No movimento estudantil, nos anos setenta, existia um grupo político, ou uma tendência, como se chamava na época, influenciado pelo PCB chamado Unidade. Diferenciava-se dos demais pela proposta de uma ampla frente democrática contra o regime militar. A frente deveria ser generosa e includente de maneira a abarcar todos os descontentes com o governo, fossem de esquerda ou não. A esquerda autoproclamada revolucionária, sobrevivente da luta armada, chamava a Unidade pejorativamente de “reforma”. Minha escola de política foi com os democratas e reformistas da Unidade.
A reprodução de alianças políticas a partir dos espaços de poder do estado e da máquina publica é uma doença infantil do sistema democrático. A alternância de poder é vista pela população como sendo quase impossível pela desproporção de meios na disputa política entre quem controla a máquina do estado e quem está fora. Financiamento de campanha, propaganda oficial, cargos e empregos públicos, influência sobre ações e contenciosos judiciais, sobre a cobertura da imprensa, enfim, os que estão no poder controlam instrumentos fortíssimos que podem influenciar e desequilibrar qualquer eleição, seja por cooptação ou por intimidação.
As eleições de 2014 são uma encruzilhada. A reeleição de Dilma Roussef é o mal maior a ser evitado por todos que não querem ver o Brasil se parecer cada vez mais com a Venezuela chavista ou a Argentina kichtnerista. Para o Espírito Santo esta questão é ainda mais grave. Nossa economia é metade do que poderia ser, a infraestrutura está em frangalhos e sem perspectivas mesmo depois da adesão envergonhada e tardia do governo do PT às privatizações. Os serviços básicos de saúde, educação e segurança se deterioram pela inépcia gerencial, pelo centralismo autoritário e pelas ideologias antidemocráticas. Tudo costurado a serviço do oportunismo político e da preservação do poder a qualquer custo.
A construção da democracia brasileira e o aperfeiçoamento de suas instituições têm na reeleição de Dilma seu principal obstáculo. A restauração da confiança é pré- condição tanto para o ambiente de negócios e o desenvolvimento econômico quanto para o funcionamento da máquina publica e sua eficácia. Confiança, cidadania e prosperidade são as palavras de ordem em torno das quais precisamos fazer a unidade dos democratas e reformistas de todas as vertentes e partidos para enfrentar a descrença e a desesperança que dominam o sentimento da população.
Os candidatos a qualquer cargo nas eleições de 2014 precisam dizer qual caminho desta encruzilhada pretendem defender. A pior posição é a de não reconhecer a existência deste divisor de aguas ou pretender esconder e dissimular sua preferência para tentar angariar apoio dos dois lados. Por todo o país, as articulações oposicionistas estão avançando. No Piauí, o PMDB o PSB e o PSDB estão próximos de fechar uma aliança e, na Bahia, a oposição liderada pelo DEM conseguiu montar um projeto regional forte contra o PT tendo o PSDB na vice e o PMDB no senado.
O PSDB capixaba não vai deixar os eleitores oposicionistas sem opção.
Luiz Paulo é ex-prefeito de Vitória, ex-deputado federal e presidente do Instituto Teotônio Vilela