A realidade me preocupa. De um lado um sistema eleitoral, amplamente debatido, que, inegavelmente, não oferece segurança política para fins de recontagem e conferência de votos que, legitimou – guarde bem essa palavra-Dilma Rousseff como presidente do Brasil. Do outro lado uma ideologia própria da direita, desamparada de sistema representativo organizado, que luta a todo custo pelo impeachment da presidente reeleita. Sua força massiva se encontra nas redes sociais e começa a migrar para as ruas.
Ora, é preciso lembrar que o modelo politico-eleitoral no Brasil é assaz recente e oriundo de um cenário ditatorial, logo, tal qual nossa atual Constituição, que o PT votou contra a promulgação- é extremamente garantista. Ou seja, questionar a eleição da presidente e pedir seu impeachment, por esses motivos, é antidemocrático sim! Deslegitima –lembrou da palavra?- o Estado Democrático de Direito e, uma vez feito isso, tudo começa a ruir como um castelo de areia a beira mar.
Acontece que, esse movimento tem se fundido e confundido com o PSDB. Ora, essa tendência em períodos eleitorais se articula no ventre tucano. Contudo, nosso partido é originário da socialdemocracia europeia, com viés de esquerda- pois é, ficou assustado coleguinha?.A origem reside no MDB autêntico, decisivo na derrubada da ditadura militar. Foi com FHC que criamos bases socioeconômicas do Brasil, inclusive as políticas de transferência de renda e as cotas, infelizmente de programa de governo tais políticas se tornaram plataformas eleitorais.
A realidade sociocultural do Brasil é de uma disparidade abissal com a de países como os EUA. Impossível, portanto, rotular aqui os partidos como “direita” ou “esquerda” como acolá se rotula republicanos e democratas.
A democracia esta sim em risco. Não duvido. Mas não exclusivamente por conta do PT. Períodos de crise política mostram quem realmente é democrata e quem é autoritário, apenas disfarçado. Muito me preocupa um alarde sobre secessão em um país em que isso é passível de intervenção militar e a população esta desarmada.
Política nada mais é que a forma em que nos organizamos e como se distribui o poder. Em momento algum o matiz axiológico desta definição inclui a desconstrução do adversário a qualquer custo. Propagandas negativas, calúnias e deturpação de fatos não são instrumentos de alcançar o poder, pela luta democrática. Aécio Neves foi a maior liderança tucana construída desde Fernando Henrique e foi reduzido a playboy, baladeiro e “candidato dos ricos”.
Enquanto isso, Pizzolato é solto na Itália, desmoralizando a justiça brasileira. O STF aparelhado solta José Dirceu para cumprir pena em casa. O Banco Central eleva para 11,25%a taxa de juros (a maior do mundo), o Déficit chega R$ 20,39bilhões, o maior da nossa história. E claro, a gasolina torna a subir.
Como bem disse Tancredo, avô de Aécio Neves: Não vamos nos dispersar!Vamos retomar logo a ofensiva de oposição nos debates de maneira consistente, equilibrada, sem devaneios, porém incisiva quando necessário. Tucano não chora, voa. É preciso bradar suas razões e debater persistindo na convicção. Não querer pegar a bola e ir pra casa. Para tanto, é preciso organizar-se melhor e enraizar-se nos movimentos e segmentos da sociedade.
Aécio certamente fará sua parte. Retorna hoje ao Senado firme na defesa de seus pontos de vista e, sem perder a compostura, vai ao embate de seus adversários respondendo à altura. Entretanto o brasileiro se acostumou a esperar por um herói que sentado no sofá. Aécio Neves firmou-se um grande líder, mas precisa do suporte de uma oposição inteligente e verdadeiramente social democrata. Somente assim estaremos cumprindo o ultimo desejo de Eduardo Campos: Não vamos desistir do Brasil