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Mercadante ofereceu ajuda financeira e política em troca do silêncio de Delcídio, diz senador em delação

16 de março de 2016
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Brasília - O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, em coletiva à imprensa, fala sobre  delação premiada do senador Delcídio do Amaral (Valter Campanato/Agência Brasil)

Brasília – O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, em coletiva à imprensa, fala sobre delação premiada do senador Delcídio do Amaral (Valter Campanato/Agência Brasil)

Brasília (DF) – A divulgação de novos trechos da delação premiada do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), ex-líder do governo, lança mais suspeitas sobre o governo da presidente Dilma Rousseff e o envolvimento da cúpula petista no esquema investigado pela Operação Lava Jato. Em reportagem exclusiva, a revista Veja revela que o atual ministro da Educação, Aloizio Mercadante, teria oferecido apoio financeiro, político e jurídico a Delcídio em troca de seu silêncio.
Em sua delação, homologada pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), o senador Delcídio conta que Mercadante, um dos ministros mais próximos à presidente, prometeu dinheiro e ajuda para que o petista deixasse a prisão e escapasse do processo de cassação de mandato no Senado. Em contrapartida, ele pediu que Delcídio não assinasse o acordo de delação, deixasse “baixar a poeira” e não fizesse “nenhum movimento precipitado”.
O ministro Mercadante tratou do assunto com o assessor de Delcídio, José Eduardo Marzagão. Os dois se reuniram duas vezes no gabinete do ministro. As conversas foram gravadas por Marzagão e entregues à Procuradoria-Geral da República. Mercadante teria, inclusive, feito uma ameaça velada à Delcídio, dizendo que caso o petista revelasse tudo o que sabia sobraria para ele uma responsabilidade “monumental”.
Vale lembrar que o senador Delcídio do Amaral foi preso pela mesma acusação que agora pode recair sobre Mercadante: obstrução da Justiça. O ex-líder do governo foi filmado por um dos filhos do ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, oferecendo propina e até mesmo possibilidade de fuga a ele caso Cerveró não assinasse acordo de delação premiada.
Para o senador Dalírio Beber (PSDB-SC), as novas denúncias são lamentáveis e desgastam a visão que a população brasileira tem da classe política.
“A classe política está desgastada, mas nós não podemos desacreditar das instituições. O comportamento de quem hoje representa as instituições burocráticas do país enseja que haja, por parte da sociedade brasileira, um profundo desencanto. Nós apenas confiamos que os órgãos de fiscalização, o Judiciário, o Ministério Público, a Polícia Federal, que estão totalmente envoltos nessa questão dos fatos a cada dia anunciados e denunciados, de fato cheguem ao final dessa história para permitir que a sociedade brasileira volte a ter esperança”, afirmou.
O parlamentar destacou que grande parte dos brasileiros que saíram às ruas no último domingo (13/03) reivindicaram o fim da corrupção e defenderam o avanço das investigações da Operação Lava Jato. “A grande motivação de tanta gente ir para a rua, mais de três milhões de brasileiros, é exatamente a de pôr um fim a esse quadro que tem desencantado tantos brasileiros, e exigir um governo que leve em conta as questões de interesse da nação como um todo”, disse.
Ainda assim, segundo o senador, o governo petista faz o contrário do que a população anseia: prioriza um projeto de poder em detrimento da vontade do povo.
Dalírio Beber ressaltou também que o fato do nome ministro Aloizio Mercadante estar envolvido no mesmo tipo de acusação que recaiu sobre o ex-líder do governo, Delcídio do Amaral, mostra que “o aparelhamento do Estado brasileiro fica comprovado a cada dia”.
“O homem público tem que estar muito mais preocupado com o som que vem da rua, para poder atender as expectativas, os anseios de quem é administrado, do que com os interesses da liderança do poder”, apontou. “São necessárias as instituições democráticas, agora, também é necessário que aqueles investidos tanto nas atividades de mandatos de representação, quanto aqueles em mandatos no Executivo, exerçam na plenitude as suas atribuições para promover o desenvolvimento do bem estar dos brasileiros”, completou o tucano.

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