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“Getúlio Vargas”, por Luiz Paulo Vellozo Lucas

SAM_5214 - Cópia“Getúlio” da produtora Carla Camuratti, é um grande filme! Getúlio Vargas foi um ditador no Estado Novo de inspiração fascista, aceitou ser deposto pela democratização, que chegou com a vitória dos aliados na Segunda Guerra, e foi eleito presidente pregando a industrialização e as leis trabalhistas. Seu plano de governo, que previa a criação do BNDES e da Petrobrás, foi feito com ajuda dos EUA, viam nele um caminho para afastar o Brasil da influência da URSS.
O militarismo e o golpismo eram fantasmas que assombravam o país, que não possuía nenhuma tradição democrática. Os líderes militares eram chamados a avalizar ou não governos eleitos. A oposição a Getúlio pregava abertamente a necessidade de intervenção militar para deposição do presidente, enquanto aliados e auxilares mais próximos pediam que o líder mandasse os militares leais ao governo prender os opositores e implantar uma ditadura, mais uma vez.
O atentado da Rua Tonelero, que matou o major Rubem Vaz e feriu Carlos Lacerda, foi obra de ”aloprados” leais a Getúlio. A oposição passou a ter em suas mãos a evidência de crime e uma justificativa para afastar Getúlio do poder, mesmo sem intervenção militar. Restava ao velho presidente a negar tudo, acusar o atentado da Tonelero e a investigação militar preventivo que o mantivesse no poder e tirasse a oposição de cena. Como se sabe, não foi este o caminho que ele escolheu.
O suicídio de Getúlio fez nascer um pacto pela legalidade democrática que abortou a ameaça de intervenção militar; ou, como disse tancredo Neves, “adiou o golpe por dez anos”. A carta-testamento construiu uma narrativa voltada para desviar para a sua política econômica nacional-desenvolvimentista, industrializante e generosa com os trabalhadores, a explicação para o furor dos seus inimigos e a dramaticidade do seu gesto extremo. Contudo, ele não morreu por seus acertos e benfeitorias, vitimado pelos inimigos do povo e saqueadores da nação, como seu testamento tentou nos fazer acreditar. Ele foi vítima dos seus amigos “aloprados” que resolveram matar Lacerda.
Por ironia do destino, alguns anos depois, militares “aloprados” leais ao regime militar tentaram colocar uma bomba no show do Riocentro em 1º de maio de 1981. Uma das bombas explodiu no colo de um sargento e feriu gravemente um capitão, frustando o atentado e expondo as entranhas do terror. O general Figueiredo preferiu proteger os “aloprados” com um inquérito fraudulento, e, assim, o regime se suicidou politicamente nesse episódio que marca o início do fim da ditadura militar no Brasil.
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