Os especialistas participantes do sétimo fórum Agenda Goiás, realizado em Porangatu nesta terça-feira (6/10), destacaram a importância do investimento em saúde preventiva e da necessidade de gestão mais eficiente na saúde. A área foi tema do encontro no Norte do estado. Os palestrantes foram Antônio Carlile Holanda Lavor, médico dedicado à saúde pública, ex-professor da Universidade de Brasília (UnB), responsável pela implantação de uma unidade da Fundação Oswaldo Cruz no Ceará e Jurandi Frutuoso Silva, secretário-executivo do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass), especialista em Gestão de Sistemas Locais de Saúde e mestre em Saúde Coletiva. Os dois são ex-secretários de Saúde do Ceará.
Para Carlile Holanda, os investimentos financeiros em saúde são necessários, mas isso não é tudo. Segundo ele, é preciso aprender a fazer mais com menos. Mas para tanto é necessário mudar o modelo que temos hoje. “Eu tenho visto muitas vezes o dinheiro da saúde poder ser multiplicado. A questão é que as promessas que se faz para a saúde são muito maiores, então mesmo que se invista mais, não alcançamos o prometido”, explicou.
O médico defende a promoção da Atenção Primária de Saúde. “Aprendemos como as doenças aparecem, agora temos que nos voltar para a promoção da saúde. Se quisermos diminuir a quantidade de pessoas que vão para os hospitais temos que trabalhar na família, na escola, etc”, pontuou Carlile.
Segundo ele, doenças crônicas como hipertensão e diabetes podem ser prevenidas. ”No Brasil continuamos na fase da construção de grandes hospitais, aqui em Goiás também. Os hospitais regionais são fundamentais, mas muita coisa pode ser feita antes do paciente chegar ao hospital”, frisou.
Carlile destacou ainda a falta de atenção para a formação do médico voltado para o atendimento primário de Saúde. Além disso, também não há foco em pesquisa e ensino para esta área, que continuam dirigidos para a assistência médica nos grandes hospitais terciários. “Estou ajudando a criar um curso de medicina, e vejo que não se dá importância para a formação de especialistas para a atenção primária e a promoção da saúde. Precisamos desta especialidade”, enfatizou.
O palestrante elogiou a implantação do programa Mais Saúde do Governo de Goiás, principalmente o trabalho em conjunto com os municípios. “Fácil não é, mas acredito que com Estado, União e municípios trabalhando em conjunto podemos chegar lá. Temos que mudar uma cultura”, concluiu.
Gestão mais eficiente
Outro especialista, Jurandi Frutuoso, chamou a atenção para a necessidade de aumento de repasses federais para estados e municípios. Ele alertou que os números mostram que os valores só têm caído percentualmente nos últimos anos. O médico, no entanto, destacou que é fundamental mais eficiência na gestão. “Não adianta dar dinheiro para a secretaria se o gestor não souber o que fazer com ele. Os governadores e prefeitos precisam estar atentos a isso”, destacou.
O Sistema Único de Saúde foi defendido por Frutuoso. Segundo ele, desde a implantação do SUS – “muita coisa boa aconteceu, embora não sejam ditas e nem vistas”. Citou os avanços com relação a redução da mortalidade infantil, redução da mortalidade infantil, o tratamento gratuito para diversas doenças como aids, tuberculose, nos transplantes de órgãos, entre outros. “O mundo reconhece a relevância do sistema único de saúde”, reforçou.
Para o palestrante o desafio agora é garantir o financiamento estável para a saúde, para poder se discutir a agenda de uma gestão eficiente. “Temos que discutir a qualidade da compra. Temos que ter uma agenda de eficiência que discuta a locação dos recursos” apontou.
“O SUS apesar de tudo, é robusto, mas começa a dar sinais de estagnação, e não é por acaso. O subfinanciamento retarda muito o seu avanço. Fico irritado quando a culpa pela crise é colocada toda na gestão, e não é. A união vem investindo cada vez menos na saúde”, alertou
O ex-secretário de saúde do Ceará, Jurandi Frutuoso, também elogiou o Programa Mais Saúde. “Este trabalho que está sendo feito em Goiás é um trabalho que dá frutos. Hoje temos um sistema de saúde voltado para doenças agudas, emergenciais, quando o seu acúmulo epidemiológico é de doenças crônicas”, concluiu.
Agenda Goiás
O projeto Agenda Goiás, em sua segunda edição, tem por objetivo abordar e debater as características da economia do Estado e as demandas da sociedade, visando o planejamento público para os próximos dez anos. O evento é uma realização do jornal O Popular, do Grupo Jaime Câmara, em parceria com a Secretaria de Gestão e Planejamento (Segplan), Governo do Estado e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-GO).
O Agenda Goiás vai percorrer as 10 regiões do Estado. Até o momento, já passou por sete: Rio Verde, com o tema Desenvolvimento Urbano; Formosa (Proteção Social); Itumbiara (Gestão Pública); Aruanã (Meio Ambiente); Catalão (Educação); São Luís de Montes Belos (Segurança Pública) e Porangatu (Saúde).
