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“Inquietações na economia”, por José Aníbal

jose-anibal-foto-george-gianni-psdb--300x199Na semana passada, em entrevista ao jornal espanhol El País, a presidente Dilma Rousseff disse que o PIB de 2012 seria revisado pelo IBGE de 0,9% para 1,5%. Ontem o instituto divulgou o índice revisado, mas ao invés de 1,5%, conforme previa a presidente, o novo resultado ficou em 1%.

Pelo visto, Dilma pegou emprestado a bola de cristal de Guido Mantega, já famosa por não acertar uma previsão sequer. Aliás, o ministro apostava numa expansão do PIB de 2,5% no terceiro trimestre em relação ao mesmo período de 2012. O resultado até ficou próximo, mas caiu 0,5% se comparado ao segundo trimestre deste ano. Estamos retrocedendo.

Chama atenção a sucessão de fracassos na área econômica e a passividade do governo diante do agravamento dos indicadores. A indústria e o setor de serviços praticamente estacionaram, o agronegócio encolheu 3,5% e os investimentos caíram 2,2%. Fora as desculpas de sempre, nada tem sido feito.

A inflação só não estourou ainda o teto da meta devido ao controle dos preços administrados. Serve de exemplo a Petrobras. Sacrificada pelo governo para segurar a inflação, desde janeiro a estatal amarga um rombo de R$ 12,7 bilhões por ser obrigada a vender gasolina abaixo do preço que paga na importação.

Com a indisfarçável interferência política na empresa, os investidores perderam a paciência e se desfizeram em massa das ações da estatal, que despencaram 10%. Endividada e com dificuldades de levar adiante seu plano de investimentos, a Petrobras perdeu R$ 24 bilhões em valor de mercado em um único dia.

O risco do Brasil ser rebaixado pelas agências de risco, segundo analistas, é real. O coquetel é inquietante: os juros voltaram aos dois dígitos, a inflação pressiona o teto da meta, o crescimento é pífio, investimentos não saem do lugar, despesas crescem acima da receita e o superávit fiscal de outubro foi o pior em 12 anos.

Não bastasse a baixa expectativa com os resultados da economia, há tempos não se observava tamanho descrédito em relação à condução da política econômica no Brasil. A interferência política, as manobras contábeis e maquiagens fiscais, a falta de transparência e a série de bravatas não ajudam a reverter o quadro.

Enquanto isso, o governo segue em campanha, atribuindo seus erros aos outros, fazendo vista grossa para a realidade, vendendo fracassos como grandes vitórias e trombeteando suas projeções invariavelmente furadas. A verdade é que o sucessor de Dilma pegará o país numa desorganização econômica complicada.

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