A crise financeira global de 2008 provocou a desvalorização galopante dos ativos pelo mundo afora. Como pedras de dominós enfileiradas,eles foram caindo de valor um a um depois da crise do mercado imobiliário norte americano. O efeito manada e o pânico atingiram moedas e títulos de países e empresas que foram sendo contaminados e por conseguinte desvalorizaram-se em cadeia. A principal lição é que hoje a confiança é o único lastro para o valor dos ativos.
As agencias de avaliação de risco erram muito e cometem injustiças mas são as principais formadoras de opinião no ambiente em que se forma a imagem e a reputação dos credores e captadores de recursos. Tudo depende da credibilidade de quem disputa a preferência dos investidores num mundo em que sobra dinheiro e faltam projetos. O mercado prefere sempre ser otimista mas é desconfiado, medroso e volúvel.
O governo da presidente Dilma anunciou e está tentando executar um pacote de privatizações de US$ 200 bilhões em concessões no setor de infraestrutura ao mesmo tempo em que se preocupa em divulgar estatísticas fiscais que afirmem a solidez e a solvência do Brasil e dos ativos das empresas brasileiras apesar de manipular “criativamente” a contabilidade nacional. Desconfio fortemente que esta estratégia não corre nenhum risco de dar certo. Está faltando o principal ingrediente,a confiança.
Em 2002 o PT e Lula souberam reverter a expectativas negativas que acercavam o mercado diante da suaperspectiva de poder e fizeram o “risco Brasil” explodir levando junto o câmbio e a inflação. A carta aos brasileiros lançada durante a campanha foi o sinal de que eles não fariam nenhuma loucura com a economia se ganhassem e foi exatamente o que aconteceu. Palocci, Meirelles e a equipe de Pedro Malan que ficou no governo reconquistaram a confiança do mercado em poucos meses com metas de superávit fiscal, austeridade monetária e compromisso de fato com as metas de inflação.
As mentiras e contradições das autoridades econômicas do governo Dilma só não são piores para sua credibilidade do que os resultados concretos causados pelos equívocos de política econômica cometidos. Os exemplos abundam: da volta da inflação `a volatilidade do cambio; da desorganização do setor de petróleo e de energia elétrica `a bagunça tributaria; da insegurança jurídica ao colapso da infraestrutura, como descreveu muito bem Miriam Leitão em sua coluna no ultimo domingo dia 8/09. Dizem até que Lula já tinha sugerido a substituição de Guido Mantega por Meirelles, que só não aconteceu pra ninguém dizer que foi pra agradar ao “The Economist”.
Parafraseando o marqueteiro de Bill Clinton: “É a confiança, estupida!”
Luiz Paulo Vellozo Lucas é ex-prefeito de Vitória e ex-deputado federal