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Queda do PIB em 2016 deve ser ainda maior por conta de retração recorde da demanda interna

Cédulas de dinheiro. Foto: Marcos Santos/USP Imagens

As expectativas pessimistas em relação a economia brasileira no terceiro trimestre não apenas se confirmaram, como superaram qualquer projeção feita por especialistas. Estudo divulgado nesta terça-feira (1/12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela que o recuo da atividade econômica do país no período entre julho e setembro foi de 1,7% em relação aos três meses anteriores, já feitos os ajustes sazonais. Com o resultado, as previsões para o Produto Interno Bruto (PIB) deste e do próximo ano sofrerão diversas revisões. As informações foram publicadas em reportagem do jornal Valor Econômico nesta quarta-feira.

Itens que até então mostravam certa resistência ante a perda da tração da economia no Brasil, o consumo das famílias e os serviços apresentaram maus resultados na pesquisa, o que deve indicar uma retração ainda mais marcante do PIB nos próximos períodos. Economistas ouvidos pelo Valor acreditam que o desempenho destes dois componentes, unidos à indústria e aos investimentos, que já vinham com números muito ruins, deve agravar ainda mais a queda da demanda doméstica, que já alcançou 4% no valor acumulado nos últimos quatro trimestres. De acordo com a consultoria Rosenberg Associados, trata-se da queda mais forte da série, iniciada em 1997.

Os recordes negativos não param por aí. Na série dessazonalizada – que corrige as possíveis flutuações de dados típicos de um determinado período do ano -, realizada desde 1996, foi a primeira vez na história em que o PIB caiu por três trimestres consecutivos. Os investimentos, que apresentaram retração de 4% em comparação com o semestre anterior, chegaram ao nono mês seguido de retração, outro resultado inédito apontado pela pesquisa.

Ainda houve uma perda expressiva na demanda privada, que teve recuo de 1,8%, número três vezes maior que os dados obtidos no segundo semestre. Pelo lado da oferta, os resultados também são preocupantes. A indústria apresentou queda de 1,3%, e o setor agropecuário viu uma retração de 2,4%.

Em comparação com o mesmo período de 2014, o caos econômico vivido pelos brasileiros neste ano fica ainda mais flagrante. Com queda de 4,5%, o PIB sofreu a maior retração entre os mesmos trimestres no confronto ano a ano. O intervalo de tempo foi, ainda, o sexto seguido com queda do PIB, algo nunca antes visto. Os recuos no consumo das famílias (4,5%), na Formação Bruta do Capital Fixo (15%) e nos serviços (2,9%) também tiveram desempenhos negativos inéditos.

A reportagem ressalta que, em anos de crise como 1999 e 2003, em que o PIB cresceu 0,5% e 1,1%, respectivamente, o recuo da demanda doméstica foi compensado pelos bons resultados da balança comercial, o que não vem acontecendo em 2015. “O cenário atual reforça que a crise é essencialmente doméstica”, aponta Marcos Vale, economista-chefe da MB Associados, o que refuta o argumento da presidente Dilma Rousseff de que a crise mundial seria culpada pela situação econômica brasileira.

Para o economista Alberto Ramos, do Goldman Sachs, fatores como a inflação alta, o aumento de impostos e de tarifas públicas, o aperto no crédito, a alta da inadimplência e os elevados estoques na indústria são os principais motivos para a derrubada na demanda interna não apenas em 2015, como no próximo ano também. Além dos elementos elencados por Ramos, Marcos Vale cita uma deterioração ainda maior do mercado de trabalho para explicar que a queda da demanda deve continuar por mais algum tempo.

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