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O Negro e o Inconsciente Nacional, por Ruy Marcos Gonçalves

 

IMG_0176Mais um dia 20 de novembro e multiplicaram-se as manifestações contra o racismo e a discriminação. Vindas de todos os lados e matizes ideológicos ou não, o tema é sempre tratado com muito “cuidado” entre brasileiros impregnados pela tese da democracia racial.

Ao longo de séculos, depois de um período escravocrata dos mais sanguinários do mundo, sempre foi possível ver a sociedade a partir de seus líderes, resignadamente se furtarem a debater a discriminação racial, ao passo que ficava cada vez mais evidente a exclusão do negro.

Quando falo de exclusão, é bom que se diga que o termo é muito mais amplo que possa parecer. Estamos aqui falando de acesso ao poder. Ocupação de espaços de comando. Representação política. Presença nas universidades. Enfim, percebe-se que o negro está ausente das posições de mando e comando nesse país onde ele representa cerca de 57% da população.

Mas não vou aqui repetir números já batidos como assassinato de mulheres em sua maioria negras, que o ES conhece muito bem ou então da população carcerária majoritariamente negra e mesmo do assassinato de jovens em sua maioria também negros. Quero chamar a atenção para as doces formas usadas pela sociedade brasileira na tentativa de minimizar e mesmo esconder, na maior parte das vezes quase que inconscientemente, a discriminação racial tão presente entre nós.

Referir-se a um indivíduo a partir da descrição de sua raça, no caso do negro, sempre foi evitado. Absurdamente, a sociedade passou a buscar “eufemismos” para substituir aquela palavra que entendiam, desqualificavam o indivíduo. Em lugar do uso da palavra negro, termos como moreno, marronzinho, de cor, queimado de praia, moreninho, escurinho e outras do gênero passaram a ser usadas.

Neste dia da Consciência Negra – 20 de Novembro – mais que lutar contra o racismo e a discriminação, precisamos provocar a reflexão de todos os brasileiros. Precisamos sair desta postura tipo avestruz onde colocar a cabeça no buraco parece ser a melhor forma de fugir da tempestade de areia. Evitar o debate não elimina a existência do conflito, muito menos da pratica excludente onde o afrodescendente é a principal vítima.

Políticas afirmativas compensatórias. Este certamente é o caminho para que mudanças possam ocorrer. A principal delas na Educação onde nossas crianças precisam aprender a viver e conviver com os diferentes. E isso começa com a eliminação de conceitos ultrapassados por seu equívoco histórico. Recontar a história brasileira sob a ótica do negro pode ser o começo. Isso poderia trazer algumas surpresas como a descoberta de um Machado de Assis negro, de um Duque de Caxias não tão herói assim e a eliminação de nosso vocabulário de palavras como denegrir.

Que venha o debate e com ele a ação. Mudar é preciso!

Ruy Marcos Gonçalves é membro da Executiva Estadual do PSDB

 

 

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