O candidato à Presidência da República pela Coligação Muda Brasil, Aécio Neves, cumpriu, neste domingo (19/10), a promessa feita no primeiro turno das eleições: realizar uma campanha propositiva para “debater o presente e apontar caminhos para o futuro”. No debate da Rede Record, o candidato salientou a diferença entre a sua proposta e da adversária, a atual presidente da República Dilma Rousseff.
“Temos, sim, dois projetos para o país: um representado pela candidata oficial, que se contenta em comparar o presente com o passado, talvez sem ter muito a apresentar em relação ao futuro. E a nossa, que é a proposta do futuro desse país. Nossa proposta não se contenta em ver o Brasil crescendo menos que todos os seus vizinhos, a inflação voltando a atormentar a vida do trabalhador, e os nossos indicadores sociais piorando a cada ano. Sou candidato à Presidência da República para mudar de verdade o Brasil, não apenas no slogan”, afirmou Aécio.
Dirigindo-se aos espectadores e eleitores do todo o Brasil, Aécio agradeceu o privilégio que teve de visitar cada canto do país e observar em vários lugares o sentimento de mudança que brota no coração dos brasileiros. Ele assumiu o compromisso de conduzir as mudanças que o Brasil precisa viver com “altivez” e “responsabilidade”.
“Merecemos ter um governo que respeite o dinheiro público, que melhore os nossos indicadores sociais, que una o Brasil em torno de um grande e ousado projeto. Somos uma nação maravilhosa. Não podemos continuar a ter uma educação de tão baixa qualidade. Somos um país com potencialidades econômicas extraordinárias e não podemos ver a nossa indústria e os nossos empregos indo embora. Eu, portanto, assumo a responsabilidade de conduzir essas mudanças com altivez, com responsabilidade e com enorme amor ao Brasil.”
Sistema tributário
Uma das propostas de Aécio no setor econômico é a simplificação do sistema tributário para beneficiar os trabalhadores e as micro e pequenas empresas. Ele lembrou que o PSDB, durante o governo do ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso, foi o responsável pela criação do sistema de tributação Simples, primeiro passo dado rumo à universalização do acesso ao benefício. O programa foi, posteriormente, transformado no Supersimples.
“Uma das minhas prioridades absolutas, se vencer as eleições, se obtiver a honra de ter a maioria dos votos dos brasileiros, irei apresentar uma proposta logo no início do governo de simplificação do nosso sistema tributário para os micros, pequenos e também para o conjunto da economia. Temos um sistema tributário extremamente complexo e oneroso. O conjunto das empresas públicas brasileiras gasta, anualmente, mais de R$ 40 bilhões apenas para movimentar a máquina pagadora. Essa iniciativa do Simples, depois do Supersimples e do MEI [Micro Empreendedor Individual], permitiu que novos empregos fossem gerados no Brasil”, destacou.
Bancos públicos
Para Aécio, é possível fazer o Brasil voltar a crescer além do percentual “praticamente nulo” que o país terá neste ano, de 0,3%. O candidato afirmou que seu governo pretende resgatar a credibilidade da economia brasileira perante seus investidores e controlar a crescente inflação. Ele prometeu ainda fortalecer os bancos públicos, contradizendo o “terrorismo” eleitoral praticado pela campanha petista.
“No nosso governo, os bancos públicos serão fortalecidos. Eles são essenciais ao crescimento da economia, nos mais diversos setores, mas também aos avanços sociais. Posso garantir que eles não vão entrar na cota política, serão imunes a esse tipo de indicação. No nosso governo, não haverá senhores ‘Pizzolatto’ [referência a Henrique Pizzolato, ex-diretor do Banco do Brasil, condenado no escândalo do Mensalão petista] administrando o Brasil. Vamos profissionalizar os nossos bancos, prestigiar os funcionários de carreira, porque eles são absolutamente essenciais ao fortalecimento da economia e aos avanços sociais no Brasil”, salientou.
Direitos do trabalhador
Durante o debate, Aécio declarou-se “absolutamente fiel” à garantia dos direitos do trabalhador. Uma vez eleito, ele se comprometeu a promover o reajuste real do salário mínimo até 2019, proposta apresentada pelo PSDB e pelo partido Solidariedade, reajustar as tabelas do Imposto de Renda com base nos índices inflacionários e rever o Fator Previdenciário, tirando o ônus “das costas dos aposentados brasileiros de forma negociada e franca”.
O candidato explicou que durante o seu governo em Minas Gerais (2003-2010) teve um diálogo franco com as centrais sindicais, o que ajudou no desenvolvimento do Estado, que hoje tem a melhor educação fundamental do país e a melhor saúde da região Sudeste. “Fiz um governo que gostaria de fazer no Brasil: honrado, respeitando os direitos e permitindo que Minas fosse um dos Estados que mais crescesse em todo o período. O que nós precisamos é que toda a eficiência que teve Minas Gerais chegue ao governo federal”, reiterou.
Educação
Aécio definiu que, na educação, a qualificação das escolas do país é prioridade absoluta. O candidato propôs a criação da Nova Escola Brasileira, flexibilizando currículos, valorizando professores e estimulando os jovens a continuarem a estudar. Aécio cobrou ainda da presidente Dilma Rousseff uma promessa de campanha feita pela petista em 2010, a construção de seis mil creches. Ele destacou que em seu governo, todas as crianças de até quatro anos de idade terão uma vaga garantida na pré-escola.
“Eu me orgulho muito de ter levado Minas Gerais a ter hoje a melhor educação fundamental do Brasil, não sendo o mais rico e, tampouco, o mais homogêneo dos Estados brasileiros. Temos que, no ensino médio, flexibilizar os currículos, valorizando os professores, qualificando-os para que as crianças e os jovens estejam estimulados a ficarem nas escolas, a concluírem seus cursos. Foi isso que eu fiz em Minas, com o Poupança Jovem. Esse é o único caminho para eles se integrarem no processo de desenvolvimento do país”, detalhou.
Aécio afirmou também que as boas iniciativas, como o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) e o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), serão perpetuadas e aperfeiçoadas. “Vamos avançar. O Enem está aí, uma iniciativa hoje ampla e que precisa também ser melhorada, como tudo no atual governo, e é preciso que se reconheça isso. Infelizmente, em qualquer ranking internacional, a qualidade da educação do Brasil está nos últimos lugares. Nós vamos mudar isso”, disse.
Petrobras
O candidato criticou a má gestão do governo petista na maior empresa brasileira, a Petrobras. “A candidata [Dilma] diz hoje a todos os brasileiros que a Petrobras vai muito bem, obrigada. Pois eu quero dizer que ela vai muito mal. Ela perdeu, apenas no período de governo da candidata Dilma, cerca de metade do seu valor de mercado. Deixou as páginas econômicas para frequentar as páginas policiais. Perdeu credibilidade, e aquele trabalhador que investiu na Petrobras perdeu dinheiro”, avaliou.
Aécio se comprometeu a fazer com que a Petrobras “volte a ser o orgulho nacional que deixou de ser”. Para isso, seu governo vai profissionalizar a empresa, valorizando funcionários de carreira e promovendo uma gerência com “profissionalismo” e “eficiência”. Ele acrescentou também que os indícios de corrupção dentro da empresa devem ser investigados, e seus responsáveis punidos.
“A senhora [Dilma] disse que vai fazer agora, me perdoe, aquilo que deveria ter feito ao longo dos últimos doze anos. Que triste um país onde o presidente da República é quem determina quem seja investigado. Isso pode funcionar em algumas ditaduras amigas do seu governo, mas não no Brasil. Na verdade, quem investiga são as instituições”, pontuou.
Infraestrutura
Aécio lembrou ainda mais uma das marcas do governo petista, as “obras que nunca terminam”. “Infelizmente, os nordestinos não receberam ainda uma gota d’água da transposição que deveria ter ficado pronta há quatro anos. A Transnordestina está no meio do caminho, basta viajar pelo Brasil. O marco regulatório do setor ferroviário sequer foi aprovado. As hidrovias anunciadas estão todas paralisadas, no papel. A senhora [Dilma] anunciou ao Brasil o famoso trem-bala, já gastou cerca de R$ 2 bilhões do dinheiro com ele, e ninguém sabe aonde foi, nem para aonde vai. A grande verdade é que a maioria das obras anunciadas pelo seu governo está no meio do caminho, mas com algo muito mais grave, sobrepreços”, afirmou ele.
O candidato completou dizendo que, em seu governo, vai acabar com os gargalos da infraestrutura perpetuados em 12 anos de gestão petista.