Domingo, 17 de abril de 2016. Não há dúvidas de que esse pode se tornar um dia histórico. Vamos todos hoje acompanhar com muita atenção a atuação da Câmara dos Deputados. Cada parlamentar deverá, de fato, sentir o peso e a responsabilidade que possuem como representantes do povo brasileiro e tomar a decisão pela admissibilidade ou não do processo em curso por crime de responsabilidade da presidente da República. Durante as últimas semanas, todo o Brasil debateu o assunto. E é chegado o momento da decisão por parte daquela Casa.
A construção do muro na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, nessa última semana, mostra bem a que nível chegamos com as ações adotadas pelo Governo nos últimos anos. A intenção de separar ‘ala norte’ e ‘ala sul’ é ‘manter a segurança’, o que é positivo e correto por parte das autoridades. Mas é, ao mesmo tempo, infelizmente, a constatação de que os contrários não podem conviver pacificamente, essa que deveria ser a condição essencial da democracia.
O clima de acirramento político que assistimos hoje é consequência da pregação ideológica de um partido que mantém um discurso caduco e arcaico. Discurso que deveria já ter sido enterrado em 9 de dezembro de 1989, quando, em um outro dia histórico, um outro muro, em Berlim, foi derrubado. Discurso de ‘nós contra eles’, de pobre contra rico, de norte contra sul, de luta de classes. Que bobagem! Não precisa e não deve ser assim. Somos todos brasileiros. E todos querem e merecem ter uma vida melhor. É pelo bem comum que precisamos lutar.
Tento compreender a revolta e a insatisfação de muita gente. Fomos vítimas, por muito tempo, da mentira, da enganação e do engodo. Chega uma hora que, de fato, parece impossível conviver com argumentos baseados nesses precedentes, até porque a situação econômica e social acompanhou a grave crise política e ética que assola o Brasil e todos sentem, no bolso e na pele, os efeitos dessa irresponsabilidade.
É muito triste, no entanto, assistirmos amizades que se desfazem, brigas entre irmãos, entre pais e filhos, nas ruas e nas redes sociais, por questões políticas. Não é para desunir que existe a política. As opiniões diferentes devem haver. E elas são positivas. O que não pode é erguermos muros pelo simples fato de que pensamos de maneira distinta, de termos opiniões opostas.
A solução para tudo se dará no diálogo. É politicamente que os assuntos políticos se resolverão. Por isso, a partir de hoje, precisaremos nos concentrar não mais no erguimento de muros, mas na construção de pontes. Resgatar o respeito e a credibilidade do Brasil. A esperança e a fé dos brasileiros. Essa é a nossa tarefa enquanto homens públicos e enquanto cidadãos.
Continuo torcendo para que saíamos, o Brasil, muito mais fortalecidos de toda essa situação. Faço votos de que esse momento possa se transformar no início de um novo processo político no qual a sociedade esteja cada vez mais inserida e participativa. Digo, reitero e alerto sempre: não haverá melhoria substancial se o cidadão não assumir seu papel, protagonista de sua história, senhor de seu destino. Em meio a esse processo conturbado e difícil, acredito que esse pode ser o maior aprendizado. Sejamos, nós todos, agentes da mudança. Participemos dessa construção.