É preciso dar razão à presidente Dilma Rousseff: a situação do país vai melhorar quando novembro chegar. Vai melhorar porque o eleitor brasileiro terá decidido por ponto final à experiência de governo do PT. Quando novembro, finalmente, chegar, o Brasil estará a um passo de começar a mudar. Ninguém aguenta mais o que aí está.
O país atravessa hoje uma de suas mais graves crises de confiança. O futuroparece turvo, se não para todos, para grande maioria. O brasileiro olha para a governante no Palácio do Planalto e não enxerga nela quem possa lhe conduzir a um amanhã melhor. Afinal, foi a mesma governante quem o trouxe a este presente penoso.
As expectativas estão ruins. Do empresário que desiste de produzir ao consumidor que prefere não comprar, passando pelo investidorque migra seu dinheiro daqui para bem longe. Dilma e um monte de petistas acha que é pura birra de quem faz “beicinho”, como decretou o ministro Paulo Bernardo há uns meses. Não entendem – ou não querem compreender – como funcionam as coisas no mundo real.
Os indicadores de confiança e expectativa estão todos apontando para baixo. Os da indústria, do comércio e dos consumidores estão nos menores níveis desde a crise de 2008, ano em que o mundo todo mergulhou numa profunda recessão. Ao contrário de antes, contudo, o mau humor agora é propriedade nossa, exclusividade dos brasileiros.
A constatação é reforçada por pesquisa feita pelo Pew Research Center divulgada ontem nos EUA. Os números são acachapantes. Para começar, 72% dos brasileiros estão insatisfeitos com a situação do país. O nível de insatisfação, porém, não é de agora: supera sistematicamente o de satisfação desde 2012, embora o abismo entre um e outro tenha se acentuado nestes últimos 12 meses.
A situação da nossa economia é ruim para 67% dos pesquisados, numa situação completamente inversa à de um ano atrás, quando 59% a avaliavam como boa. Neste caso, a reversão é total: desde 2010, quando o Pew Research fez sua primeira pesquisa nacional, até 2013, as avaliações positivas sobre o ambiente econômico brasileiro sempre superaram as negativas.
Os resultados colhidos não decorrem de avaliações aleatórias. O brasileiro sabe exatamente o que lhe incomoda: 85% apontam a alta de preços, a inflação, como principal problema do país atualmente. Insegurança e falta de saúde aparecem logo na sequência, com 83%. Também preocupam a corrupção política (78%) e a perda de oportunidades de trabalho (72%).
A visão que os entrevistados professam em relação à forma com que Dilma Rousseff cuida dos principais assuntos do país é amplamente negativa. O Pew Research apresentou nove temas e áreas aos pesquisados e em absolutamente todos a relação é de, no mínimo, dois que desaprovam para cada um que aprova, chegando a seis para um no caso da corrupção, da segurança e da saúde.
“O atual nível de frustração que os brasileiros expressam em relação à direção do seu país, a sua economia e os seus líderes não tem paralelo nos anos recentes”, resumem os pesquisadores. Segundo Juliana Horowitz, brasileira responsável pelo trabalho, o instituto fez levantamentos em 82 países desde 2010 e só viu oscilações tão acentuadas em lugares que passaram por crises ou rupturas institucionais, como o Egito, registra O Estado de S. Paulo.
O que o Pew Research, um dos principais institutos de pesquisa dos EUA, constata é algo que os que vivemos no Brasil atestam cotidianamente. Tornou-se insuportável aceitar a degradação das condições de vida, o desleixo com conquistas econômicas e sociais, a corrosão de valores que se tornaram norma nos anos recentes. Já deu. Que novembro chegue rápido, para enxotar o quanto antes esta gente do governo.