Brasília (DF) – As decisões erradas do governo e o conturbado momento político, com o processo de impeachment pairando sobre a presidente Dilma Rousseff, contribuem para que o Brasil viva um retrocesso econômico sem precedentes. É a avaliação do presidente do Insper, o economista Marcos Lisboa. Em entrevista publicada no jornal Folha de S. Paulo nesta terça-feira (12/04), o especialista afirmou que o Brasil sofre agora as consequências de erros do passado.
“Houve um retrocesso. Estamos sofrendo as consequências por cometer erros que fizemos no passado e que foram extremamente custosos para o país. Eu não esperava na minha geração assistir ao retrocesso que vivemos partir de 2009, é a volta ao Brasil velho”, disse. “Assistimos há seis, sete anos, a uma série de medidas equivocadas que levaram a economia para onde ela está”, apontou.
Para o economista, o problema fiscal do Brasil se agravou nas últimas duas semanas, o que poderá ter consequências negativas para toda a população.
“O país tem um problema estrutural nas contas públicas, que é a trajetória crescente das despesas”, explicou. “O governo federal se endividou para auxiliar os Estados. E quem detém os títulos do governo federal? A sociedade. Na poupança, nos fundos de investimento, nos fundos de previdência”, ressaltou.
Marcos Lisboa destacou que, em vez de enfrentar os problemas da economia e tomar medidas adequadas, o governo federal procura “atalhos para minimizar seus impactos no curto prazo. O problema é que a médio prazo esses atalhos saem caro”.
O economista alertou ainda para o risco da de
gradação das contas da União afetar ainda mais a economia dos estados. “O governo federal apoiou essa degradação, deu aval a empréstimos, foi conivente com diversas mudanças de regras. Há, porém, alguns Estados onde os gestores públicos estão preocupados em fazer o correto, como Goiás, Espírito Santo e Mato Grosso, que estão enfrentando os problemas de frente”, avaliou. Goiás e Mato Grosso são governados pelo PSDB, com Marconi Perillo e Pedro Taques, e o Espírito Santo tem um vice-governador tucano, César Colnago.
O presidente do Insper também enfatizou que o aumento da incerteza leva ao crescimento dos índices de inflação e dos impostos. “Já perdemos o grau de investimento, mas vai piorar. O resultado é menos crescimento e geração de emprego”, lamentou. Ele completou dizendo que, mesmo que não se analise a questão ideológica, “é visão majoritária que este governo é de uma incompetência impressionante”.