A lista de tragédias que assistimos nesse breve período do século XXI deixa a quase todos nós atônitos. São terremotos, maremotos, tsunamis, ataques terroristas e outros mais.
Como não lembrar do Haiti e a devastação sofrida pelo país em 2010 com seus 250 mil mortos, 1,5 milhão de desabrigados e um grau de destruição – num país já muito pobre e instável – inaudito. Nesse terremoto, inclusive, perdemos a grande brasileira Zilda Arns.
Como não lembrar o terremoto, seguido de tsunami, que varreu o Japão em 2011 e, não bastasse, ainda provocou grande acidente nuclear.
Como não lembrar o terremoto, também seguido de tsunami, que no dia de Natal de 2004, abalou o Oceano Índico e castigou as suas regiões costeiras provocando mais de 230 mil mortes, além de imensa destruição.
Nos ataques terroristas podemos lembrar dos mais conhecidos, EUA em 2001, Espanha em 2004, Londres em 2005, Paris em janeiro de 2015 e agora em novembro. Mas não deveríamos esquecer, entre tantos outros, o assassinato de duas mil pessoas na cidade de Baga (Nigéria) pelos terroristas do Boko Haram.
Na lista das tragédias não podemos deixar de lembrar a mais recente que começou em Mariana (MG) e já atinge o Espírito Santo. A devastação humana, ambiental e física provocada pelo rompimento da barragem da Samarco ainda não teve toda a sua dimensão avaliada. Estamos, apenas, no início da compreensão das consequências da situação. Nesse momento, devemos, por certo buscar aliviar a situação dos milhares de afetados – direta ou indiretamente – pela tragédia, descobrir como tão grave acidente pode acontecer e tomar as providências para a punição dos culpados e para que fatos como esse não ocorram novamente.
Tragédias são tragédias, em qualquer tempo ou lugar, não é uma questão de quantidade. É uma questão de como se deu o evento e das consequências que provocou, da dor e destruição que causou.
Nessa lista de alguns eventos traumáticos do século XXI – que com certeza está incompleta, não sendo nem de longe meu objetivos apontar as “tragédias mais trágicas”, seja qual critério for usado – queria apenas lembrar que são muitos os eventos, mais próximos ou distantes de nós, que por diversas razões nos tocam mais ou menos profundamente, mas devemos em todas, penso eu, mostrar a característica que nos faz muito humanos que é a solidariedade.
Difícil num momento como esse poupar adjetivos. A dor das pessoas e famílias vitimadas por essas tragédias, como humanos que somos, se transforma em nossa dor. A estupidez dos atos terroristas bate também em nossa cara, cidadãos do mundo que somos. A força da destruição humana e ambiental em Mariana choca nossos sentidos, brasileiros que somos. A necessidade de responder aos atos se torna também nossa, defensores da vida, da civilização, da democracia e das liberdades que somos.
Luiz Paulo Vellozo Lucas, ex-presidente nacional do Instituto Teotônio Vilela e dirigente do PSDB ES