Acabei de ver com destaque num jornal de rede de televisão nacional, matéria comentando a revolta da população de Ferguson, estado do Missouri, nos Estados Unidos da América, onde a população se revoltou por conta da morte pela polícia de um jovem negro, dando-se início a um quebra-quebra de grandes proporções com incêndios de destruições.
Mesmo condenando todo e qualquer ato de violência como forma de protesto, é inevitável compararmos o fato com a realidade brasileira onde situações deste tipo se repetem diante da omissão absoluta das vítimas – que temem se manifestar abertamente – e da complacência dos algozes através do silêncio do Estado que ausente, não oferece a devida proteção ao cidadão.
A cada dia os dados se mostram mais evidentes e os números de estatísticas diversas denunciam uma sociedade brasileira onde, passados 126 anos do fim da escravidão, negros se encontram reféns de um quadro de exclusão que,mesmo com os ganhos e avanços da economia, não conseguiram responder com equidade às demandas colocadas e fazer valer a verdadeira igualdade.
Apenas para citar, temos que: A cada três assassinatos no País, dois vitimam negros;A possibilidade de o negro ser vítima de homicídio no Brasil é maior inclusiveem grupos com escolaridade e características socioeconômicas semelhantes.A chance de um adolescente negro ser assassinado é 3,7 vezes maior emcomparação com os brancos.Assassinatos atingem negros numa proporção 135% maior do que os não-negros.
Enquanto a taxa de homicídios de negros é de 36,5 por 100 mil habitantes, nocaso de brancos, a relação é de 15,5 por 100 mil habitantes;Há uma perda na expectativa de vida devido à violência letal 114% maior parapessoas negras.