O candidato à Presidência da República da Coligação Muda Brasil, Aécio Neves, esteve nesta sexta-feira (08/08), em Botucatu (SP), ao lado do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que disputa a reeleição, e do prefeito da cidade, João Cury (PSDB). Aécio visitou o Centro de Referência de Dependentes Químicos e fez caminhada pela cidade.
Tratamento de dependentes químicos, Programa Recomeço e pesquisa Ibope foram alguns assuntos comentados na entrevista. Acompanhe:
Tratamento para dependentes químicos no Brasil e o tráfico de drogas.
O aumento do tráfico e do consumo de drogas no Brasil é das maiores tragédias do nosso tempo. Tragédias que vêm acabando com a vida de inúmeras, milhares de famílias do Brasil inteiro, e a questão das drogas tem que ser tratada em duas vertentes. A primeira, o tráfico com controle das nossas fronteiras, com polícia, com inteligência, com tudo que não vem acontecendo até aqui. E a segunda vertente, é a da dimensão da vida, com experiências como essa do governador Geraldo Alckmin e [ex-] governador José Serra [que leva] ao recomeço [programa estadual que oferece tratamento de saúde, acolhimento, reinserção social, apoio familiar e trabalho como tratamento para dependentes químicos em São Paulo]. São Paulo e Minas Gerais, na verdade, estiveram duas experiências que estão vem vigor e em execução hoje extremamente exitosas. Nós tivemos lá aliança pela vida, aqui o recomeço, onde o Estado financia a internação dos usuários de drogas e aqui ainda a rede pública de saúde, dá a eles uma nova oportunidade. ‘Recomeço’ é um exemplo para levarmos para o Brasil, portanto são duas as vertentes essenciais, a primeira delas é coibir o tráfico. O Brasil não é produtor de drogas, essas drogas vêm dos nossos vizinhos e tráfico de drogas, todos nós sabemos é responsabilidade do Governo Federal e na dimensão da saúde pública com exemplos extremamente exitosos, como esse aqui de São Paulo, como aliança pela vida em Minas Gerais que permite na verdade um recomeço para tantas famílias e para tantos usuários de drogas.
Programa Recomeço
O Programa Recomeço, que nós visitamos agora, é uma demonstração clara de que o Estado pode, sim, ser parceiro na recuperação de drogados. Portanto, nosso governo vai ter também um projeto claro, de ampliação desses centros de reabilitação que já fazíamos em Minas Gerais, por todo Brasil.
Como o governo federal pode atuar na segurança pública?
Não há nenhuma parte do mundo em que o governo federal não tenha uma parcela de responsabilidade em relação à criminalidade. O [combate ao] tráfico de drogas, de armas e controle das fronteiras são responsabilidades da União. O que o governo vem fazendo é a terceirização de responsabilidades. No nosso governo, vai haver uma política nacional de segurança pública. Nós vamos investir no controle das nossas fronteiras, o que o atual governo não fez. Vamos fazer parceria com os Estados sem contingenciamento dos recursos de Segurança Pública que vem acontecendo no Brasil.
O período da atual presidente, do fundo penitenciário, apenas 10.5% foi executado. Do Fundo Nacional de Segurança, apenas o 35%. Isso é um desprezo para com a população brasileira, que vê no crescimento da criminalidade e do tráfico de drogas algo extremamente danoso às relações familiares e à própria sobrevivência, principalmente de jovens brasileiros.
Projeto Recomeço: inspiração para um programa nacional para dependentes químicos.
Eu conheço melhor o Programa Recomeço, do Estado de São Paulo. Porque ele, na verdade, tem inspiração em “Aliança pela vida”, em Minas Gerais. Nosso programa, posso garantir, é um exemplo para o Brasil porque o Estado – que não tem condições de fazer isso – não investe na construção de novas clinicas. O Estado, ele subsidia, ele paga àqueles que não podem a sua internação nas diversas clinicas e ajuda para que elas sejam cada vez mais melhor equipadas. E ajuda até nos servidores da área da Saúde. Portanto, esse é um programa muito semelhante ao programa Recomeço e essa será a nossa inspiração para ampliarmos pelo país inteiro.
Sobre a pesquisa do Ibope.
Extremamente positiva até porque nós estamos ainda no aquecendo os motores da campanha eleitoral, a campanha efetivamente ainda não começou e nosso nome vem crescendo de forma muito consistente. Estar aqui em São Paulo ao lado do governador Geraldo Alckmin com o seu apoio tão enfatizado permanentemente e ao lado do companheiro Jose Serra é a sinalização de que nós somos um grupo político. Um grupo político que tem projetos para o Brasil, um grupo político que vem permitindo São Paulo avançar apesar de todas as dificuldades. Por isso, eu tenho muita confiança de que nós estaremos no segundo turno e vamos vencer essas eleições para iniciarmos um novo ciclo de governo no país. Um ciclo onde a decência e a eficiência possam caminhar juntas. E experiências extremamente exitosas dos governos de José Serra e do governo Geraldo Alckmin agora em São Paulo, serão inspiradoras para nós enfrentarmos seja a questão da segurança pública, do tráfico, do consumo de drogas, da educação de qualidade e aqui existem exemplos extraordinários como as Etecs e as Fatecs. E a nossa própria experiência em Minas Gerais que nos permitiu levar Minas a ter a melhor educação fundamental do Brasil. As boas experiências, com pessoas qualificadas para executar as políticas de governo é o que o Brasil mais precisa hoje. Estou extremamente animado e acho que nós estamos no caminho certo para que com o apoio da população brasileira que clama, que pede por mudanças, nós estamos chegando cada vez mais próximos de vencer as eleições.
Sobre Aécio ser o novo entre os candidatos.
Em primeiro, eu nunca busquei o monopólio de absolutamente nada. Eu acho que o exclusivismo não faz bem pra ninguém. Até me lembro, lá atrás, quando o PT se julgava um exclusivista da ética e dos bons costumes. Deu no que deu. Quando falo novo é a renovação das ideias. É a capacidade de olhar para o futuro que outros se apresentem como novo é absolutamente legítimo. Mas do ponto de vista de conceito, de visão de mundo, de modernidade na administração pública, de resultados claros em cada uma das nossas ações, como aconteceu em Minas e acontece em São Paulo, tudo isso é o novo. O velho, o carcomido, o arcaico é o que nós estamos assistindo no plano federal. Aparelhamento absurdo da máquina pública, a perda de foco e o legado perverso que nós vamos receber que é um quadro de estagflação: inflação alta, crescimento baixo, uma perda crescente de confiança em relação ao governo brasileiro e os nossos indicadores sociais deixando de melhorar.
Assisti ontem declarações da presidente da República que mais uma vez disse que a responsabilidade sobre o ambiente no Brasil é dos pessimistas. Então, somos mais de 75% de pessimistas. Mas é bom que fique claro que o pessimismo não é em relação ao Brasil. O Brasil está aí com todas as condições de retomar um ciclo virtuoso, um crescimento sustentável por longo tempo. O pessimismo é em relação ao governo. A este governo que fracassou na condução da economia, na gestão do Estado e fracassou também na melhoria dos nossos indicadores sociais.
Lamento que a presidente da República continue a fazer o que fez ontem ao colocar palavras na boca dos seus adversários. Talvez sem ter o que propor. Sem ter a capacidade de convencer as pessoas da realidade ou da possibilidade das suas propostas serem executadas até porque fracassou na maioria delas. Ela afirmou ontem que o candidato da oposição – ou pelo menos percebi dessa forma – não vai continuar valorizando o salário mínimo. Ao contrário. Nós tivemos picos de valorização do salário mínimo importantes no governo do PSDB, apesar de todas as dificuldades que nós vivíamos naquele momento, ainda com um processo inflacionário extremamente grave.
No momento em que assume a presidência da República, nós começamos a crescer em média, nesses últimos três anos, 2.5% a menos do que cresce a América Latina. Faço aqui até justiça. No período do presidente Lula, até porque havia ali uma circunstâncias econômicas muito favoráveis, do ponto de vista de mundo, de fluxos de recursos chegando ao Brasil, nós crescemos mais ou menos o que cresceu a média da América Latina. No governo do presidente Fernando Henrique, da mesma forma, com todas as dificuldades, nós crescemos o que cresceu a América Latina.
Os piores resultados da economia brasileira, da nossa história republicana, acontece no período da atual presidente da República. Por isso esse pessimismo em relação ao governo que eu espero, a partir da nossa vitória, se transforme em um grande otimismo, em uma grande convergência de forças para nós recuperarmos o papel do Brasil no mundo, mas em especial para os próprios brasileiros.