PSDB – ES

“Como a socialdemocracia pensa em mudar o Brasil”, por Ruy Marcos Gonçalves

ruyRecentemente, numa tentativa de estabelecer as bases de uma nova agenda para o País, nosso presidente, senador Aécio Neves, fez divulgar um documento que em 12 tópicos procura dar o norte do que seria a visão socialdemocrata para Mudar o Brasil.
Nos últimos 11 anos, onde enfrentamos três derrotas nas disputas presidenciais, nos deparamos com algumas dificuldades que me pareciam ser intransponíveis, dada a distância mantida por nós da interação com as bases dos movimentos sociais.
Historicamente, nossa contribuição enquanto Governo que fomos por 08 anos nas administrações do presidente Fernando Henrique, mesmo que consideremos os sucessos alcançados e a mudança dos rumos do País com política econômica bem elaborada e perfeitamente conduzida, faltou-nos a capacidade de mantermos a proximidade necessária com os movimentos sociais que nos permitissem a sintonia que garantiria a adequada representação e a resposta a seus anseios e necessidades.
Amargamos nestes 11 anos o avanço do PT no comando da nação e a sua competente forma de, mesmo desonestamente, se apropriar das mais diversas bandeiras levantadas por nossa sociedade como se fossem seus reais idealizadores e únicos defensores.
A experiência nos trouxe a necessidade de MUDAR nosso modo de atuação, priorizando a estruturação do partido junto aos movimentos sociais até então apadrinhados quase que exclusivamente pelo movimento petista. Setores como o Movimento de Juventude, Mulheres, Sindical, Negros e Diversidade Sexual que não contavam com a nossa presença tornaram-se prioridade do Partido no âmbito Nacional.
Mesmo que limitados por uma realidade onde em muitos casos tivemos de partir da estaca zero, não nos furtamos de tentar dar nossa contribuição para levar o pensamento socialdemocrata para os movimentos citados e encarar um debate objetivo sobre as tarefas do Partido e de nossas lideranças políticas para se fazerem legítimos representantes destes setores.
Aquilo que chamei de mudança de rumo apresentou um resultado positivo, mesmo que tenha sido aquém de expectativas e da necessidade.
O movimento de mulheres cresceu, o de Juventude se consolidou, o Sindical mostrou sua cara e mesmo o Movimento Negro, vencendo resistências internas, se fez presente com a criação do Tucanafro Nacional, cuja criação, recebeu de nós todo o empenho e dedicação onde percorremos o Brasil para sensibilizar nosso Partido de sua importância.
Mas como eliminar o estigma de elitista que tanto persegue a história do PSDB?
Difícil pensar em outro caminho que não fosse pela inserção nestes movimentos sociais tornando os mesmos bandeiras do Partido em todo o Brasil.
Ao lançar um documento que se propõe a ser “uma agenda que tem como objetivo resgatar a enorme dívida social que o país ainda tem com milhões de cidadãos e garantir às novas gerações as condições para viver num Brasil mais justo, democrático e desenvolvido”, percebemos que a ideia inicial de inserção parece ter sido subestimada ao ponto de palavras como: mobilização, exclusão, negro, discriminação e diversidade não aparecerem no documento de quase trinta páginas. A palavra juventude aparece uma única vez. Assim como a palavra trabalhadores que surge somente duas vezes no mesmo documento.
Difícil imaginar que a ausência destas “palavras” não seja sintomática e naturalmente traga prejuízos ao que desejamos construir rumo a 2014.
Se mudar o Brasil é o nosso desejo, precisamos mesmo conversar.

 

Ruy Marcos Gonçalves é secretário-geral do PSDB-ES

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