“Governo não tem capacidade política nem convicção para fazer o país crescer”, diz o economista Mansueto Almeida

Acompanhe - 17/09/2015

Mansueto Almeida Foto George Gianni PSDBBrasília (DF) – Convidado pelo PSDB e pelo Instituto Teotônio Vilela (ITV) para participar do seminário “Caminhos do Brasil”, nesta quinta-feira (17/9) no Senado Federal, em Brasília, o economista e técnico de Planejamento e Pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), Mansueto Almeida, afirmou que o governo da presidente Dilma Rousseff “não tem capacidade política nem convicção para fazer o país crescer”.

Segundo ele, o Brasil necessita debater o ajuste fiscal com urgência. “O ajuste fiscal é um debate político: ou cortar despesas, ou aumentar receitas, e ninguém gosta disso. Mas é preciso criar um consenso político. Não será um ajuste a conta gotas que vai resolver o problema, como foi posto por esse governo até hoje”, disse.

O economista questionou também como o governo federal seria capaz de realizar o ajuste necessário se “tem extrema dificuldade de fechar dez ministérios, medo de colocar as pautas na mesa e discutir as questões com a sociedade civil”. Ele acredita que o tema deve ser debatido em conjunto, com os sindicatos, trabalhadores e a população em geral.

Gasto exagerado

Em sua fala, Mansueto Almeida fez uma contextualização histórica da situação econômica do Brasil. Ele lembrou que o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva assumiu o país “tendo por trás mais de uma década de reformas”. Em sua opinião, o mérito do petista foi “continuar a política do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso”.

Já a partir de 2007 houve uma mudança brusca, segundo Mansueto. “O PT resolveu testar a política econômica dele, muito baseada no intervencionismo. Começou a dar benesses que não eram possíveis comportar no orçamento, a não ser que o país crescesse 6% ou 7% ao ano”, afirmou. Para ele, o governo quis “abraçar o mundo com as pernas”, mas acabou “aumentando em dez vezes a dívida do Tesouro Nacional”.

O economista usou a saúde do país como exemplo. “No ano passado, o gasto de saúde cresceu 10% em relação a 2013. Se tivéssemos um governo bom gestor, eficiente, esse gasto estaria se transformando em uma revolução na saúde, na educação. Mas só o que se vê é um gasto muito grande”, considerou.

Recessão

Para Mansueto Almeida, dadas as atuais condições econômicas “o Brasil não tem como ter superávit primário nem nesse ano, nem no próximo, até 2018”. Isso porque um “ajuste fiscal feito de forma açodada significa aumento de carga tributária”. Ou seja, mesmo com o corte de 37% nos investimentos públicos, “para recuperar a economia seria necessário um esforço fiscal de R$ 200 bilhões, 3,6% do Produto Interno Bruto (PIB)”, disse.

O economista encerrou sua palestra afirmando que o Brasil está em estado de recessão, e que para contornar o problema é preciso que o governo discuta um ajuste estruturado e negociado, mais justo e mais eficiente. “Não tem outra saída. A grande esperança é que vocês, os políticos que nunca se furtaram ao debate, que participaram de conquistas como o Plano Real, possam fazer isso novamente”, completou.

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17/09/2015