou de lá para cá?

 Pouco a pouco, a possibilidade de atropelar as rígidas exigências da Lei de Licitações (n° 8.666) foi sendo estendida a outros tipos de intervenções públicas, na mesma medida em que as promessas dos governos petistas teimavam em não sair do papel. O PAC foi o alvo seguinte e a proposta ora em discussão, de autoria da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), é o “liberou geral” que faltava.

 Entre outros aspectos, o RDC permite a contratação das obras sem projetos básico e executivo, ou seja, sem que se conheçam seus detalhes, cuja definição fica a cargo das empresas que vencerem a concorrência. Trata-se, em suma, de modalidade em que ninguém sabe ao certo o que está sendo contratado – muito menos por quanto – com o dinheiro público.

 Tudo no RDC é cercado de sigilo. O governo argumenta que, desta maneira, consegue forçar as concorrentes a baixar os preços. Balela. Vence a concorrência, em geral, quem tem acesso às fonte$ certa$ de informação e, depois, basta ir enfiando aditivos nos contratos – hoje a 8.666 limita-os a um máximo de 50% do valor do orçamento original, trava que o RDC eliminou.

O desejo petista de libertar-se das amarras da Lei de Licitações é antigo, e recorrente. Desde o governo Lula, a gestão federal mantém atritada convivência com sistemas de fiscalização e controle existentes no país. Seu sonho sempre foi instalar um vale-tudo nas contratações feitas pela administração pública, de modo a facilitar os negócio$.

 

Quando nasceu, o RDC foi alvo de ação direta de inconstitucionalidade movida pela Procuradoria-Geral da República. O órgão via “comprometimento ao patrimônio público” se as contratações das obras fossem feitas por meio do novo sistema. Isto ainda em setembro de 2011. Imagina o que rolou desde então.

O principal argumento do governo federal para defender o RDC é que ele acelera obras. Está tão longe da verdade quanto a distância que separa as promessas da gestão petista de sua realização. O sistema de fato apressa os prazos das licitações, primeiro passo do processo. Mas, daí até o início das obras, a delonga é hoje até maior do que era antes.

Ocorre que, só depois de conhecido o vencedor da concorrência, é que os projetos que embasarão as obras serão feitos. Aí o tempo corre leeeento. Há casos de obras cujo certame já foi concluído há 17 meses e até hoje não há obras, simplesmente porque não há projetos. É o que acontece, por exemplo, na BR-163 no Pará.

Feitas por meio do RDC, as obras da BR-381 que a presidente Dilma Rousseff foi ontem “iniciar” em Minas são outro exemplo. Dos seus 11 lotes, quatro ainda não foram sequer contratados. Não se sabe quando sairão do papel, a despeito de a duplicação da perigosa rodovia – o governo petista manterá 40% do traçado em pista simples – ter sido promessa de campanha da petista.

Não são apenas os prazos que o RDC mantém elásticos. Levantamento feito com base em 188 obras que tiveram editais publicados pelo DNIT desde o início da vigência do novo modelo mostra que apenas 64% delas tiveram o certame finalizado. As demais simplesmente não foram adiante.

Mas não é só isso: os custos também alçam ao céu com o novo regime de contratação de obras públicas que os petistas defendem com tantas unhas, dentes e cifrões. Alguns exemplos são citados por Pedro da Luz Moreira, diretor do Instituto dos Arquitetos do Brasil, em artigo publicado hoje no Valor Econômico.

A ampliação do aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, mais que dobrou de preço, mas a conclusão, esperada para este mês de maio, não tem sequer data para acontecer. O custo da ampliação do aeroporto de Cuiabá já subiu 50% e a entrega, prevista para dezembro passado, até hoje não ocorreu. São todas obras que o governo petista louva ter acelerado por meio de contratação, pela Infraero, usando o RDC.

O Regime Diferenciado de Contratação foi sacado da algibeira petista como solução para os improvisos em série que marcam a gestão pública federal desde a gestão Lula. De panaceia, passou a bom e rentável negócio, dependendo de que lado do balcão se está. Para a população em geral, contudo, o RDC não passa de um engodo, uma forma de o governo usufruir de dinheiro público com menos fiscalização e de o petismo manter intacta sua sina de obras que nunca terminam.

 

Juventude tucana realiza workshop sobre redes sociais em Vitória

 Militantes tucanos de diversos municípios do Estado e da Grande Vitória participaram do workshop “A Conexão com a sociedade”, promovido pela Juventude do PSDB-ES, no último sábado, em Vitória.

Coordenado pelo presidente da JPSDB-ES e secretário Região Sudeste da JPSDB Nacional, Armando Fontoura, o encontro contou com palestras do especialista em Marketing Márcio Gomes e do secretário de Cultura de Santos (SP), Raul Christiano.

Os especialistas destacaram a importância do bom uso das redes sociais, principalmente durante o período eleitoral. “As práticas utilizadas na campanha não podem ser diferentes daquelas que praticamos na política, com ética e seriedade. Acreditamos no potencial da nossa militância de propagar as ideias do PSDB nas redes”, afirmou Armando Fontoura.

Raul Christiano, que veio de Santos (SP) especialmente para participar do evento, defendeu o uso das redes com responsabilidade. “O PSDB adota uma prática responsável nas redes sociais. Não entra na linha de guerrilha, pois isso inviabiliza o campo de diálogo com a sociedade”, destacou.

O outro palestrante, Márcio Gomes, também deu dicas importantes sobre a utilização das redes sociais.

“O evento superou nossas expectativas, tanto de público quanto de conteúdo e adesão. Os dois palestrantes são craques no assunto. Em breve, pretendemos fazer outros encontros de formação partidária para nossos militantes”, destacou Armando Fontoura.

O diretor de Gestão Corporativa do PSDB Nacional, João Almeida, parabenizou a iniciativa da Juventude Tucana Capixaba. “O Espírito Santo saiu na frente e isso é muito importante para o partido, pois destaca e prioriza um trabalho de qualidade nas redes sociais, ao contrário do que muitos estão fazendo. A juventude do PSDB-ES está de parabéns”, concluiu.

O workshop aconteceu no Hotel Comfort, em Vitória, e contou com a presença de algumas lideranças tucanas. Dentre elas, o vice-presidente do PSDB-ES, Jarbas de Assis, o vereador de Marechal Floriano do PSDB César Ronchi, o tucano Sérgio Aurich e outros. Na abertura do encontro, foi apresentado um vídeo do senador Álvaro Dias, que falou sobre a importância do tema do encontro.

“O público e o privado”, por Aécio Neves

aecio-golDepois de anos de discursos condenando as privatizações e se apresentando como defensor das empresas públicas, chega a ser cruel ver como a retórica se transformou em exercício prático de poder. Os estragos provocados pela interferência do governo são de tal ordem que não permitem outra conclusão: o governo mais estatizante pós ditadura militar é o que mais maltrata as empresas estatais.

Os bordões repetitivos do partido, usados à exaustão como arma eleitoral, nos quais difunde-se um país dividido entre nacionalistas e entreguistas, já não surtem mais efeito diante do quadro de destruição perpetrado na administração pública. A mão pesada do Estado está levando as estatais federais às cordas. A Eletrobras perdeu grande parte do seu valor. As ações da Petrobras desabaram.

O que está em risco é o patrimônio do povo brasileiro. É a riqueza pública que se esvai na incompetência e na ingerência política sem limites. Antes, assistíamos orgulhosos às conquistas da Petrobras, uma empresa respeitada globalmente. Hoje, o que se vê é a dilapidação da credibilidade conquistada em 61 anos de história.

Os exemplos da intromissão excessiva do governo nas instituições públicas transbordam por todos os lados. Servidores estão quebrando o silêncio. No IBGE, os funcionários reagiram e o governo recuou da decisão autoritária de não divulgar a Pnad Contínua. O Ipea e a Embrapa não ficaram imunes à intervenção política.

Neste fim de semana, voltaram a surgir graves evidências de que o indiscriminado e ostensivo aparelhamento chegou também aos fundos de pensão, que apresentaram prejuízo recorde em 2013.

Diante de tantas e novas denúncias, a caixa preta das operações conduzidas pelas direções desses fundos, nos últimos anos, precisa ser aberta, para que sejam esclarecidas suspeições diversas de operações no mercado financeiro, maquiagens contábeis e prejuízos astronômicos.

O certo é que o petismo leva para dentro das estatais o que há de mais atrasado em gestão, confundindo o interesse do Estado com o interesse das pessoas no poder. Quando as coisas dão errado, a saída é a de sempre –ninguém sabe nada e tenta-se transformar fatos graves e sucessivos em ações isoladas e episódicas.

Os brasileiros não se enganam mais, como bem mostram as pesquisas de opinião que apontam para um profundo desejo de mudança. O país exige não só competência gerencial, mas também transparência e ética na condução dos negócios públicos. O recado é claro, no que se refere às estatais: precisamos devolver as empresas públicas ao seu verdadeiro dono –o povo brasileiro.

*Aécio Neves é senador (PSDB-MG) e presidente nacional do PSDB

**Artigo publicado na Folha de S. Paulo – 12-05-2014

“Petrobras paga o ‘custo PT'”, análise do ITV

petrobras3-300x200A Petrobras continua sua trise sina de produzir maus resultados. A companhia que costuma ser vista como símbolo do Brasil sofre as consequências de uma política que lhe impõe sobrecargas demais e condições de competição de menos. Paga, em suma, o “custo PT”.

 A empresa encerrou o primeiro trimestre de ano com lucro líquido de R$ 5,4 bilhões, 30% menor que o do mesmo período de 2013. Continua a conviver com os mesmos problemas: a produção que não reage, preços que lhe causam reiterados rombos no caixa e um plano de investimentos que tem dificuldade de bancar.

 A produção voltou a cair, desta vez mais 2% na comparação com os primeiros três meses do ano passado. A direção da companhia garante que conseguirá reverter a curva declinante, que vem desde 2012 e parece não ter um fim – nos últimos dois anos, houve duas quedas anuais consecutivas, algo inédito em pelo menos duas décadas de história da estatal.

 A produção derrapa a despeito de o pré-sal produzir cada vez mais, já na casa próximo aos 400 mil barris diários. A desculpa oficial é sempre a mesma: paradas técnicas para reformar plataformas antigas. Todo trimestre tem sido assim. O comando da empresa assegura que entregará uma alta de 7% na produção deste ano. A ver.

 A Petrobras fornece um retrato pronto e acabado de uma gestão temerária. Sua dívida não para de crescer, seus prejuízos com a importação de combustíveis não cessam e o plano de investimentos onera o caixa da estatal num patamar muito acima do que a companhia é capaz de gerar.

 Desde o segundo semestre do ano passado, a Petrobras é considerada a empresa não financeira mais endividada do mundo. Mas isso não impediu que seu passivo voltasse a subir: foram mais R$ 40 bilhões neste trimestre. O céu parece ser o limite. Afinal, nos últimos quatro anos este valor praticamente quadruplicou – sem, contudo, gerar uma gota de petróleo a mais.

 A política de preços que converteu a empresa no muro de arrimo da depauperada política de contenção da inflação do governo Dilma gerou mais uma perda bilionária no trimestre. Por vender combustíveis a preços menores do que paga por eles no exterior, a área de abastecimento da Petrobras registrou R$ 4,8 bilhões de prejuízo em apenas três meses.

 Um dado resume o descompasso entre as incumbências crescentes da empresa e os instrumentos de que dispõe para torná-los realidade: no primeiro trimestre, a Petrobras investiu R$ 20,4 bilhões – é responsável por cerca de metade dos investimentos em capital fixo feitos no país – mas só conseguiu gerar R$ 9,4 bilhões de caixa. Assim fica difícil.

 

Apesar de ter ensaiado uma recuperação nas últimas semanas, na mesma medida em que decaíram as chances de reeleição da presidente Dilma Rousseff, a Petrobras continua vendo minguar seu valor de mercado. Desde o início da atual gestão, a perda chega a 35%. São cerca de R$ 100 bilhões que evaporaram.

O que os frios dados contábeis acabam por sintetizar são os rumos de uma gestão temerária que ainda não conseguiu recolocar a companhia na direção do crescimento com equilíbrio. A lista de negócios ruinosos é extensa e não para de crescer.

Nela estão Pasadena, Okinawa, Abreu e Lima, Comperj e agora também a refinaria Premium I, projetada para Bacabeira, no Maranhão. Prometida para 2010, hoje voltou à mera condição de em “fase de projeto”. Não sem antes R$ 1,6 bilhão já terem sido torrados na obra, que hoje se resume a um terreno baldio, terraplanado, conforme mostrou O Globo em sua edição de domingo.

São razões como estas que justificam a necessidade de sérias e profundas investigações sobre as decisões tomadas pela Petrobras nos últimos anos. Desmandos em série e o mais deslavado uso político visto em toda a história da empresa não poderiam mesmo render bons resultados. Nem a companhia, nem o país aguentam mais bancar o “custo PT”.

“Dilma cai e petistas perdem o prumo”, por Terezinha Nunes

terezinhanunesCom a bandeira da ética e da preocupação com o social, o PT assumiu o poder no Brasil há quase 12 anos, garantindo vitórias seguidas em três eleições para presidente.

Nesse período, a bandeira da ética foi perdida em grande parte com o mensalão mas restou intacta a dimensão exponencial do bolsa família e os bons ventos que permearam a economia beneficiada com a adoção do Plano Real e todas as medidas de estabilização adotadas no governo de Fernando Henrique Cardoso.

Este ano, com a volta do povo às ruas após a descoberta de um grande blackout na infraestrutura, sobretudo no transporte urbano, e o descontrole econômico alimentado por medidas eleitoreiras como a redução de impostos para a venda de automóveis, o governo federal, sob a responsabilidade da presidente Dilma, perde cada dia mais a condição de conduzir com tranquilidade as demandas da sociedade.

Era esperado que o PT, acuado por uma população que lhe garantiu tantas vitórias, fosse perder o rumo, atacar o Supremo por conta da prisão dos mensaleiros e lutar, desesperadamente, para ficar no poder. O que não se poderia imaginar é que, além dos problemas éticos, econômicos e de infraestrutura, o partido fosse brindar a nação brasileira com o tratamento desumano e inconcebível dispensado a refugiados haitianos que, fugindo da miséria e da fome, aportaram no estado do Acre, o mais próximo de sua terra natal.

Há poucos dias, na maior desfaçatez, o governador do Acre, Tião Viana, tomou uma atitude inimaginável a um petista de alto coturno: fechou um abrigo de haitianos na cidade de Brasiléia e despachou mais de 600 imigrantes para o estado de São Paulo. Alugou ônibus, colocou dentro os infelizes, e os remeteu para a maior capital do país. Sem lenço e sem documento.

Fosse Viana de um partido de oposição ainda dava para entender. Poderia alegar que não estava recebendo ajuda federal para manter os invasores e nem seu estado tinha como sozinho arcar com tão pesado ônus.

Só que o governador é correligionário da presidente Dilma não se justificando a exportação do seu problema sem antes entregá-lo à responsabilidade do Governo Federal. A atitude do governador deixou de calças curtas o prefeito de São Paulo Fernando Haddad, do PT, que chegou a divulgar nota chamando de irresponsável o gesto do correligionário que agiu sem antes pactuar com a administração municipal a melhor forma de recebê-los.

A secretária de estado de Justiça e Defesa da Cidadania de São Paulo, Eloísa de Souza Arruda, classificou a atitude de Tião Viana como “uma deportação forçada”.

Na verdade, o governador agiu nas sombras, como se fosse possível ocultar tamanho descalabro. Colocou os imigrantes em ônibus com destino a São Paulo e apenas mandou que seu secretário de Justiça e Direitos Humanos, Nilson Mourão, ligasse para o padre Antenor Dalla Vecchia, da Pastoral do Migrante da Igreja Católica, anunciando que “alguns” haitianos chegariam ao abrigo. Resultado: para desespero do padre, chegaram mais de 400 na sua porta, famintos e desamparados.

Não se ouviu do Governo Federal nenhuma condenação ao gesto de Viana. Ao contrário, o ministro da Justiça limitou-se a fazer discurso vago de que o problema de migração para o Brasil era novo e precisava de atualização legislativa. Em outras palavras: lavou as mãos.

Muito mais interessado em controlar a base aliada em Brasília, o Governo Federal parece distante de tudo. Inclusive da deportação de pessoas negras e pobres, exatamente as que jurou amparar com o explorado sistema de cotas.

Com a bandeira da ética e da preocupação com o social, o PT assumiu o poder no Brasil há quase 12 anos, garantindo vitórias seguidas em três eleições para presidente. Nesse período, a bandeira da ética foi perdida em grande parte com o mensalão mas restou intacta a dimensão exponencial do bolsa família e os bons ventos que permearam a economia beneficiada com a adoção do Plano Real e todas as medidas de estabilização adotadas no governo de Fernando Henrique Cardoso.

Este ano, com a volta do povo às ruas após a descoberta de um grande blackout na infraestrutura, sobretudo no transporte urbano, e o descontrole econômico alimentado por medidas eleitoreiras como a redução de impostos para a venda de automóveis, o governo federal, sob a responsabilidade da presidente Dilma, perde cada dia mais a condição de conduzir com tranquilidade as demandas da sociedade.

Era esperado que o PT, acuado por uma população que lhe garantiu tantas vitórias, fosse perder o rumo, atacar o Supremo por conta da prisão dos mensaleiros e lutar, desesperadamente, para ficar no poder. O que não se poderia imaginar é que, além dos problemas éticos, econômicos e de infraestrutura, o partido fosse brindar a nação brasileira com o tratamento desumano e inconcebível dispensado a refugiados haitianos que, fugindo da miséria e da fome, aportaram no estado do Acre, o mais próximo de sua terra natal.

Há poucos dias, na maior desfaçatez, o governador do Acre, Tião Viana, tomou uma atitude inimaginável a um petista de alto coturno: fechou um abrigo de haitianos na cidade de Brasiléia e despachou mais de 600 imigrantes para o estado de São Paulo. Alugou ônibus, colocou dentro os infelizes, e os remeteu para a maior capital do país. Sem lenço e sem documento.

Fosse Viana de um partido de oposição ainda dava para entender. Poderia alegar que não estava recebendo ajuda federal para manter os invasores e nem seu estado tinha como sozinho arcar com tão pesado ônus.

Só que o governador é correligionário da presidente Dilma não se justificando a exportação do seu problema sem antes entregá-lo à responsabilidade do Governo Federal. A atitude do governador deixou de calças curtas o prefeito de São Paulo Fernando Haddad, do PT, que chegou a divulgar nota chamando de irresponsável o gesto do correligionário que agiu sem antes pactuar com a administração municipal a melhor forma de recebê-los.

A secretária de estado de Justiça e Defesa da Cidadania de São Paulo, Eloísa de Souza Arruda, classificou a atitude de Tião Viana como “uma deportação forçada”.

Na verdade, o governador agiu nas sombras, como se fosse possível ocultar tamanho descalabro. Colocou os imigrantes em ônibus com destino a São Paulo e apenas mandou que seu secretário de Justiça e Direitos Humanos, Nilson Mourão, ligasse para o padre Antenor Dalla Vecchia, da Pastoral do Migrante da Igreja Católica, anunciando que “alguns” haitianos chegariam ao abrigo. Resultado: para desespero do padre, chegaram mais de 400 na sua porta, famintos e desamparados.

Não se ouviu do Governo Federal nenhuma condenação ao gesto de Viana. Ao contrário, o ministro da Justiça limitou-se a fazer discurso vago de que o problema de migração para o Brasil era novo e precisava de atualização legislativa. Em outras palavras: lavou as mãos.

Muito mais interessado em controlar a base aliada em Brasília, o Governo Federal parece distante de tudo. Inclusive da deportação de pessoas negras e pobres, exatamente as que jurou amparar com o explorado sistema de cotas.

*A deputada estadual Terezinha Nunes é segunda vice-presidente do PSDB-PE

Tucanos capixabas comentam crescimento de Aécio em pesquisa

ruDiante de mais uma pesquisa que mostra o crescimento do pré-candidato à Presidência da República Aécio Neves, tucanos capixabas acreditam que o desejo de mudança da população vem se fortalecendo e vai fazer a diferença.

Segundo a pesquisa Datafolha, publicada no jornal Folha de S.Paulo nesta sexta-feira (9), o senador tucano cresceu quatro pontos em relação à pesquisa anterior e chegou aos 20% das intenções de votos no cenário mais provável para a disputa de outubro.

“Esse crescimento do pré-candidato Aécio Neves nas pesquisas mostra que os brasileiros acreditam cada vez mais na sua capacidade de realizar as mudanças que o Brasil precisa, pois já mostrou isso. E acredito que quanto mais ele mostra do que é capaz, mais os brasileiros acreditam no seu potencial. Em contrapartida, a população vai percebendo que o governo do PT é uma gestão de desencontro e de propaganda”, avaliou o presidente do PSDB-ES, deputado César Colnago.

O tucano é o único dos pré-candidatos que registrou crescimento, de acordo com a pesquisa. Porém, Aécio reiterou que o importante da pesquisa é que mais de 70% dos brasileiros querem “mudanças profundas no País”.

“Pesquisas mostram claramente o desejo de mudança e Aécio é visto como a principal alternativa capaz de realizar essas mudanças. Há uma evolução muito positiva e gradativa no campo da oposição e isso vem crescendo e se consolidando”, afirmou o secretário-geral do PSDB-ES, Ruy Marcos Gonçalves.

 

Colnago exibe capa de jornal que pergunta: “Aeroporto: vamos sair do buraco?”

colnago8-300x199O deputado Cesar Colnago (ES) criticou novamente a demora para a conclusão das obras do aeroporto de Vitória, no Espírito Santo, um dos ícones da má gestão da Infraero na gestão petista. “Volto a esta tribuna para alertar sobre o aeroporto, que é importante para moradores, turistas e negócios. Ele está abandonado, cheio de buracos”, reprovou o tucano.

Iniciadas em 2005, as obras de modernização do terminal aéreo vão custar cerca de R$ 1 bilhão, 137% a mais que os R$ 379,9 milhões estimados no último orçamento divulgado em 2009. Ainda em sua gestão, o então presidente Lula prometeu que a reforma terminaria em 2007, mas as obras se arrastam até hoje. O Tribunal de Contas da União (TCU) apontou irregularidades no empreendimento, como superfaturamento.

Novos projetos foram apresentados e entregues a Infraero, mas, de novo, o TCU negou a continuação da obra por questionar os custos. Segundo o deputado, milhões de reais estão sendo jogados fora com essa demora e a falta de entendimento entre as partes. “Não tem decisão do TCU, que espero que chegue a um acordo. É preciso fazer algo que zele pelo povo e pelo tributo dos capixabas e dos brasileiros”, cobrou.

Da tribuna, Colnago exibiu reportagem veiculada pelo jornal “A Gazeta” alertando para buracos na pista do terminal, considerado um dos piores do país. “Os buracos na pista mostram o quanto este governo está perdendo em dinheiro”, lamentou.

Para o tucano, a lerdeza da Infraero para concluir as obras simboliza uma dificuldade da presidente Dilma para tratar de assuntos estratégicos do país. “A bancada federal já fez vários esforços, já estivemos com o vice-presidente, com o ministro e o governador do estado. Mas não conseguimos sair desse desentendimento.”

Colnago também condenou a maneira como governo trata mal o Espírito Santo. Não só o aeroporto é um exemplo, mas também as rodovias e outras receitas primordiais para o estado capixaba. “Parece que a gente não pertence a esta República. É muito abandono e o que chega são apenas migalhas. Precisamos é de obras e infraestrutura para acabar com os alagamentos e deslizamentos que expõem e matam capixabas”, finalizou.

(Reportagem: Paulo Simões/Foto: Alexssandro Loyola

“O povo na rua”, análise do ITV

protestosbandeiras-300x199Falta pouco mais de um mês para o início da Copa do Mundo. E o que o governo mais temia ameaça se concretizar: o retorno das manifestações por serviços públicos mais decentes, justamente na época em que o país estará em maior evidência mundial. Ontem, pipocaram protestos por todo o país. Parece que o povo começou a voltar para a rua.

Tem para todos os gostos. Houve marchas e bloqueio de vias em São Paulo, transporte público parado no Rio, funcionários públicos em greve em Fortaleza e Salvador, rodoviários de braços cruzados em Florianópolis, Campinas e no Grande ABC. Segundo a Folha de S.Paulo, desde fins
de março ocorrem em média cinco protestos por dia ao redor do país. O caldeirão está em ebulição.

Se muitas das manifestações são justas no conteúdo, algumas são especialmente equivocadas na forma. Por mais que haja frustração generalizada com o legado que a Copa traria e não trouxe e revolta pela montanha de dinheiro público que foi consumida em estádios e em benefícios privados ligados ao torneio, nada justifica arruaças como as vistas ontem nas duas principais cidades brasileiras.

Invadir prédio de construtoras e pichar paredes de escritórios com palavras de ordem, como aconteceu no movimento dos sem-teto em São Paulo, e quebradeira de quase 500 ônibus no Rio não são práticas aceitáveis numa sociedade democrática.

A desordem merece repúdio. Mas ontem se viu foi brindada com gestos amenos e espaço na agenda concedido pela presidente da República aos mesmos que promoveram os atos acintosos na capital paulista. Está errado.

Em campanha desabrida por um novo mandato, Dilma Rousseff tenta transformar tudo em dividendo eleitoral. A turma da baderna é aliada do PT, mas a candidata é, antes de tudo, a primeira mandatária do país. Que sinal passa para a população ao distribuir sorrisos a quem, horas antes, aviltara propriedades?

Motivos para protestar, os sem-teto até têm. O Minha Casa Minha Vida é um fracasso retumbante naquilo que era seu maior objetivo: diminuir a falta de moradia para famílias pobres.

Apenas 15% das 1,2 milhão de habitações prometidas para famílias com renda até três salários mínimos foram concluídas, mostrou O Estado de S. Paulo em janeiro. Não há perspectiva de melhora, mas o governo petista prefere acenar com uma terceira fase do programa, antes de sequer passar perto de entregar o que prometeu.

Sobre a qualidade dos serviços públicos e o parco legado em termos de melhoria da qualidade de vida nos nossos grandes centros que adviria da realização da Copa, é ocioso tratar. Basta olhar em volta e constatar a distância entre as expectativas criadas desde que o Brasil foi escolhido pela Fifa, em 2007, e a realidade atual. Quase nada aconteceu.

Dilma provavelmente recebeu as lideranças do movimento de sem-teto ontem em São Paulo em mais uma tentativa de tentar encaixar-se no figurino da mudança pela qual os brasileiros – e nem só os que têm disposição de ir para as ruas – clamam. Mas sua capacidade de ludibriar
os eleitores está escasseando.

Pesquisa que o Datafolha divulga hoje – com alta de Aécio Neves nas intenções de voto – mostra que continua cada vez mais elevado o clamor de pessoas que querem ver o Brasil mudar. Já são 74% os que pensam assim e não é à petista que eles mais associam a capacidade de atender seu anseio.

Segundo a pesquisa, Aécio tem mais capacidade de fazer as mudanças que o país pede do que a presidente em busca de um segundo mandato. Hoje, 19% atribuem esta qualidade ao tucano e apenas 15% a Dilma. Há dois meses, os percentuais eram invertidos: 10% viam mais preparo
no tucano e 19% na petista. O vetor da mudança mudou.

O mesmo levantamento mostra Dilma com marca recorde de avaliação ruim ou péssima de sua gestão. Agora, 26% da população qualifica seu governo desta maneira, mais que os 25% aferidos no auge dos protestos de junho passado. É este caldo que alimenta a mais nova onda
de protestos que parece se prenunciar.