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Doria chega ao estado e cumpre agenda em Vila Velha

O prefeito de São Paulo, João Doria, chega ao estado hoje às 13 horas e cumprirá agenda em Vila Velha, onde receberá homenagem na Câmara Municipal. 

Em entrevista ao Jornal A Gazeta, o tucano fala sobre a conjuntura política e da situação atual do país.

Confira a entrevista completa abaixo

Qual o objetivo de sua aproximação política com o Espírito Santo? O que motivou o senhor a visitar Vila Velha, nesse roteiro que tem feito no país?

Bem, estamos fazendo a visita a convite do prefeito de Vila Velha (Max Filho) e também da Câmara municipal para uma boa conversa, uma boa prosa e conhecer, também, aspectos importantes da economia industrializada e avançada da cidade, que tem no chocolate o seu grande porta-estandarte. Faço isso na dupla condição de prefeito da cidade de São Paulo e também de vice-presidente da Frente Nacional de Prefeitos (FNP).

O meio político atribui a essas suas caravanas pelo país o objetivo de marcar território para eventual disputa presidencial em 2018. O noticiário aborda amplamente esse movimento. Como o senhor responde a essa leitura?

Eu tenho feito visitas e tenho atendido a convites, principalmente onde recebo homenagens e onde me convidam para palestrar, num gesto de atenção e delicadeza, retribuindo, igualmente, os gestos que me fazem. E, ao mesmo tempo, conhecer o Brasil na condição de vice-presidente da FNP é parte de minha obrigação nessa condição. Aliás, cabe a mim e ao presidente da Frente, o prefeito de Campinas (SP), Jonas Donizette, fazermos isso, até porque nós temos que representar adequadamente os municípios brasileiros, as suas diferentes regiões em Brasília, onde fica a sede da Frente. Então, eu não coloco o estandarte de campanha, nem me apresento como pré-candidato à Presidência da República. Vou, sim, na condição de prefeito eleito da cidade de São Paulo e de vice-presidente da Frente Nacional de Prefeitos.

Quem são seus aliados no Espírito Santo? O senhor já conhecia o Estado?

Vila Velha, não. Será a primeira vez, mas, no Espírito Santo, eu estive várias vezes em Vitória. Para mim, será um prazer, inclusive, conhecer Vila Velha, que não tive oportunidade ainda de conhecer.

O senhor encontrará Hartung nesta quarta-feira?

Sim, estaremos juntos.

E qual sua proposta de solução para o partido recuperar o equilíbrio?

Eu fiz, inclusive, uma proposta ao presidente interino Tasso Jereissatti, ao presidente licenciado, senador Aécio Neves, que pudéssemos antecipar as eleições do Diretório Nacional para o próximo mês de outubro, ao invés de fazê-lo em dezembro. Neste período, manter interinamente o senador Tasso como presidente do partido, Aécio segue licenciado… Com isso, diminuímos esse tempo de exposição e aceleramos um pouco mais a convenção nacional para a escolha da nova Executiva do PSDB. Damos também, com essa sugestão, tempo para que as convenções estaduais e municipais possam ocorrer ao longo do mês de setembro, até o início do mês de outubro. Com isso, acredito que possamos deixar livre o mês de dezembro para uma decisão também equilibrada, tranquila e soberana sobre quem será o candidato do PSDB à presidência da República. Então é a busca do entendimento, acredito que agora é a fase do entendimento e da paz.

Mas o senhor defende que o PSDB permaneça na base do governo Temer, não é isso?

Eu defendo que o PSDB proteja o Brasil, temos que pensar no Brasil, não podemos apenas ter uma visão partidária e do interesse partidário. Neste momento, é preciso que o país se sobreponha, ainda mais num ano que não é ano de eleição, em 2017 não temos eleição. Temos que proteger o Brasil, amparar e apoiar a reforma previdenciária; apoiar a reforma política, pelo menos no que tange a ordenar as eleições de 2018; e criar, de forma alentadora, um clima bom para discutir a reforma tributária no primeiro semestre do ano que vem, antes de contaminar com as eleições que vão ocorrer em outubro de 2018. E proteger a economia brasileira também, que vai indo bem! Aliás, esse é um fato positivo. Os princípios econômicos vêm sendo bem colocados sob a liderança do ministro Henrique Meirelles. O Brasil está dentro de uma faixa de responsabilidade fiscal, reduziu despesas, cortou despesas desnecessárias, teve uma atitude ousada e que eu aplaudo, que é essa de privatizar a Eletrobras. E, com isso, garantir a retomada dos empregos. Nós temos 14 milhões de desempregados, sete milhões de subempregados, 21 milhões de pessoas em sofrimento nas ruas das cidades brasileiras. É preciso que a questão econômica seja colocada como pauta prioritária do país. Senão, não vamos gerar empregos e não vamos estancar essa situação do flagelo do desemprego no Brasil.

Por todas essas razões, então, o senhor defende que o PSDB prossiga alinhado com Temer, não é?

É, eu sempre digo, não é um subterfúgio. Nós temos que estar aliados ao Brasil, para protegê-lo e defender as medidas boas e positivas que estão sendo tomadas. E nós temos quatro ministros de Estado, do PSDB, no governo, e são pessoas corretas, pessoas de bem, que vêm cumprindo bem o seu papel nas suas respectivas áreas.

O senhor entrou na política só recentemente e tem visto o cenário nacional ser sacudido pela Operação Lava Jato há pelo menos três anos. Qual a lição que essa operação, punindo políticos de todas as siglas, tem ensinado ao país? Qual é o grande papel pedagógico que ela ensina para os partidos como um todo, inclusive o PSDB, que teve o presidente afastado Aécio Neves alvejado numa das mais recentes fases da Lava Jato?

Ótima pergunta, e obrigado por fazê-la. Primeiro, apoiar integralmente a Operação Lava Jato até a sua completa conclusão, leve o tempo que for, investigue quem tiver que ser investigado, puna quem tiver que ser punido. Eu, felizmente, não tenho Lava Jato, não tenho nenhum envolvimento em nenhuma operação, em nenhuma investigação. Defendo, forte e decididamente, o apoio ao juiz Sérgio Moro e às medidas saneadoras que ele vem comandando como um verdadeiro herói nesta batalha disciplinadora e, principalmente, de colocar a honestidade como padrão do país. Então, temos que apoiar sim, obviamente garantindo a total e ampla defesa dos acusados, para que tenham o seu direito preservado. Mas havendo conclusões pela Justiça, e que estabeleçam penalidades, que elas sejam cumpridas, seja por quem for.

Mas o senhor se decepcionou com o senador Aécio?

Eu não quero dizer isso. O senador Aécio tem uma boa biografia. Ele está sob acusação e, a meu ver, está dentro do campo que eu acabo de mencionar. Tem direito a fazer sua ampla defesa. Tenho segurança de que ele conseguirá fazer essa ampla defesa e provar a sua inocência. E essa ampla defesa deve estar aberta, indistintamente, a todos que estão sendo investigados neste momento. Mas, transitada em julgado, que a punição seja exemplar a quem quer que seja. Ninguém está acima da lei e ninguém pode imaginar que está acima a lei no Brasil. Todos são iguais.

O senhor é tido como um candidato anti-Lula, com quem, inclusive, troca críticas abertas. Como vê essa polarização política no país, um pouco acirrada, com alguns focos de extremismo nos dois campos? Acha sadio, vê com preocupação, acha normal?

Acho normal. Sadio é o bom debate, a discussão é boa, saudável, democrática. O que não é sadio é a postura das esquerdas, principalmente do PT, PCdoB, PSOL e Rede, que, de maneira muito intolerante, não admitirem nenhuma opinião diferente das deles. E não admitem críticas também, devolvem com rojões, com ovos, com agressões, com xingamentos, ameaças. Isso é que é condenável. Não é saudável, não é boa a falta de estrutura e de equilíbrio para debater o Brasil. Mas eu, que no setor privado aprendi a fazer do limão a limonada, agora, na área pública, aprendi a fazer, da ovada, a gemada! Então, nada me atemoriza, nem os ovos. Porque fui recebido, lá em Salvador, por um grupo do PT e do PCdoB de forma muito agressiva, com rojões, agressões, palavrões e ovos. E devolvi a eles, quando retornei a São Paulo, convidando uma granja para doar 10 mil ovos que permitiram a execução de 5.700 refeições para a população em situação de rua da cidade de São Paulo. Portanto, da ovada eu devolvi com o omelete!

O senhor vê com restrições essa defesa engajada das esquerdas ao presidente Lula?

Eles estão no seu direito. O que não pode é ter intolerância, intransigência, agressão. Isso não! Isso é intolerável, inaceitável. O fato de defender Lula, ainda que seja surpreendente defender alguém com uma ficha criminal tão extensa quanto Luiz Inácio Lula da Silva, e um mentiroso-mor, com curso de PhD em mentira. Mas, enfim, cada um tem a sua visão, e não me oponho a essa visão do ponto de vista do direito de quem quer exercê-la. O que eu me oponho é à intransigência, é à essa situação de ‘nós contra eles’, ‘nós somos a verdade’, ‘os que não conjugam da nossa verdade não prestam, não valem, são traidores da pátria’. Isso não! Até porque a maioria dos brasileiros não concorda com Lula, não concorda com o PT e nem com as mazelas que promoveram no Brasil. Sejam democratas, saibam discutir de bom tom e nas arenas corretas, sem agressões, sem ameaças.

O senhor e o governador Geraldo Alckmin vivem um clima de guerra não declarada em relação à disputa sobre o candidato do PSDB a presidente em 2018. O senhor já declarou que a relação com ele é muito boa etc, mas essa especulação prosseguirá nos próximos meses, em função desse clima de pré-campanha. Qual sua relação com Alckmin, como pretende equilibrar essa disputa se vier a acontecer?

Tenho enorme respeito pelo governador Geraldo Alckmin. É meu amigo, não há nenhum abalo nas nossas relações e nem haverá. Quem tem uma relação de 37 anos, e que, inclusive, não nasceu na política, sabe compreender um ao outro. E a nossa relação, e a de nossas famílias também, nos dá a grandeza de alma, de pensamento e de sentimento. O governador Alckmin é uma das melhores figuras da política brasileira em qualquer tempo, merece não só a minha admiração, como o meu mais profundo respeito. E quero reafirmar que as nossas relações são e continuarão sendo as melhores possíveis.

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