A prisão de José Dirceu e dos demais condenados no julgamento do mensalão é um golpe na impunidade e uma vitória da democracia contra a descrença nas suas instituições. Em compensação, obrigou os brasileiros a suportarem mais um capítulo da farsa política encenada pelo PT, que reagiu mais uma vez insistindo em negar a existência do episódio, como fez na denúncia de Roberto Jeferson, passando pela CPI dos Correios, na aprovação da cassação do deputado ministro, na divulgação da denúncia do Ministério Publico e no histórico julgamento pelo STF.
Contra todas as evidências, mais que provadas, o partido da presidente Dilma se comporta como na fábula do Rei, que foi ludibriado por um bandido que o fez acreditar ser capaz de fazer uma roupa muito especial que somente poderia ser vista por pessoas muito espertas e inteligentes. Enquanto o Rei e toda a corte fingiam admirar a tal roupa nova, uma criança acabou desmascarando a farsa quando gritou para todos: “O Rei esta nú !” .
No Brasil de hoje a farsa é mais difícil de desmascarar pela completa falta de limites com que o governo usa o poder para cooptar aliados e intimidar adversários, apoiado por uma permanente e sufocante campanha de desinformação. Como em toda farsa, a narrativa, embora não verdadeira, tem que ser verossímil. Acusar a mídia de golpe, denunciar perseguição politica, fantasiar-se de herói de ideais revolucionários, são desculpas esfarrapadas, enredo da manobra diversionista orquestrada para tentar blindar o processo eleitoral e a candidatura à reeleição da presidente.
As pesquisas mostram que a população está insegura e temerosa sobre o futuro, insatisfeita com o governo, mas a vontade de mudar não se reflete na intenção de voto na oposição com a mesma intensidade. Dilma caiu 30 pontos de janeiro para hoje, mas segue sendo a favorita. Por que?
Porque o governo é forte, consegue fazer com que sua vontade se imponha e prevaleça sobre todos os demais protagonistas da vida nacional. Governos subnacionais, outros poderes, empresariado, sociedade civil todos foram apequenados pela presidência da república, reconhecida como sendo de fato poderosa. O mito da invencibilidade eleitoral do Lulo-petismo também contribui para que a pesquisa de intenção de voto capture mais o reconhecimento do favoritismo de Dilma.
É massacrante a desproporção de meios nesta fase do processo. A presidente da república conta com uma capacidade de geração de fatos políticos diários ilimitada e com imenso poder político. A oposição tem as contradições, as mentiras e os fracassos do governo para trabalhar. A população, entre enojada e desinteressada, é bombardeada pela propaganda oficial e ainda está longe de uma decisão. Assim, Dilma vai mantendo seu favoritismo, mas sem a certeza de vitória que havia em janeiro. Sua obesa base, focada em disputas regionais e sobrevivência eleitoral, foi emagrecida pelo projeto Eduardo Campos/Marina Silva, e se move com cautela como quem testa ao limite a consistência de sua líder para decidir se vai ou não no barco do governo.
Não vai funcionar! A ficha está caindo e o julgamento politico da era PT será feito nas urnas. Tenho convicção que o eleitor brasileiro daqui a um ano vai decidir de maneira mais parecida com Barbosa do que com Levandowsky.