

PSDB – ES
No carnaval passeei com casais amigos por Florença e vizinhanças. Há mais de meio século, eu, minha mulher Ruth, Bento e Lucia Prado e Arthur Giannotti passeáramos pela mesma região com a fascinação da primeira vez e a energia da juventude. Lá, de onde escrevo este artigo, passamos o 31 de dezembro de 1961.
Desta vez, com o mesmo deslumbramento, revi o que pude das cidades toscanas. Em 1961 vivíamos o clima da Guerra Fria — russos e americanos se enfrentavam por procuração, como na “crise dos mísseis” em Cuba — e as marcas da guerra quente estavam presentes na Europa bombardeada. Agora, nem mesmo a eventual tensão belicosa que os dias de Trump deixam entrever assusta o Ocidente. A memória se esfuma: passa-se por um ou outro cemitério americano em solo italiano e só os mais velhos, imagino, ainda se lembram do que foi a luta dos Aliados contra o Eixo totalitário. Em poucos brasileiros ressoam os nomes de Monte Cassino e Monte Castello, marcos do heroísmo dos soldados brasileiros.
É bom, entretanto, não esquecer. Desfrutando o gênio de Masaccio ou o colorido e a perspectiva dos afrescos de Ghirlandaio, a poucos passos um do outro na Santa Maria Novella, é bom darmo-nos conta de que o que o passado construiu pode romper-se e não só na arte. Vale a pena recordar que a História é mãe e madrasta ao mesmo tempo. Os sinais do futuro podem não ser do nosso agrado, mas com eles teremos de nos haver.
Clique aqui para ler a íntegra do artigo de FHC no jornal O Globo.
Brasília (DF) – O ex-governador de São Paulo e um dos fundadores do PSDB Mario Covas deixou um legado de conquistas e uma carreira política admirada por correligionários e até mesmo por integrantes de outros partidos. Natural de Santos (SP), o tucano foi três vezes deputado federal, duas vezes senador, prefeito da capital paulista e governou o estado por dois mandatos. Em 1989, na primeira eleição direta à Presidência após a redemocratização do país, foi o candidato do PSDB. Após 16 anos de sua morte, em 6 de março de 2001, depois de uma intensa luta contra o câncer, Covas continua sendo lembrado por milhares de brasileiros em todos os cantos do país.
Formado em engenharia civil, o ex-governador iniciou a militância política como estudante universitário, tendo sido eleito vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) em 1955. Em 1969, teve seu mandato de deputado federal cassado pelo Ato Institucional nº 5 (AI-5), quando liderava a bancada de oposição.
Para seu filho e vereador de São Paulo Mario Covas Neto (PSDB), a vida do tucano foi pautada por momentos históricos e com uma atuação de muito destaque.
“Ele foi candidato pela primeira vez a prefeito de Santos em 1961. No ano seguinte, foi candidato a deputado federal e se elegeu pela primeira vez com 32 anos. Depois, veio o golpe de 1964 e ele foi para o MDB, partido de oposição, e virou líder na Câmara aos 35 anos, algo surpreendente pelo momento político e pela pouca idade que tinha. Treze anos depois de cassado, foi candidato a deputado federal pelo PMDB. Em seguida, foi prefeito, senador com uma votação histórica e líder na constituinte”, lembrou.
Na avaliação do vereador, a trajetória política do pai é “inigualável”. “Vai fazer 16 anos da morte dele e ainda escuto com muita frequência aqui em São Paulo a falta que ele faz, que se ele estivesse vivo o país seria outro, que ele seria presidente. Há muita presença dele ainda. Para um político, ter essa presença toda é algo surpreendente. Em um país onde política é sinônimo de coisa ruim, ter alguém que deixa uma imagem tão forte assim é muito legal”, acrescentou.
Mário Covas foi ainda secretário de Transportes e prefeito de São Paulo. Em 1986, se elegeu senador com 7,7 milhões de votos. Dois anos depois, em 1988, ajudou a fundar o PSDB e se tornou o primeiro presidente nacional do partido. Venceu as eleições para o governo paulista em 1994 e conseguiu se reeleger em 1998.
Seus dois mandatos tiveram como principais ações o saneamento das finanças públicas, com medidas destinadas a promover ajuste fiscal e equilíbrio orçamentário. Adotou o chamado Programa Estadual de Desestatização (PED), que privatizou as principais empresas e estradas estaduais entre 1995 e 2000.
Para o neto de Covas, o vice-prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), a importância do ex-governador na política brasileira é reconhecida e lembrada até os dias de hoje. “Em um país em que se diz que rei morto é rei posto, estamos às vésperas dos 16 anos do falecimento dele com as pessoas tendo uma memória tão viva e tendo tão boas referências. A gente vê a grandeza e a importância que ele teve por toda a carreira dele, desde líder da oposição no regime militar, passando pelos 10 anos de cassação, a formação do MDB, do PMDB e do PSDB, a primeira candidatura do PSDB à Presidência em 1989, a constituinte”, ressaltou.
PSDB
Bruno Covas também destacou a fundação do PSDB como um dos momentos mais marcantes da história de Covas. De acordo com ele, o objetivo do ex-governador ao lado de outros parlamentares era buscar um novo partido que pudesse representar os anseios reais da sociedade.
“A partir de um determinado momento, se percebeu dentro da Constituinte um grande bloco criado ainda sob a égide de um dos partidos do bipartidarismo que já não representava mais os anseios da sociedade. Hoje a gente só vê criação de partido de quem é da oposição para poder aderir ao governo. Aquele foi um momento exatamente contrário. Eram 50 parlamentares governistas que resolveram ir para a oposição porque não concordavam com o rumo do partido e com o rumo do governo. Isso marcou. Era um grupo muito forte, tanto que o PSDB nasceu já forte e consolidado dentro do Congresso e até hoje é um dos principais partidos brasileiros”, completou.
Marcas
O vereador Mario Covas Neto também destacou que uma das grandes marcas registradas do tucano era a atenção aos mais pobres, principalmente à frente da prefeitura de São Paulo, lançando programas e mutirões que revolucionaram a periferia da cidade.
“Ele tinha isso muito claro, não titubeava em relação a uma decisão que envolvesse um benefício para aquele que precisava mais. Isso parece até meio demagogo, mas não é. Na época, a maior reivindicação era de ter asfalto nas ruas porque, sem rua asfaltada, não entra caminhão de lixo, ambulância, polícia, ônibus. Em dois anos e meio, ele fez mais de 5.000 km de rua, além dos mutirões de habitação. O pensamento é sempre em como você é capaz de dar guarida a quem não tem nada e depende do poder público para poder ter o mínimo de dignidade. Até hoje, muita gente que encontro na rua conta uma história, se emociona e chora, de tão envolvente que foi”, afirmou.
Para Bruno Covas, o olhar aos mais necessitados fez com que o avô entrasse para a vida pública. “Ele só passou a ser conhecido em Santos, quando, ainda engenheiro da prefeitura, foi destacado para cuidar de um deslizamento de terra. Aqui em São Paulo, por onde passo na periferia, as pessoas vêm falar: ‘ele veio aqui e produziu essa calçada, ajudou a gente a fazer essa rua, prometeu e construiu duas escolas’. Era uma pessoa que estava muito presente em todos os cantos da cidade e também depois como governador teve uma atenção prioritária aos mais humildes”, destacou.
Segundo o vice-prefeito, esse cuidado também é um dos símbolos do PSDB. “É assim que o PSDB governa, repassando atividades que não são essenciais do Estado para a iniciativa privada cuidar para poder focar naquilo que é o essencial: saúde, educação, moradia, transporte. Enfim, aquilo que é o essencial, que o poder público tem que fazer e fazer bem feito”, disse.
A Prefeitura de Boa Esperança continua os investimentos em infraestrutura e mobilidade urbana. Através da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Transportes, a Prefeitura está realizando a pavimentação, drenagem e revitalização da Avenida Simonetti, no Bairro Ilmo Covre, com investimentos de R$ 288.220,07.
A obra está sendo executada em parceria com Governo Federal, com recursos viabilizados por emenda parlamentar e com contrapartida do Município. Neste bairro, recentemente, os moradores foram beneficiados com calçamento de Avenida Virgílio Simonetti e academia ao livre.
“Em breve estaremos dando ordem de serviço para obra de calçamento de todas as ruas do Bairro Boa Vista. Temos recursos de R$ 500 mil garantido por emenda parlamentar. Encaminhamos o projeto e agora estamos aguardando a liberação da Caixa Econômica para realizarmos o investimento”, ressalta o prefeito Lauro Vieira.
O programa de imunização “Vila Velha Contra a Febre Amarela” prossegue a partir desta segunda-feira (06) e no decorrer da semana em 16 Unidades de Saúde espalhadas nas cinco regiões do município. E também no ginásio Tartarugão, em Coqueiral de Itaparica, das 8h às 17h, atendendo exclusivamente aos usuários que normalmente procuram a US de Coqueiral que, por sua vez, funcionará apenas para atender as rotinas de outras vacinações, consultas ou exames.
De acordo com secretário municipal de Saúde, Jarbas Ribeiro de Assis Júnior, a partir de segunda-feira, até sexta-feira, o ginásio Tartarugão não funcionará no sistema de mutirão como ocorreu no final de semana e somente vai distribuir o máximo de duas mil senhas por dia, que era o mesmo quantitativo ofertado na US de Coqueiral dias atrás.
“Mutirões só irão ocorrer nos fins de semana, sábado e domingo, durante o mês de março, ofertando uma maior quantidade de senhas para a população em geral e abrindo pontos alternativos de atendimento”, assinalou o secretário, prevendo que até o final do mês a cobertura vacinal contra febre amarela alcance a meta de 100% de atendimentos.
Confira os locais de vacinação no decorrer desta semana em Vila Velha:
Ginásio Tartarugão (em substituição à US Coqueiral)
US Glória
US Vale Encantado
US IBES
US Santa Rita
US Vila Nova
US Barramares
US Ulysses Guimarães
US Jardim Marilandia
US Paul
US Dom João Batista
US Araças
US Vila Garrido
US São Torquato
US Barra do Jucu
US Ponta da Fruta
US Terra Vermelha
Documentos necessários: Identidade com foto e carteira de vacinação.
Laudo médico OBRIGATÓRIO para maiores de 60 anos e gestantes.
Os pacientes acima de 60 anos deverão procurar a US onde já fazem acompanhamento médico, para serem avaliados.
Artigo publicado nesta segunda (06) no Folha de S. Paulo
Há semanas, fiz um alerta para a atualidade de um antigo debate: o da verdade contra a mentira. Infelizmente, hoje, tudo se embaralha. E perde-se a noção de onde terminam os fatos e começam as versões que não guardam qualquer parentesco com a realidade.
Meu nome esteve em evidência nos últimos dias associado aos depoimentos de executivos da Odebrecht ao TSE.
As afirmações de Marcelo Odebrecht, de que as doações feitas à minha campanha em 2014 foram legais, foram ignoradas. Da declaração dele, de que eu teria solicitado apoio de R$ 15 milhões e que esse apoio não foi efetivado, foi divulgada apenas a primeira parte.
Em depoimento também ao TSE, o executivo Benedicto Júnior disse que eu teria solicitado apoio para candidatos de Minas. E que esse apoio teria sido feito via caixa dois. Ele não disse que eu teria feito pedido de caixa dois. Ainda assim, foi essa falsa versão que ganhou o noticiário.
Não se trata mais de vazamentos seletivos, mas de vazamentos fraudados.
Pelo sistema que vigorou até 2014, era responsabilidade dos partidos buscar recursos junto a empresas para financiar suas campanhas. Essa era a lei.
Qualquer solicitação de apoio que, como presidente do PSDB, eu possa eventualmente ter feito em favor de candidatos, terá sempre sido na forma legal. Não ofereci em troca benesses de um poder que eu nem sequer tinha.
Há meses, vazamentos condenáveis estão sendo usados para tentar igualar delações, muitas vezes apenas de ouvir falar, a comprovados esquemas bilionários de corrupção. Será justo que o “ouvi falar”, a ausência de provas, justifiquem o mesmo tratamento de denúncias comprovadas? Será que ser equilibrado é tratar da mesma forma situações completamente diferentes?
Continuo defendendo firmemente o prosseguimento das investigações e reitero minha confiança de que as instituições irão apurar a verdade e separar joio de trigo.
O PSDB estará pronto para, sempre que necessário, responder às acusações de que é alvo, na certeza de que elas não irão prosperar após o severo exame da Justiça.
Mas cabe aqui a analogia do arqueiro: a flecha atirada não volta para o arco. No seu rastro, o que fica é a reputação comprometida e o questionamento da opinião pública.
Para todos que exercem a vida pública, dois juízos são igualmente importantes: o da Justiça e o da população. Ser absolvido no primeiro, após ter sido apressadamente condenado no segundo, não fará justiça. Esse é um debate que precisa ser enfrentado, independentemente de preferências político-partidárias ou mesmo pessoais.
O direito de defesa não pode ser reduzido à retórica inócua ou a um detalhe secundário em uma sociedade que se pretenda democrática.
O PSDB Vila Velha realizou, na manhã deste sábado (04), sua Convenção Municipal que homologou o tucano Nerci Pereira como novo presidente do Diretório canela verde.
O evento, que ocorreu na Câmara Municipal de Vila Velha, contou com a presença do prefeito Max Filho, do vice governador César Colnago, do deputado estadual Dr Hércules, vários vereadores e lideranças políticas e comunitárias.
Vila Velha foi o primeiro diretório do estado a realizar a Convenção.
O presidente estadual do PSDB, Jarbas Ribeiro de Assis Junior, destacou o momento que o partido vive no Espírito Santo
“Obtivemos o maior resultado eleitoral da história do partido e estamos realizando boas gestões nos 13 municípios onde elegemos prefeitos. Iniciamos hoje, a partir das Convenções Municipais em Vila Velha, um processo preparatório para o pleito do ano que vem. Temos um projeto para o Espírito Santo e lançaremos candidaturas próprias com chapa completa.” sentenciou Jarbas
Com excelentes resultados apresentados em sua gestão, Jorge Carreta, (vice prefeito e ex presidente municipal de Vila Velha) salientou a importância da organização partidária.
‘Estamos vivendo um momento ímpar da social democracia em Vila Velha. Alcançamos resultados extremamente satisfatórios pois atuamos com planejamento estratégico e organização. Desejo um mandato de sucesso ao nosso companheiro Nerci”
Confira a nova Diretoria Executiva do PSDB Vila Velha
Presidente: Nerci Pereira
Vice-presidente: Jorge Góes Coutinho
Secretário: Railton Nunes Santos
Tesoureiro: José Fernado Pereira
1º Vogal: Jorge Carreta
2º Vogal: Maurício Pinto Nascimento
3º Vogal: Marcelo Zan nascimento
Deputados do PSDB comemoram os primeiros sinais de recuperação da economia e defendem cautela em relação aos números. Para os tucanos, apesar dos indícios de melhora, somente a aprovação de reformas e a adoção de medidas de austeridade em médio e longo prazo poderão recolocar o país definitivamente nos trilhos do crescimento.
Diante da retomada da atividade econômica, o governo refez suas contas e encontrou margem para uma certa folga na administração do Orçamento da União no início deste ano. Na prática, o contingenciamento de R$ 50 bilhões, previsto inicialmente, deve ser, na realidade, de R$ 30 bilhões.
“Uma crise enorme foi herdada, mas os primeiros sinais positivos começam a aparecer, como a queda da taxa de juros”, afirmou o deputado Eduardo Cury (SP) em entrevista ao Conversa com os Brasileiros. Tal queda deve continuar, como indica a ata da última reunião do Copom, divulgada neta quinta-feira (2). No último dia 22, o comitê anunciou o quarto corte seguido na taxa Selic: redução de 0,75 ponto percentual, passando de 13% ao ano para 12,25% ao ano. A expectativa é de que os próximos cortes sejam ainda maiores.
Para Cury, o principal desafio agora é a recuperação dos empregos, que virá com a somatória de uma série de esforços em prol da economia. Ele alerta para a necessidade das reformas, sem as quais a recuperação econômica não terá êxito. “Defendo a reforma da Previdência, a modernização das leis trabalhistas e uma reforma tributária que simplifique a carga para o trabalhador e para quem quer contratar. Além de uma reforma política para dar mais transparência ao processo. Sem superar esses desafios não conseguiremos atravessar essa ponte”, aponta.
As medidas que vêm sendo adotadas pelo governo já surtem efeitos. A projeção de inflação do Copom para 2017 caiu em relação à estimativa prevista em janeiro e ficou em torno de 4,2%, abaixo do centro da meta de 4,5%. Para o próximo ano está ao redor de 4,5%. Outro indicador mostra que a inflação medida pelo IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor Semanal) desacelerou em fevereiro: teve variação de 0,31%, taxa 0,09 ponto percentual inferior à registrada na última apuração, referente à terceira prévia do mês (0,4%).
No final de fevereiro, em audiência pública na Câmara, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que a recessão acabou e o país entrou na rota do crescimento econômico.
O deputado Fábio Sousa (GO) vê os primeiros sinais de recuperação da economia com otimismo, porém, defende bastante cautela. Para ele, o fato de o governo pensar em um contingenciamento menor neste ano é importante para o país e um bom indicativo, mas ainda há muito o que se fazer. “Essa é uma boa notícia. Podemos vislumbrar um cenário melhorado nos próximos anos, mas é preciso ter muita cautela”, disse.
O deputado avalia que os 13 anos de governo petista foram desastrosos para a economia nacional, sobretudo os últimos seis anos. A recuperação, para ser real, leva tempo. “Por isso, vamos ter que trabalhar muito e por muitos anos”, alerta.
Na avaliação de Sousa, as medidas austeras terão que ser muitas, assim como as reformas. Ele acredita que os seis anos de governo Dilma representaram um retrocesso de 60 anos para o Brasil. “Então não vai ser tão fácil se recuperar das medidas que ela tomou. A questão do emprego é a principal e por isso defendo uma reforma trabalhista. As medidas contra o desemprego devem ser as principais e para isso é preciso aquecer a economia”, aponta.
Segundo apurado pela Folha, a arrecadação do governo continuou caindo nos últimos meses, mas em ritmo mais lento a cada mês. Em janeiro, a queda foi de 2,6%, e espera-se melhora em fevereiro. Internamente, os economistas do governo reviram suas projeções para o crescimento do país neste ano, de 0,5% para 0,7%, voltando a se aproximar da projeção oficial da Fazenda, de 1%, que foi elaborada no ano passado.
A equipe econômica aposta que a confiança dos investidores aumentará com o avanço da reforma da Previdência, essencial para o funcionamento do teto criado no ano passado para manter sob controle os gastos federais.
A redução determinada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) na semana passada parece ter afastado as dúvidas de que a taxa básica de juros no país vai finalmente caminhar para um patamar civilizado. Depois do quarto corte consecutivo, as apostas em novas e acentuadas quedas se intensificaram, ao mesmo tempo em que aumentou a confiança no mergulho da inflação.
O mercado agora já aposta numa Selic de 9,25% no fim deste ano, patamar em torno do qual o juro básico brasileiro deve se estabilizar nos anos seguintes, de acordo com a mais recente pesquisa Focus, divulgada ontem pelo Banco Central.
Alguns podem até achar pouco, mas vale ter presente que há apenas seis meses, quando o governo Michel Temer assumiu o comando do país em definitivo, a previsão corrente no mercado era de uma taxa básica de 11% no fim deste ano, com o sonhado um dígito só despontando nas expectativas em 2020. O futuro, ao que tudo indica, está chegando.
O Copom começou a desmontar os juros estratosféricos em outubro e, desde então, tirou dois pontos percentuais da taxa básica, baixando-a para os atuais 12,25% ao ano. Isso ainda equivale a uma taxa real, ou seja, acima da inflação projetada, de cerca de 7% ao ano. Nenhum país do mundo paga tanto aos investidores.
Por isso, dá para (e deve-se) cortar a Selic muito mais. Cada ponto percentual a menos da taxa básica equivale a cerca de R$ 22 bilhões que o governo economiza em juros da rolagem da sua dívida – no ano passado, os gastos do setor público com esta finalidade somaram R$ 407 bilhões.
O atual ciclo de redução da Selic só foi possível porque o país obteve êxito em derrubar a inflação, que já caiu pela metade no último ano e deve despencar mais. Também de acordo com o Focus, já se trabalha com a possibilidade de o IPCA, o índice oficial, ficar abaixo da meta de 4,5% no fim deste ano. Desde 2009, ou seja, lá se vão oito anos, isso não acontecia no país.
Neste movimento redentor, falta, porém, uma segunda perna: a da queda dos juros praticados pelas instituições financeiras. Na contramão do Banco Central, as taxas cobradas ao consumidor e às empresas estão subindo, num contrassenso para uma economia em crise. O ciclo de cortes precisa ser completo, mas sem voluntarismo.
A redução atual dos juros brasileiros tem tudo para ser perene, pondo fim a uma das piores anomalias da nossa economia. É, portanto, bastante diferente do ciclo empreendido entre 2011 e 2013, quando a taxa foi reduzida de forma irresponsável pelo governo petista, naquela que é uma das razões para a recessão da qual ainda não emergimos. Aquele movimento, como sabemos, teve pernas curtas.
A queda dos juros, acompanhando pari passu a redução da inflação, é uma das principais alavancas de que o país dispõe neste momento para reativar a economia – outra são as concessões e privatizações. É o motor da arrancada, que só se fará permanente, contudo, caso também avancem as reformas estruturais atualmente em discussão no Congresso, em especial a da Previdência – como, aliás, o próprio BC deixou claro na ata da reunião do Copom divulgada nesta manhã.
Com as engrenagens da queda das taxas de juros funcionando, um ciclo virtuoso poderá se por em marcha no país: os gastos dos governos com o pagamento de suas dívidas caem, os investimentos produtivos ganham ímpeto relevante e a geração de emprego e renda recomeça. E, desta forma, a retomada do crescimento se consolida.