PSDB – ES

Política capixaba

Luiz Paulo Vellozo Lucas

Enquanto na política nacional existem hoje claramente três principais projetos em disputa, com três candidaturas presidenciais consolidadas, o mesmo não se pode afirmar sobre o processo eleitoral aqui no estado. E isso tem a ver principalmente com as contradições internas do PT. Senão vejamos:
O governador Renato Casagrande, eleito com a bandeira da continuidade dos dois governos de Paulo Hartung, apoia-se numa base de sustentação ampla, com elementos de quase todo o espectro político, e, sendo assim, a neutralidade na disputa presidencial poderia parecer até um posicionamento natural. É claro que Eduardo Campos é o primeiro a vir a Vitória com direito a samba na Unidos da Piedade. O fato é que ninguém acredita mais em unanimidade. Nem o próprio Paulo Hartung!

O PT participa do governo Casagrande com o destaque e a responsabilidade política de principal aliado, liderado pelo vice-governador Givaldo Vieira. Os jornais noticiaram que no Rio de Janeiro e em Pernambuco os petistas discutem deixar o governo estadual imediatamente para cuidar dos seus candidatos a governador e do palanque da dona Dilma. Por que aqui ninguém fala disso?

O outro mistério é a posição do PT capixaba sobre uma eventual aliança com o PMDB do Senador Ricardo Ferraço e do ex-governador. Há poucas semanas a imprensa nacional especulou que o palanque da Dilma no estado seria capitaneado pelos dois maiores lideres do PMDB, ficando o PT com direito a vice. É obvio que esta opção não unifica o petismo capixaba. Essa aliança é execrada por uma ala importante do partido aqui no estado que já tornou pública, mais de uma vez, sua (péssima) opinião sobre aliança com Hartung e Ferraço.

Desculpem a imodéstia, mas quem ficou melhor colocado e mais coerente no processo foi o PSDB. Dando prioridade para a eleição proporcional os tucanos conseguiram montar uma chapa que pode eleger de 3 a 4 deputados estaduais e de 2 a 3 deputados federais até mesmo independente de coligação. Adversários em 2010, os tucanos mantiveram sempre boa relação com Casagrande sem contudo integrar equipe de governo ou compartilhar responsabilidade política por seus resultados. Em maio o PSDB filiou o então presidente do Bandes Guerino Balestrassi, que coordenava a Rede Sustentabilidade no estado, para ser pré candidato a governador e fazer o palanque de Aécio Neves no estado.

Comprometido com o projeto nacional do PSDB e profundamente identificado com a social democracia contemporânea, Guerino tem tudo para empolgar. Estando à frente de um PSDB renovado, com um discurso forte de qualidade na gestão, respaldado pelas duas administrações exitosas em Colatina, pela militância municipalista e atuação empresarial, Guerino consolidou sua pré – candidatura. Sem contar com a força da máquina, mas também sem o desgaste de quem está no poder, o discurso do tucano vai apelar para a necessidade da boa politica, para a responsabilidade de cada um, para a participação das pessoas, para a militância voluntária que constrói cidadania e se torna instrumento de transformação. O espirito rebelde e inconformista que levou muita gente a se encantar com a mensagem da Rede Sustentabilidade vai estar presente e ser percebido na caminhada de Guerino.

Não vai ser fácil para o PT defender e carregar a bandeira da continuidade e a reeleição de Dilma em terras capixabas. Casagrande, Ferraço e Hartung parecem muito pouco disponíveis para ajudar nessa tarefa inglória. Ainda menos do que em 2010 quando era bem mais simples.

O estado teve em Dilma Roussef a pior presidente da republica de sua história recente. Descontado o fracasso do seu governo no plano nacional, o Espirito Santo sofreu com o fim do Fundap, a mudança da lei do petróleo, o caos na infraestrutura logística e com o absoluto descaso político que pareceu para muitos ser uma vingança pela derrota nas urnas em 2010.

Acho que o resultado das eleições presidenciais em 2014 vai comprovar.

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