O mundo celebra nesta quarta-feira (8) o Dia Internacional da Mulher, marcado em sua história por casos de luta, reivindicações e conquistas de direitos trabalhistas alcançados por ativistas que já buscavam igualdade entre gêneros em meados do século XVIII. Ao longo da história, muitas mulheres morreram pela causa feminista em busca de dignidade, melhores condições de vida e igualdade de direitos – mas a realidade está longe de ser igualitária entre homens e mulheres.
No Brasil, a luta feminina ganhou força com o movimento das sufragistas, nas décadas de 1920 e 1930, que conseguiram depois de muitos protestos o direito ao voto em 1932, na Constituição promulgada por Getúlio Vargas. Na década de 1970, a igualdade social entre homens e mulheres, a sexualidade e a saúde da mulher começaram a pautar as discussões da política nacional.
Somente em 1982 o feminismo passou a manter um diálogo importante com o Estado, com a criação do Conselho Estadual da Condição Feminina em São Paulo, e em 1985, com o aparecimento da primeira Delegacia Especializada da Mulher.
A vice-presidente do PSDB-Mulher, Lêda Tâmega Ribeiro (DF), comemora a data, mas reforça que apesar dos avanços, ainda há muito o que se fazer em prol das mulheres no Brasil.
“É uma luta muito difícil. Mas nosso avanço foi razoável, especialmente aqui no Brasil. Embora a nossa representatividade ainda seja muito baixa nas Câmaras legislativas, na política, nos postos de decisão, as mulheres têm se destacado em diversas áreas, como nas empresas, nas áreas de ciência e tecnologia entre outras”, disse.
A tucana afirma que a representatividade feminina nos cargos do Executivo ainda é muito baixa e que conseguir este espaço é um dos principais desafios do sexo feminino no poder. No entanto, Lêda destaca importantes nomes femininos no Judiciário como, por exemplo, a primeira mulher a ingressar no Supremo Tribunal Federal (STF), a instância máxima da Justiça brasileira, a ministra Ellen Gracie e a atual presidente da Corte, a ministra Carmen Lúcia.
“A ministra Carmen Lúcia vem se destacando por decisões muito importantes e firmes. Apesar de delicada fisicamente, ela é firme e sabe realmente tomar as decisões certas e importantes para o Brasil”, elogiou.
Cotas para as mulheres
A vice-presidente do PSDB-Mulher criticou a falta de espaço para o sexo feminino nas instâncias de decisão dos partidos políticos e a falta de apoio nas campanhas políticas para aquelas que conseguem concorrer a um cargo eletivo.
“Não gostaria que as cotas fossem necessárias para colocar as mulheres e outras minorias nos seus devidos lugares ou para dar oportunidade para estes segmentos, mas infelizmente precisamos lançar mão delas. Em outros países têm dado resultado, têm ajudado a dar o empurrão necessário para impulsionar todo o movimento feminista”, explicou.
Entretanto, para Lêda, a Lei de cotas para as mulheres precisa ser modificada porque na prática a porcentagens de mulheres candidatas ainda é muito baixa em comparação com os homens. “No Brasil, as cotas não têm funcionado na prática. É preciso modificar a norma para um resultado mais significativo’, disse.
Homens e machismo
Lêda acredita que o único caminho para reverter o quadro atual é a conscientização e a divulgação da temática para debate junto à sociedade. Para ela, “enquanto não houver a participação igualitária das mulheres na gestão pública, na gestão da sociedade a democracia não ficará na sua íntegra realizada”.
A participação dos homens no combate à desigualdade entre os gêneros foi mencionada pela vice-presidente como essencial na luta feminista. Lêda usou como exemplo a campanha da ONU He for She. O projeto convoca os homens do mundo a participarem ativamente do feminismo, para que deixe de ser uma luta apenas das mulheres contra a discriminação e a violência de gêneros.
“A participação dos homens tem sido mais clara no que se refere as lutas na igualdade entre os gêneros. O sexo masculino está começando a entender a importância desta participação e está se apresentando. Não tem mais lugar para o machismo inveterado na sociedade. No século XXI, a atitude machista, a discriminação odiosa prejudica o desenvolvimento, prejudica a democracia e principalmente paz social” concluiu.
Histórico
Organizações femininas de vários países da Europa e dos Estados Unidos protestaram durante décadas até conseguirem fixar e oficializar o Dia da Mulher, símbolo da luta pela igualdade entre homens e mulheres. O feminismo teve início com a chegada da mulher no mercado de trabalho durante a Revolução Industrial no século XVIII. Os primeiros movimentos de operárias protestavam contra as jornadas exaustivas de trabalho, que chegavam a 15 horas diárias, contra os salários medíocres e pelo fim do trabalho infantil, comum nas fábricas durante o período.
A luta trabalhista feminina continuou por vários anos durante os séculos XIX e XX e outras datas chegaram a ser celebradas como Dia Internacional da Mulher. A onda de protestos ficou ainda mais forte com a chegada Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e se espalhou pelo mundo todo. Em 8 de março de 1917, o protesto “Pão e Paz”, na Rússia, reuniu 90 mil mulheres que manifestaram contra o Czar Nicolau II, as más condições de trabalho, a fome e a participação russa na guerra. Foi a partir desta mobilização que o dia 8 de março se consagrou como o Dia Internacional da Mulher, apesar do documento oficial ter sido assinado apenas em 1921.
Entretanto, a Organização das Nações Unidas (ONU) demorou 20 anos para reconhecer os direitos das mulheres. Foi no ano de 1945 que a entidade assinou o primeiro acordo internacional que assegurava princípios de igualdade entre os gêneros. Na década de 1960, o movimento feminista ganhou mais adeptos. O ano de 1975 foi declarado oficialmente o Ano Internacional da Mulher e em 1977 o “8 de março” foi reconhecido oficialmente pela ONU.